LIBERTAÇÃO DO SOFRIMENTO Excertos de Sergio L. de C. Fernandes, "Filosofia e Consciência"
Mas, então, o que é que o Sábio ensina? Aqui estão três das Quatro Nobres Verdades (Ariya-Sacca): uma delas, sobre o que há de ser abandonado — o que origina (nidana) o sofrimento (dukkha), ou seja, o que origina o Encadeamento da Originação Dependente (Paticca samuppada); outra, sobre o que há de ser realizado — a extinção do sofrimento (nibbana, esfriamento pelo sopro); e outra, sobre o Caminho (…)
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Sergio L. C. Fernandes
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Fernandes: Libertação do Sofrimento
1º de janeiro, por Cardoso de Castro -
Fernandes (SH:51-52) – Ser “absolutamente transparente”
16 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroProponho que o ser de um ente seja uma interface—justamente a interface entre Ser e Não-Ser que faz de um ente, por um lado, um ser determinado, reidentificável, e, por outro lado, um indivíduo, único, irrepetível (não “identificável” a outro), independente de espaço ou tempo, e incomparável (não meramente “diferente”). Ora, aquilo que está “deste último lado”, o lado do indivíduo, é “absoluto”, não “subjaz”, não “dura”, não “permanece idêntico a si mesmo” [sic], “ao longo do tempo e do (…)
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Fernandes (SH:50) – a existência = o não-ser
14 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroImediatamente, duas desqualificações: a “Existência” não é o dasein; tampouco é “O Nada”. A “Existência”, ou Não-Ser, não tem, de fato, “ser” algum, nem mesmo o “ser” que os fenomenólogos atribuem àquilo que é dado ao que chamam de “intencionalidade da consciência”. Fique o leitor, por enquanto, com o que está na Introdução: o Não-Ser é o que não é o Ser, é o “contraste”, embora necessário, para que haja verdadeira Experiência. E acrescente-lhe algo bastante intuitivo: não se injetam (…)
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Fernandes (SH:283-286) – Falácia Axiológica
14 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroChamo "falácia axiológica" a derivação da tese de que o "valer" e os "valores" teriam alguma espécie de "ser", seriam simulacros passíveis de compreensão, "entes", embora jamais por excelência(!), dotados de algum estatuto ontológico positivo, seja de que tipo for (em minha terminologia, a tese de que poderiam integrar a Experiência), tese comumente derivada a partir do pressuposto (não nos meus termos, obviamente) de que a Mente, o Pensamento e a Linguagem projetam fora do Ser, na (…)
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Fernandes Problema Mal
29 de março de 2022, por Cardoso de CastroO PROBLEMA DO MAL Uma de minhas teses, talvez a principal, é a de que o personagem conceptual chamado "O Problema do Mal", longe de poder ser adequadamente tratado por uma suposta disciplina filosófica chamada "Ética" (ou por uma Teologia - Teologia Dogmática, e menos ainda por uma Teodiceia), só poderá ser compreendido após a revisão completa do ontologia - estatuto ontológico da problemática daquilo que precisamente se vem chamando de "Ética", e que inclui, por exemplo, o problema da (…)
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Fernandes (SH:286-293) – ser - bem - valor
17 de março de 2022, por Cardoso de CastroA antiga noção de axios (valioso) foi chamada, no início do século passado, a compor, com a antiga noção de logos, a palavra “axiologia”, para designar, a exemplo da composição de logos com episteme (epistemologia), o estudo filosófico dos valores em geral, em substituição à Werttheorie, até então usada para valores econômicos. A essa altura, seria excusado dizer que teria sido melhor havermos ficado só com a noção “econômica”, utilitária, de valor. Esses valores correspondem a algo que tem (…)
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Fernandes (SH:20-21) – filosofia analítica
17 de março de 2022, por Cardoso de CastroO “espírito do tempo” inclui ainda a empáfia, na maioria dos casos nonchalante, ou simplesmente condescendente (na língua do Império, patronising), de uma variedade muito influente de contra ou antifilosofia, conhecida como “filosofia analítica”. A Filosofia Analítica se caracteriza, por um lado, por pressupor, acima da autoridade da Filosofia, a autoridade da Ciência “dura” (seja a Lógica e a Matemática, seja a Física e a Biologia); e, por outro lado, por pressupor a autoridade do senso (…)
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Fernandes (FC:20-21) – todo ponto de vista é um ponto cego
9 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroA atividade filosófica pode ser chamada de “investigação”, mas distingue-se da investigação científica. Esta, pelo interesse em manipular, ou dominar, é sempre dirigida, pela urgência do desejo, à parcialidade das explicações. Pois é impossível explicar alguma coisa em sua totalidade: só há explicações parciais. E parcialidade gera conflito. De fato, a ciência conhece pela destruição do seu objeto. Já filosofar seria compreender sem nada destruir. Seria por em cheque toda astúcia — até a do (…)
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Fernandes (FC:145-149) – compreensão e explicação
9 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroA Filosofia é a investigação do Ser enquanto Ser. Essa investigação não é “metódica”, pois todo método pressupõe o que deve ser investigado: o “eu” que aspira, e o tempo de “tornar-se outra coisa”. [145] (Fosse “metódica”, a Filosofia seria uma “ciência” a mais, embora sua classificação devesse permanecer irremediavelmente ambígua.) A investigação filosófica tem, portanto, uma dimensão atemporal. Neste Capítulo, pretendo mostrar-lhe, caro amigo desconhecido, que essa dimensão corresponde à (…)
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Fernandes (FC:247-249) – erro do empirismo
9 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroPode-se caracterizar o empirismo como a doutrina filosófica que identifica o “sujeito” empírico com o transcendental. Mas essa caracterização, além de admitir um dúbio “sujeito transcendental”, não vai à raiz do empirismo. O Erro Empirista, a meu ver, é a identificação — absurda — entre Realidade e Aparência, na sua concepção de “experiência consciente”. Neste sentido, o Erro Empirista é uma variante do Erro de Descartes, pois identifica o psicológico — “certeza” etc. — com o epistemológico (…)