Filosofia – Pensadores e Obras

Categoria: Fernandes, Sergio L de C

  • Em que consistiria, para qualquer coisa (organismos individuais da nossa espécie, robôs, etc.), ser ou não ser humana — “verdadeiramente” humana — pode parecer óbvio para todos nós, pelo menos em nossos estados de espírito menos reflexivos, mas basta pensar mais um pouco a respeito do assunto e a questão se revela enigmática. Na verdade,…

  • A noção de “metodologia é muito ambiciosa, pois a logia da palavra ‘metodologia’ sugere que se possa usar a lógica para conhecer o método. Ora, “método”, por sua vez, é o caminho para uma meta. De que maneira a lógica nos poderia ajudar a conhecer esse caminho? A implicação material parece ser a única relação…

  • Pretendo aqui retomar essa temática de Filosofia da Consciência, mas para radicalizar sua análise. “Análise”, num sentido aproximado daquela que é praticada pelos “filósofos analíticos”, só vale a pena quando questiona radicalmente a metafísica implícita no senso comum, justamente aquilo que os “analíticos” não costumam atacar, mas, ao contrário, pressupor, como se fosse “bom senso”…

  • Mas… por que seria o Ser “absolutamente transparente” ?! A noção de “transparência absoluta” lembraria ao leitor alguma coisa? Por “acaso” não seria sempre, necessariamente, aquilo “através do que” qualquer outra coisa, seja o que for (exceto, obviamente, a própria transparência absoluta), poderia ser a “outra coisa” que ela for, o ente que ela for,…

  • Agora, vamos ao que… “pensamos” que pensamos, no que diz respeito ao (novamente “pensamos” que pensamos) que somos “nós” : abstraindo pela segunda vez aquelas três características estranhas ao Ser (substância, essência e existência), entendo o Ser do humano como a transparência perfeita, mas na qual pode transparecer, ou pode ser compreendido aquilo que é…

  • Imediatamente, duas desqualificações: a “Existência” não é o dasein; tampouco é “O Nada”. A “Existência”, ou Não-Ser, não tem, de fato, “ser” algum, nem mesmo o “ser” que os fenomenólogos atribuem àquilo que é dado ao que chamam de “intencionalidade da consciência”. Fique o leitor, por enquanto, com o que está na Introdução: o Não-Ser…

  • Mas… sugerir que talvez o lugar da Ética seja o Inferno!? E, no entanto, afirmo que, se o Inferno for o seu lugar, então lá ela sempre esteve, o mal-intencionado título da Seção não se referindo a algo que “teria acontecido” à Ética, mas sim a um predicamento seu, inerente e inescapável. Contudo, seguindo meu…

  • A antiga noção de axios (valioso) foi chamada, no início do século passado, a compor, com a antiga noção de logos, a palavra “axiologia”, para designar, a exemplo da composição de logos com episteme (epistemologia), o estudo filosófico dos valores em geral, em substituição à Werttheorie, até então usada para valores econômicos. A essa altura,…

  • O “ser” de um ente, qualquer ente, não é jamais a sua Existência, ou seu estar fora do Ser ([…] é sua “essência” ou qualquer espécie de “substância”). O “ser” de um ente é sempre o próprio Ser enquanto Ser, cuja verdadeira natureza é revelada pela categoria de Consciência em si, não intencional. A extensão…

  • No primeiro Capítulo, desenvolvo uma Ontologia (antes de qualquer coisa, o Ser enquanto Ser, inclusive o Ser dos entes!); descrevo o que penso ser a estrutura do próprio Ser, e identifico uma das dimensões dessa estrutura, que chamo de Ser como Experiência (em si mesma), ao próprio Ser do Ser Humano. Dividi o Capítulo em…

  • […] teses de que uma “Ética Descritiva” é uma disciplina factual, científica (para não mencionar a falácia naturalista que, de uma maneira ou de outra, ela implicaria); que uma “Ética Normativa” é irremediavelmente aporética (para não falar da discutível tese clássica que vincula o Ser ao “Bem”); e que uma “Metaética”, no sentido contemporâneo, simplesmente…

  • O “espírito do tempo” inclui ainda a empáfia, na maioria dos casos nonchalante, ou simplesmente condescendente (na língua do Império, patronising), de uma variedade muito influente de contra ou antifilosofia, conhecida como “filosofia analítica”. A Filosofia Analítica se caracteriza, por um lado, por pressupor, acima da autoridade da Filosofia, a autoridade da Ciência “dura” (seja…

  • No século XX, aquilo que se costuma chamar de “morte” foi tomado como a solução, não só filosófica, para tudo que pareceu atrapalhar o “bom andamento” do que quer que fosse. Eliminou-se a Ontologia — exagero?! —, então eliminou-se da Ontologia não só o que parecia incompreensível (por carecer, por exemplo, de critério de identidade),…

  • Reduziu-se a Ética a uma “semântica de terceira classe”, ou segunda categoria, que se passou a chamar de “metaética”, neste caso, a “desconstrução” dessa tradicional disciplina filosófica deveria ter sido muito mais drástica — mais ainda que a de Nietzsche! (V. Capítulo 3, adiante) O que as tradições chamam de karuna, agape, charitas, etc. não…

  • […] Definitivamente: não podemos conhecer o valor dos métodos a partir do valor de seus resultados, assim como não podemos, por razões lógicas, conhecer o método a partir dos resultados pretendidos. Não podemos conhecer o caminho a partir da nossa representação do lugar a que desejamos ser conduzidos. Face a tudo isso, não me parece…

  • Essa doutrina que lhe proponho, caro amigo, da Consciência como o Ser do Ser, da Existência como o que está fora do Ser, resultado da Identificação ou Inconsciência, da Intemporalidade (Instantaneidade) da Aparência, da Temporalidade e Virtualidade de toda realidade, é apenas pensamento, ou seja, uma tosca articulação metafísica de uma visão de mundo. Parafraseando…

  • O que acabamos de ver é, então, que há pelo menos dois sentidos fundamentais de “desatenção”, ou de “inconsciência”. No primeiro sentido de “inconsciência”, aquilo de que somos inconscientes num determinado momento poderá tornar-se consciente no momento seguinte. O olho que vê tem uma determinada estrutura. Não podemos ver essa estrutura, no momento em que…

  • O que se opõe ao meu “pensar em x” é a impossibilidade de pensar este Pensador de x, no momento mesmo em que ele pensa em x. Este é o ponto de articulação entre consciência e inconsciência. Mas este pensamento, impossível neste momento, torna-se possível no momento seguinte. Pois suponhamos que agora penso em y,…

  • O sujeito que recua para fazer aparecer o mundo, inclui no mundo o que ele chama de “os outros”, e seus respectivos pontos de vista. O sujeito que recua para conhecer pode sempre conhecer mais e mais seu próprio ponto de vista, ou as estruturas que o determinam, assim como o ponto de vista dos…

  • Vejamos como, per absurdum, vem-se a imaginar uma Consciência como alienação de si mesma. Vamos usar nossas fórmulas “Não podemos ‘perder’ a consciência” e “Conheço x => Não sou x” para tentar compreender como emerge o erro, ou a Ilusão “irresistível” do Ego Transcendental. Não somos jamais aquilo que pensamos. Não somos jamais aquilo de…