Tag: Poema de Parmênides
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58. Parmênides percorre o caminho do Sol, no próprio carro do deus (daímonos — ver v. 3 — podia referir-se à deusa-reveladora, mas esta ainda vem longe). É uma interpretação que esclarece o sentido, e se esclarece pelo sentido de algumas passagens do «Proêmio»: o caminho «celebrado» do sol passa «por (sobre) todas as cidades»…
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57. Em primeiro lugar, falemos acerca das interpretações que não se acham necessariamente apoiadas na leitura do texto, a) A viagem de Parmênides é única, e não reiterada: o optativo ikánoi («alcance»), última palavra do primeiro verso, não é obrigatoriamente um interactivo, b) Nem o é para baixo, para o interior da terra, nem para…
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56. O Ser, conceba-se como unidade dos contrários, ou como paradigma do continuum do mundo sensível, que não deixa lugar para o nada, tinha, pois, de ser revelado. O «Proêmio» relata as circunstâncias da revelação; e o que mais desperta o nosso interesse é o facto de nele reencontrarmos a maior e melhor parte da…
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(DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 98-99) 55. Por conseguinte, não é irrefutável a tese, segundo a qual a «Opinião dos Mortais» seria apenas um artifício dialéctico, e torna-se bastante verosímil que ela se situe no prolongamento da «Via da Verdade», como a verdade do…
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54. Com excepção das linhas grifadas (em itálico), que correspondem aos vv. 53-54, as quatro versões concordam tanto quanto possível, atendendo à estrutura própria de cada idioma e ao gosto literário dos tradutores. Também é certo que aí o original grego explicita o próprio sentido, sem ambiguidades. Mas, chegando aos versos assinalados, o leitor desprevenido…
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52. A terceira parte do poema de Parmênides não é, pois, artifício dialéctico, como a primeira não é artifício literário. A «Opinião dos Mortais» está intimamente ligada à «Via da Verdade» pela ideia de que o Ser só pode aparecer (ou «parecer a») com um mínimo de diferenciação. A correlação entre perceptibilidade, do lado do…
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(DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 95-97) 53. A charneira da «Via da Verdade» e da «Opinião dos Mortais» encontra-se nos últimos versos do frg. 8. Aqui, mais do que em qualquer outra passagem, exuberantemente se confirma a verdade do que afirmávamos acima: qualquer tradução…
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(DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 93-94) 51. A «Doxa» é a parte mais fragmentária do poema de Parmênides, o que parece dar razão aos intérpretes que formularam a hipótese de que essa última parte não passaria de um arranjo, mais ou menos hábil, das…
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9. Porém, como todas as coisas de Luz e de Noite denominadas foram, e conforme suas virtudes os nomes receberam, repleto ficou o Todo de Luz e Noite sem Luz, das duas igualmente, pois nenhuma das duas participa de Nada. 10. «Conhecerás a natureza do Éter e os signos (que estão) no Éter, e do…
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2. «Pois bem; vou dizer — e tu acolhe as minhas palavras depois de as escutar — quais são os caminhos da inquirição, os únicos pensáveis. Um caminho: ‘que é’ e não é possível não ser. Esta é a via da persuasão (e a persuasão acompanha a verdade). Outro caminho: ‘que não é’ e necessariamente…
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1. As éguas que me tiram tão longe quanto o desejo alcance, escoltavam-me, guiando elas, quando me enviaramc | puseram na via no celebrado caminho da divindade | o caminho que a divindade percorre, | que por (sobre) todas as cidades conduz o homem vidente (sapiente). Por ele me conduziam, por ele me levaram os…
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Khre to legein te noein teon emmenai. Tra-duz-se geralmente: «É preciso dizer e pensar que o Ser existe sempre» (Zafiropulo) ou, «Deve necessariamente ser, o que pode ser pensado e de que se pode falar» ou «É necessário que uma expressão e um pensamento sejam» (Frankel). É difícil fazer uma escolha entre estas traduções, que,…