Extrait de « Hermétisme et Mystique païene »
Tat ayant demandé à Hermès, dans le traité XIII, si ce nouveau corps composé des Puissances subit un jour la dissolution, le maître répond: «Veille à ton langage, ne dis pas des choses impossibles, car ce serait un péché ... Ne sais-tu pas que tu es né dieu et fils de l’Un, ce que je suis moi aussi ?» (XIII 14). Une fois qu’il a été divinisé ici-bas, grâce au progrès de la vie spirituelle d’une part, et d’autre part en conséquence de cette transformation soudaine (...)
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Hermetismo
No primeiro dos quatro grandes volumes em que o Rev. P.e Festugière publicou La Révélation d’Hermes Trismégiste [Vol. I, 1944 (2.a ed. 1950); vol. IV, 1954], e nas páginas que dedica a «Hermetismo e Alquimia » [Vol. I, pp. 217-282], o notável estudioso da Antiguidade surpreende as origens gregas da ciência que, dizem, ocupava o lugar que veio a ser o da química, depois do século XVIII. O sábio dominicano translada os documentos, no original ou em tradução, com os mais valiosos subsídios para esclarecimento de inúmeras dificuldades, e sobre a interpretação desenha um escorço histórico do qual o nítido contorno das linhas ainda é a menor das qualidades que o distinguem entre os melhores trabalhos científicos do nosso tempo.
A alquimia nasceu no Ocidente, em época helenística. Foi primeiro uma arte, em seguida uma filosofia, por fim uma religião; a arte das tinturas, nos templos do Egito faraônico, filosofia das transmutações nas escolas dos filósofos alexandrinos, religião agnóstica ou hermética nas seitas de religiões sincretistas que submergiram o mundo greco-romano, nos últimos séculos da Antiguidade. No segundo estágio deste desenvolvimento, reconhecemos nos textos «um dos grandes princípios da filosofia grega: a unidade da matéria-prima e a explicação de toda a mudança , com passagem de uma qualidade a outra, sendo as duas qualidades extremas (no princípio e no fim da evolução) e todas as intermediárias igualmente suportadas pelo mesmo substrato material, o hypokeimenon. Esta doutrina parece constante, desde os pré-socráticos até ao Estagirita» [Op. cit., p. 234]. Não admira, portanto, que nos tradicionais alistamentos dos grandes alquimistas se inscrevam de início, ora o nome de Hermes, ora os de Platão e Aristóteles. A «técnica» das tinturas não passaria à «ciência» das mutações sem adotar os princípios de todo o humano saber. Mas quando abordamos os escritos de Zósimo, «temos a impressão de haver entrado num santuário, de aceder a uma religião esotérica, repleta de símbolos de reconhecimento, de crenças fantásticas, de ritos estranhos. Os segredos da alquimia são revelados no decurso de visões [...] As operações alquímicas são uma espécie de sacrifícios, de cerimônias de mistérios que não se celebram senão após iniciação. Estes ritos, por sua vez, fundam-se em uma doutrina e exigem preparação espiritual. A doutrina, em particular, o mito do ‘Homem Primeiro’, o Anthropos, emana certamente de meios agnósticos e lembra as doutrinas do ‘Corpus Hermeticum’» [p. 260]. E para terminar: «a alquimia é um caminho de vida, que supõe um trabalho interior de perfeição. O hermetismo ocultista e o hermetismo filosófico, artes separados, acabaram por celebrar uma aliança. Doravante, pelo menos entre os árabes, ela jamais sofrerá rotura» [p. 282]. [DE SOUSA, Eudoro. Dioniso em Creta e Outros Ensaios. Lisboa: INCM, 2004, p. 191-192]
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