traduzindo MacKenna
12. Mas se a Alma é sem pecado, como podem haver expiações? Aqui certamente há uma contradição; por um lado a Alma está acima de toda culpa; por outro, ouvimos de seu pecado, sua purificação, sua expiação; está condenada ao mundo inferior, passa de corpo em corpo.
Podemos qualquer visão a vontade: elas são facilmente reconciliáveis.
Quando falamos da Alma sem pecado, fazemos Alma e Alma-Essencial uma única coisa: é a simples Unidade indivisível.
Por Alma sujeita (…)
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castigo etc
poine / ποινή / pena / castigo / provação / sanción / sanciones
gr. poiné = pena, castigo. Sentido primeiro foi aquele de composição pecuniária, de resgate destinado a pagar um crime capital, depois geralmente de vingança, de expiação, de castigo, provação.
pecado e castigo
O pecado, enquanto hamartia = «errar o alvo», é um erro, equívoco, e assim sendo pode ser corrigido. Porém, enquanto recalcitrante traz consigo o castigo, ou seja, é uma auto-punição que se dá pelo afastamento, separação de Deus. Não é e não poderia ser algo infligido por um Deus, capaz unicamente de proporcionar a correção de um erro, de uma separação, afastamento ou esquecimento. O castigo de Prometeu exemplifica a permanência do castigo enquanto perdura o erro, a revolta do Titã.
Assim cabe entender as advertências dos Padres da Igreja, especialmente na Philokalia, que evocam a importância da oração, que possibilita a correção do erro, não pela súplica mas próprio ato de orar enquanto aproximação de Deus, e consequentemente a anulação do afastamento e da ilusória separação do Filho de Deus de seu Pai. Porém, há chance de desvirtuação por advertências que se fazem muito fortes, ao apelar para castigos horríveis em um Inferno, eterno, no sentido de sempre presente na mente do pecador, torturando-o e agoniando-o no erro de sua condição ilusória de separação de Deus.
Gregório do Sinai
33. Os castigos são tão diferentes quanto as recompensas dos bens. Estão no inferno, diz a Escritura, na terra obscura e sombria, na terra das trevas eternas, onde vão os pecadores. Eles aí permanecem antes do julgamento, e a sentença os reenvia aí. Que os pecadores retornem ao inferno, e que a morte os conduza a padecer, não é senão outra coisa que o Juízo Final e a condenação eterna?
34. O fogo, as trevas, o verme e o tártaro, é a autoindulgência geral, a universal ignorância das trevas, a excitação da luxúria em todos, o medo, o odor infecto do pecado. Antecipações e primícias dos castigos, agem desde agora nas almas dos pecadores, e são manifestos pelo estado destas almas.
35. Os estados aos quais conduzem as paixões são as antecipações dos castigos, como as energias das virtudes são as antecipações do Reino. Mas é preciso compreender e lembrar que os mandamentos são energias, e que as virtudes são estados. Da mesma maneira que é dito que os vícios são estados.
36. Os castigos são repartidos como as recompensas, mesmo se, para muitos, a partilha não pareça igual. A justiça divina dá com efeito a uns a vida eterna, a outros o castigo eterno. Uns e outros atravessaram bem ou mal o tempo presente. E eles serão retribuídos segundo suas obras. A quantidade e a qualidade da parte que recebem dependem do estado e da energia das paixões ou das virtudes.
37. As almas autoindulgentes são lagos de fogo. Nelas o odor das paixões, como um lamaçal nauseante, nutre o verme insaciável da desordem, a intemperança das concupiscências da carne, e a serpente, os sapos, os sanguessugas dos maus desejos, a maldição e o veneno dos pensamentos e dos demônios. Tal condição recebeu desde então as antecipações do castigo no além.
38. Como as primícias dos castigos estão ocultas nas almas dos pecadores, assim as antecipações dos bens agem pelo Espírito e são recebidas nos corações dos justos. Pois o Reino dos céus é o retorno que vem das virtudes, como o castigo é o estado das paixões. [137 sentenças diversas]
Frithjof Schuon
Lo que hemos dicho de las sanciones divinas y de su raíz en la naturaleza humana o en el estado de desequilibrio de ésta, se aplica igualmente, desde el punto de vista de las causas profundas, a las calamidades de este mundo y a la muerte: tanto ésta como aquéllas se explican por la necesidad de un efecto de rechazo después de una ruptura de equilibrio. La causa de la muerte es el desequilibrio que ha provocado nuestra caída y la pérdida del Paraíso, y las pruebas de la vida provienen, por vía de consecuencia, del desequilibrio de nuestra naturaleza personal; en el caso de las más graves sanciones de ultratumba, el desequilibrio está en nuestra esencia misma y llega hasta una inversión de nuestra deiformidad. El hombre «arde» porque no quiere ser lo que es -porque es libre de no querer serlo-; ahora bien, «toda casa dividida contra sí misma perecerá». De ello resulta que toda sanción divina es la inversión de una inversión; y como el pecado es inversión con relación al equilibiro primordial, se puede hablar de «ofensas» hechas a Dios, aunque no haya en ello, con toda evidencia, ningún sentido psicológico posible, a pesar del inevitable antropomorfismo de las concepciones exotéricas. El Corán describe, con la elocuencia ardiente que caracteriza a las últimas suras, la disolución final del mundo. Pues bien, todo esto se deja transponer al microcosmo, en el que la muerte aparece como el fin del mundo y un juicio, es decir, como una absorción del exterior por el interior en dirección al Centro. Cuando la cosmología hindú enseña que las almas de los difuntos van en primer lugar a la Luna, sugiere indirectamente, y al margen de otras analogías mucho más importantes, la experiencia de inconmensurable soledad -las «ansias de la muerte»- por la que pasa el alma al salir «a contrapelo» de la matriz protectora que era para ella el mundo terrestre; la luna material es como el símbolo del absoluto extrañamiento, de la soledad nocturna y sepulcral, del frío de eternidad; y este terrible aislamiento post mortem es el que marca el choque de rechazo en relación, no con determinados pecados, sino con la existencia formal. Nuestra existencia pura y simple es como una prefiguración todavía inocente -pero sin embargo generadora de miserias- de toda transgresión; al menos lo es en cuanto «salida» demiúrgico fuera del Principio, y no en cuanto «manifestación» positiva de éste. Si la Philosophia Perennis puede combinar la verdad del dualismo mazdeo-gnóstico con la del monismo semítico, los exoteristas, por su parte, están obligados a elegir entre una concepción metafísicamente adecuada, pero moralmente contradictoria, y una concepción moralmente satisfactoria, pero metafísicamente fragmentaria. [COMPREENDER O ISLÃ]