Berkeley (TPCH) – ideias gerais

12. Observando como as ideias vêm a ser gerais mais facilmente o entenderemos das palavras. Note-se que eu não nego em absoluto a existência de ideias gerais mas apenas a de ideias gerais abstratas; nos passos citados, quando se fala de ideias gerais, supõem-se sempre formadas por abstração, do modo indicado nos parágrafos 8 e 9. Ora, se quisermos atribuir sentido às nossas palavras e falar somente do que podemos conceber, concordaremos – creio eu – que uma ideia particular, quando considerada em si mesma, se toma geral quando representa todas as ideias particulares da mesma espécie. Suponhamos, para exemplificar, um geômetra que ensina a dividir uma linha em duas partes iguais. Traça, por exemplo, uma linha preta de uma polegada de comprimento; é uma linha particular; no entanto, pelo significado geral, representa todas as linhas possíveis; de modo que o demonstrado quanto a ela fica demonstrado para todas as linhas ou, por outras palavras, para a linha em geral. E assim como a linha particular fica geral por ser um símbolo, o nome “linha”, que em absoluto é particular, como símbolo fica sendo geral. E, como para o caso anterior a generalidade não provém de ser sinal de uma linha geral abstrata, mas de todas as linhas particulares possíveis, também no segundo deve pensar-se que a generalidade provém da mesma causa, isto é, das várias linhas particulares indiferentemente denotadas. (TPCH)