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Guénon Si-Mesmo e Eu
quarta-feira 27 de dezembro de 2023, por
René Guénon — O Homem e seu Devir segundo o Vedanta
CAPÍTULO II — DISTINÇÃO FUNDAMENTAL DO «SI MESMO» E DO «EU»
O Si ou Si mesmo, segundo o resumo de Jean-Pierre Laurant deste capítulo, é o princípio mesmo do Ser e o Eu permanece individual. Personalidade e individualidade estão em uma ordem hierárquica normal que se encontra nos escolásticos e que se caracteriza assim enquanto um Princípio que não pode ser invertido.
O Si é o princípio transcendente e permanente do qual o ser manifestado, o ser humano por exemplo não é senão uma modificação transitória.
O Si é portanto imutável em sua própria natureza, desenvolve somente as possibilidades indefinidas que comporta em si mesmo, passagem da potência ao ato através de uma indefinidade de graus.
Os desenvolvimentos são a princípio perfeitamente ilusórios se se os considera do lado do Princípio da manifestação universal; sob o nome de Atma ou Paramatma, o Princípio subentende todos os seres manifestados e não-manifestados; do ponto de vista da manifestação, é o centro da individualidade sob sua forma sutil ou corporal grosseira, e acima da individualidade, da manifestação informal.
A verdadeira universalidade do Vedanta escapou aos ocidentais limitados pelas categorias aristotélicas; a noção que dele mais se aproxima é aquela dos «Transcendentais» escolásticos que são coextensivos ao Ser mas não vão além.
A Escolástica permanece aos nível de Ishwara e ignora o Supremo Brahma. A continuidade tornou-se possível pela adaptação da doutrina do Vedanta à hierarquia dos estados de existência. A descrição de Guénon parece ser o contrário de nosso pensamento fundamentado nas categorias de Aristóteles.
Pode-se perguntar no entanto se Guénon não ficou impregnado desta mesma condição que critica: a ideia de uma manifestação sutil parece pertencer mais ao pensamento gnóstico que ao da Índia.
A origem das almas no domínio sutil é objeto de elaborações na «Via Perfeita» de Anna_Kingsford, obra que inspirou a Maria_de_Mariategui responsável pela criação da Igreja gnóstica de Jules_Doinel.
A princípio os Darshanas não foram apresentados por Guénon como vias separadas de realização mas hierarquizadas à maneira do pensamento filosófico ocidental.