ECLI
Põe em tudo tanta paixão que o menor gesto seja uma revelação integral de ti mesmo. Fala como um condenado à morte; que cada palavra traga a marca do definitivo, de uma tensão última. Não se esqueças de multiplicar tuas vibrações interiores até o limite, até o absurdo. Como um condenado à morte, que tua alma se dissolva e se precipite em uma angústia extática, em um estremecimento de terror que chegue até o gozo. Esteja em todo momento no limite de teu ser; e, nos instantes em que não tenhas podido chegar a esse limite, pensa na compensação dos momentos que viveste além desse limite, além das barreiras da individuação; quando tomado por uma exaltada fúria interior chegaste a tais alturas e tais abismos que teu ser já não voltou a estar presente apenas como ser, mas também como tudo o que já não é ele. A vida só é vivida com intensidade quando sentes que teu ser individual não pode mais suportar uma riqueza tão grande de experiências. Viver no limite do ser significa deslocar teu centro para o arbitrário e para o infinito. Aí começa a existência a tornar-se uma aventura arriscada durante a qual podes morrer em qualquer momento, e aí começa a causar-te dor o salto para o infinito. Não há um salto para o infinito sem que se rompam as barreiras da individuação, quando sentes que és muito pouco em comparação com o que vives. Pois ao homem é dado viver às vezes mais do que pode suportar. E não há homens que vivem com o sentimento de que já não podem viver?