Ciência e Técnica

O hipertexto é a técnica que eleva o texto a algo além do que ele se apresenta. Por sua aplicação é de se supor que teríamos alcançado algo “maior” que o próprio texto. O texto, por sua vez, é a forma escrita de um discurso. E este a forma dada pela linguagem ao pensar.
Colocadas estas noções, as questões que se colocam são:
Questão I - elevando o texto a algo superior a si mesmo, estamos também promovendo alguma transformação no pensar original de seu autor, que através da linguagem, (...)

Erosão do "eu"
Autor e leitor se combinam em uma simbiose que se dá sobre o texto criado e em criação perpétua.
O leitor pode percorrer diferentes caminhos de leitura a partir da rede de hyperlinks cuja apreensão do texto determina como que diferentes narrativas sobre uma mesma escrita. O contexto virtual que originalmente cercou o texto de sentido pode ser através do contexto mais amplo da Internet ampliado indefinidamente.
A autoridade e a autonomia do texto, é posta à prova pelo (...)

Lévy - As Tecnologias da Inteligência
^"As mudanças estão ocorrendo em toda parte, ao redor de nós, mas também em nosso interior..."^
^"Um dos principais agentes de transformação das sociedades atuais é a técnica...Dentre a grande quantidade de técnicas existentes, Lévy decidiu privilegiar, nesta análise, as técnicas de transmissão e de tratamento das mensagens, uma vez que são as que transformaram os ritmos e modalidades da comunicação de forma mais direta, contribuindo para redefinir (...)

George P. Landow. Hypertext: the convergence of contemporary critical theory and technology. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1992
Em S/Z, Roland Barthes descreve uma textualidade ideal que se assemelha ao hipertexto: um texto composto de blocos de palavras (ou imagens) ligados por múltiplos caminhos, cadeias ou trilhas numa textualidade aberta, perpetuamente ilimitada descrita pelos termos link, nó, rede, web e caminho; "neste texto ideal, as redes são múltiplas e interagem (...)

CALAIS, Étienne, BOURDIL, Pierre-Yves, MÉHEUT, Martine, ZARADER, Jean-Pierre. De la méthode. Paris: Edition Marketing, 1992
CHENIQUE, François. Eléments de logique classique. Paris: L’Harmattan, 2006
Esta é uma questão fundamental para a desconstrução de discursos textuais e sua reconstrução em discursos hipertextuais. Trata-se aqui dos "nós", dos "polos", que vão compor a rede hipertextual que vai "bordar" sobre o texto, enquanto textura, trama. A pretensão é que o texto assim (...)

T. Nelson - O que é o Xanadu?
"Nós precisamos de um meio para as pessoas estocarem a informação não em arquivos individuais, mas como literatura conectada. Tem que ser possível criar, acessar e manipular esta literatura de formato rico e informação conectada de forma barata, confiável e segura de qualquer lugar do mundo. Os documentos devem estar acessíveis indefinidamente, salvo de qualquer tipo de perda, danificação, modificação, censura ou remoção, exceto pelo autor. Deve ser (...)

HYPERLOGOS
Cunhar um novo termo é algo dramático, no sentido de responder a uma necessidade, emergente em toda aplicação de novas tecnologias aos atos e fatos humanos, e, ao mesmo tempo, se confrontar com a incerteza de se ter apreendido o justo sentido vigente na transformação destes atos e fatos pela técnica.
Hyper-Logos é a composição de dois termos cujos significados guardam um peso e tanto na formação cultural da sociedade ocidental. Ambos de origem grega, tiveram uma história (...)

A escrita e posteriormente a impressão revolucionaram a memória humana, a conquista do espaço-tempo humano e o compartilhamento de registros entre indivíduos em distintos lugares e épocas. A impressão adicionou ainda a possibilidade de se multiplicar indefinidamente estes registros, dispersnado cópias por toda parte. Elizabeth Eisenstein, Marshall McLuhan, William Ivins e J. David Bolter são alguns dos estudiosos da história dos dos efeitos culturais da impressão. Bush e Nelson alarmados (...)

Vannevar Bush e o Memex. O conceito de hypertexto é sempre referenciado ao trabalho pioneiro de Vannevar Bush que em 1945 propunha uma máquina para consulta a informações interligadas. Diante da crescente explosão de informações Bush inventou uma máquina para auxiliar a recuperação de informações em meio a "montanha de pesquisa" armazenada; para ele tudo seria uma "questão de seleção" em meio a formas inadequadas de armazenamento, organização e marcação de informações. Bush inventa uma (...)

Fora considerações técnicas de toda espécie, não se encontra uma aproximação sistemática, um caminho que possa conduzir o processo de desconstrução de textos escritos na forma clássica, linear, de argumentação, e sua reconstrução na forma de hipertextos.
Este ensaio metodológico parte de um aspecto da maior relevância para consecução deste processo: a leitura do texto. Sem a leitura do texto original, guiada segundo uma abordagem definida, não é possível iniciar o processo de (...)