Filosofia – Pensadores e Obras

Categoria: Barbuy, Heraldo

  • Sophia, sabedoria, se distingue de episteme, ciência. E distingue-se de doxa, opinião. De onde, o sentido mais radical da Filosofia, é o da Sabedoria, que se distingue do saber. A filosofia não é o conjunto das cousas que se sabem, não é uma synthèse scientifique (como se diria no século XIX), mas uma sabedoria da…

  • Segundo Aristóteles a Filosofia é a ciência do Ser enquanto ser, a ciência da substância, a ciência do universal, a ciência das ciências. A filosofia, segundo Aristóteles, não se confunde com nenhuma das ciências particulares, as quais recortam uma certa parte do ser e só se preocupam com os atributos dessa parte (Met. L. IV.…

  • Platão havia separado a Dialética de todos os outros conhecimentos, tomando a Filosofia como iluminação e inspiração; o filósofo, segundo Platão, é aquele cujas disposições inatas levam facilmente para a Ideia de cada ser; e a filosofia é o nome de um estado peculiar de entusiasmo e inspiração que faz intuir a essência transcendental das…

  • Variam as acepções da Filosofia e varia também o seu nome. Mas, como quer que a Filosofia seja tomada, ela não se confunde com nenhuma outra ciência, com nenhum outro campo de preocupações. O âmbito em que se move, se distingue, pela sua natureza, de todos os outros. A Philosophia pode ser tomada num sentido…

  • 12. A monotonia nasce da planificação científica do tempo, da insensibilidade para o ritmo e a duração. Ela explica a soturna resignação das massas urbanas, a passividade das filas uniformes, engendra o coletivismo e esclarece a [168] ruptura intermitente de violências irreprimíveis: a monotonia explica as guerras internacionais, como explosões inevitáveis; tal a necessidade incoercível…

  • 11. A perda da significação do ritmo se traduz ao olhar de qualquer observador por uma série de fenômenos, cuja evidência é inegável; as grandes cidades, onde desfilamos como expressões transitórias de massas anônimas — hóspedes passageiros de moradias coletivas — onde a confusão, o caos, a rotina, a resignação, a domesticação nos reduzem a…

  • 10. A causa mais importante do declínio do realismo, no início da chamada idade moderna e da sua posterior total substituição pelo criticismo não foi, como frequentemente assinalam os historiadores, o descrédito em que caiu a física de Aristóteles, depois das novas descobertas científicas, arrastando consigo também o descrédito da metafísica; diversamente, o que se…

  • 9. Por que, pois, dirá Nietzsche que não há mais horizontes ao redor? Talvez porque a terra não é mais o lugar em que se habita: habitar um lugar não é apenas estar nele; o habitar não é um ato físico, mas metafísico; o habitar um lugar supõe que haja possibilidade de habitar e supõe…

  • 8. A luta entre o heliocentrismo e o geocentrismo não se desenrolou no plano da física, mas no da Metafísica. Não foi por um progresso da ciência que se viu que a terra girava em torno do sol; foi pela morte da Metafísica que a terra deixou de ser a habitação do espírito humano convertendo-se…

  • 7. Nietzsche, no fim do século XIX, levantou o desesperado clamor de que a vida não tinha mais sentido porque Deus tinha morrido. A negação da realidade do mundo tinha conduzido à negação da realidade de Deus: E que sentido poderia ter o mundo sem Deus? Tudo quanto sempre se concebeu como ordem vital, ou…

  • 6. Se a ciência não trouxesse a marca da sua esterilidade, se tivesse de algum modo enriquecido o espírito humano, a miséria e a vulgaridade da vida não seriam tão fundas nesta época de apanágio científico. Se a oposição entre a ciência e a vida é tão grande, é porque a ciência constitui a negação…

  • 5. A tentativa de tudo explicar por meio de discursos racionais e métodos matemáticos parte da ignorância de que, se umas verdades foram expressas em mitos, outras em poesia, outras em música, isto se deve a que tais verdades não podiam [146] ser expressas absolutamente de outra maneira: ao contrário, o naturalismo científico, com sua…

  • 4. A negação do existencial nos idealismos derivados de Kant — em particular no de Hegel — criou a necessidade artificial de uma reconstrução do mundo pelo próprio homem, agora abandonado a si mesmo, mas tomado da consciência idealista de que a realidade decorre dele mesmo e será tal qual sua razão a construir e…

  • 3. Com a teoria do universal matemático, este novo método que deveria eliminar do campo da verdade tudo quanto é realidade, instaura-se uma separação definitiva entre a vida e a filosofia, pelo desaparecimento da Metafísica. Antes de Descartes [140], a palavra Metafísica não significava um universo de essências etéreas e relações abstratas; a metafísica significava…

  • 2. É fora de dúvida que o senso comum, sob a forma da consciência sensível ou moral, unida à inteligência produz o sentimento da personalidade. A crise do senso comum, isto é, o isolamento entre as elaborações da inteligência e o mundo da realidade representa uma dissociação da personalidade: nem por menos a loucura é…

  • 1. Poder-se-ia indiferentemente falar em crise do senso comum ou crise da intuição originária. O que se desejaria entender pela expressão “senso comum” não é outra cousa senão a intuição profunda da realidade concreta, uma faculdade que não é comum no sentido de que pertença necessariamente a todos e sim no sentido de ser distinta…

  • Todo panteísmo encerra, de fato, a mesma contradição interna do sistema platônico e da qual Platão, em diversas passagens se deu perfeitamente conta, a saber: De que modo pode a multiplicidade participar da unidade da Ideia? De que modo pode uma Ideia determinada, sem deixar de ser ela mesma, participar da unidade do verdadeiro ser,…

  • Intuir na realidade o que a realidade é, qual é a sua estrutura, o seu — ontos ón — é o mesmo que buscar o ser da realidade. Mas este ser, como se apresenta? Heráclito, afirmando a perpétua mudança, o fluir incessante de todas as cousas do mundo incerto e transitório, tinha negado os princípios…

  • Ora o ser pode afirmar-se de dois modos e negar-se de um modo. O ser pode afirmar-se univocamente. O ser pode afirmar-se analogicamente. E o ser pode negar-se equivocamente. O unívoco, o equívoco, o análogo, tais são os três aspectos debaixo de um ou outro dos quais podemos considerar o que é, do ponto de…

  • Quando começamos a perguntar o que é a realidade, começamos também a perguntar o que é. A primeira visão que se nos oferece neste mundo sujeito à mudança e à corrupção é constituída por um conjunto de qualidades, de fenômenos — (o que Heidegger recentemente denominava “mundo à mão”, zuhandene Welt); a primeira capa da…