Barbuy: Progresso (7) – progressismo século XIX

7. Mas, o século XIX contemplou a história como progresso plasmador da sua própria grandeza: não fez história, mas autobiografia. O progresso da ciência físico-química e as descobertas técnicas estavam patentes aos olhos de todos, anunciando os poderosos instrumentos de ação e destruição dos tempos hodiernos. E já porque todo esse progresso nasceu do triunfo da civilização urbana sobre a religiosidade camponesa; e já porque a intuição camponesa dos valores vitais lhes infunde o sentido da criação, ao passo que nas cidades se forja a ideia dominante da fabricação; todas as grandes sínteses do progresso se fundaram na ideia do fabricado, do mecânico, do quantitativo, com a obliteração do sentido religioso e profundo do criado, do vital e do qualitativo. A ideia do progresso indefinido, oriunda das visões mecânicas e quantitativas do mundo e da vida pode ser posta em relação com a passagem spengleriana da cultura para a civilização, do campo para a cidade. A imagem física do mundo e da vida, com as noções dominantes da conservação da energia, do estático e do dinâmico, da massa e do movimento, forneceu uma tal explicação do valor e do sentido das cousas, que Bergson demonstrou ser a completa negação de tudo quanto é real e vivo. O movimento, que a razão matemática reduz à mobilidade; a crítica da explicação artificial dos objetos por partes exteriores a partes e da evolução pelos fragmentos do evoluído; a distinção irredutível entre o inerte e o vivo; a importância da intuição emocional e a contingência das leis da natureza; a autonomia e a espiritualidade da pessoa humana; tudo isto são temas do poderoso movimento crítico diante do qual ruíram as abusivas [114] pré-fabricações científicas do mundo e da vida. Mas a ideia do progresso indefinido penetrou tão profundamente a rotina da existência diária, que poderia parecer inacreditável que em longas épocas do suceder histórico, não só não existisse a ideia de um tal progresso, como também tal ideia teria parecido absurda. O mito do progresso indefinido, negando a essência do homem e a natureza humana; negando a criação do mundo por um Deus pessoal e distinto dele; negando os fins últimos para que as cousas foram criadas; negando as leis divinas e o seu reflexo que constitui as leis naturais, impressas na razão humana; negando em suma o histórico em nome do histórico e as instituições vitais em nome das leis científicas; todo esse mito do progresso apareceu como a vitória da revolução sobre a tradição e da ciência sobre a religião. Mas, até que ponto o progresso indefinido não passava de uma adulteração de velhas intuições religiosas e de uma inversão do testemunho bíblico, é o que se poderá considerar de modo sumário para encerrar estas poucas observações, dentre as muitas que se poderiam fazer sobre um tal assunto.

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