BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 53-71. (1a ed., São Paulo: Liv. Martins Editora, 1950)
Todo panteísmo encerra, de fato, a mesma contradição interna do sistema platônico e da qual Platão, em diversas passagens se deu perfeitamente conta, a saber: De que modo pode a multiplicidade participar da unidade da Ideia? De que modo pode uma Ideia determinada, sem deixar de ser ela mesma, participar da unidade do verdadeiro ser, vere ens? — Pois, como (...)
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LusoSofia
Tomando por empréstimo o título de um site português admirável, reunimos aqui algo do pensamento filosófico em língua portuguesa.
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Barbuy: ser unívoco e ser análogo II
3 de setembro, por Cardoso de Castro -
Ferreira da Silva (TM:227-230) — apocalipse
30 de agosto, por Cardoso de CastroPor mais ameaçada que esteja a relação do homem com o fundamento das coisas, nestas épocas de confusão, parece-nos que não pode ser rompida a conexão ontológica com a plenitude do ser.
Podemos traçar certas analogias entre essa estrutura da tragédia e a que se refere ao desenvolvimento histórico de um povo que se encaminha para o seu fim. Os fenômenos apocalípticos do fim de uma cultura são precedidos por uma metábase e pelo reconhecimento da existência de forças bárbaras e destruidoras no seio do corpo (...) -
Beneval de Oliveira: Tradicionalismo e Ideologia
8 de agosto, por Cardoso de CastroA Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983
A rigor, o tradicionalismo constitui uma corrente de pensamento antiliberal, de caráter autoritário, que menosprezava a razão como fonte de conhecimento, que rejeitava o racionalismo puro da filosofia moderna para se dirigir no sentido da salvaguarda ou da redescoberta das verdades tradicionais consagradas pela sociedade.
A temática posta em evidência pelo tradicionalismo consistia na exaltação das ideias de Deus e da alma, nas (...) -
Eudoro de Sousa (HC:95-98) – Poema de Parmênides - Fragmento 8
7 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroDE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 95-98
53. A charneira da «Via da Verdade» e da «Opinião dos Mortais» encontra-se nos últimos versos do frg. 8. Aqui, mais do que em qualquer outra passagem, exuberantemente se confirma a verdade do que afirmávamos acima (§ 50): qualquer tradução pressupõe resolvido um problema, cuja solução, naturalmente, o tradutor-intérprete procura no momento de abeirar-se do texto original. Mas, na verdade, o que (...) -
Eudoro de Sousa (HC:93-95) – Parmênides - doxa e aletheia
7 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 93-94]
Opinião dos Mortais
51. A «Doxa» é a parte mais fragmentária do poema de Parmênides, o que parece dar razão aos intérpretes que formularam a hipótese de que essa última parte não passaria de um arranjo, mais ou menos hábil, das «opiniões físicas» dos antecessores do filósofo-poeta. Mas depois de Reinhardt (1916, 1959) e sob sua direta ou indireta influência, grande número de estudiosos bem (...) -
Buzzi (IP:111-115) – Filosofia
19 de setembro de 2022, por Cardoso de CastroFilosofar é contemplar: é colocar-se com empenho no espaço, no templo da representação ou ação e aí permanecer, no sustine artesanal, à escuta: em tempo oportuno (tempestas) o sentido do tempo fará sua patência no pensar e a ação recobra nessa patência significativa seu vigor de continuidade e sua justiça.
Só é possível conhecer a realidade, isto é, torná-la presente intelectivamente, submergindo nela, deixando que ela fale, que ela se faça presença no âmbito do pensar. Conhecer é o ato do pensamento que (...) -
Ferreira da Silva (TM:238-239) — as relações inter-humanas
30 de março de 2022A Sociologia do Conhecimento, enquanto estuda as relações entre o conhecimento que temos dos outros e as particulares condições sociais e culturais, já havia pressentido o problema da relatividade do noso ser-com-o-outro. A forma segundo a qual apreendemos e vivemos a realidade do outro e, concomitantemente, [238] os comportamentos decorrentes dessa particular apreensão variam extremamente através do tempo. Basta citar como exemplo o fenômeno das relações de parentesco e dos laços familiares que (...)
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Eudoro de Sousa (HC:205-206) – Divindade
25 de março de 2022[...] fenomenológica e historicamente, a presença da religiosidade, monoteística ou politeística, impõe-se à nossa atenção, mesmo que, por vezes, só como a das águas sussurrantes de uma torrente subterrânea. E nossa convicção, até agora inabalável, que, seja ela o que for, dela emerge originalmente tudo o que se possa dar por testemunho da ciência e da consciência que temos de nós e do mundo, e de suas relações mútuas. Temos de admitir, também que se trata da forma mais proeminentemente dramática do quer que (...)
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Eudoro (SMM) – Mundo Mitológico
25 de março de 2022Na Grécia, assim poderia ter sucedido: uma religião, cuja essência própria implicava - em conformidade, evidentemente, com o que a história nos expõe - a qual, como mitologia emergente de uma religião que por natureza sua, havia de ceder o lugar a uma filosofia, já era, ela mesma, filosofia. Não, porém, ou não ainda, a filosofia que a religião viria a ser no ponto que se reputa como o mais alto da sua história. A filosofia que, a seu modo, a mitologia grega já é, não se exprime senão através dos mitos (...)
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Buzzi (IP:7) – sophon
24 de março de 2022Excertos de Arcângelo Buzzi, Introdução ao Pensar, 1976, p. 7
Onde está a sabedoria para que o filósofo crie com ela esses laços de correspondência, de harmonia e amor? A sabedoria é o todo, é a realidade, são os entes em sua totalidade. Podemos traduzir sóphon como o todo dos entes. O todo dos entes, porém, é cheio de pensamento; daí sóphon também significar sabedoria.
Quando o filósofo está no todo como quem sabe ler a harmonia nele inserida, como quem sabe corresponder à unidade dos entes, possui a (...)