Só resta falar de um caminho da inquirição: ’o que é’. Neste há muitos sinais de que ’o que é’ não foi gerado nem há-de perecer, pois aí está como um todo, único, inabalável, completo. Nunca ele foi nem será, porque é agora todo ele, um só, contínuo. Pois que origem querias que ele houvesse tido? Como, donde teria ele crescido? [tr. Eudoro de Sousa]
EUDORO DE SOUSA
8. «Só resta falar de um caminho da inquirição: ’o que é’. Neste há muitos sinais de que ’o que é’ não foi gerado nem há-de perecer, pois aí está (...)
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Eudoro de Sousa
EUDORO DE SOUSA (1911-1987)
Filósofo e filólogo português que deixou Portugal nos anos 1950, dedicando o resto de sua vida a uma fecunda atividade docente e filosófica no Brasil.
SOUSA, Eudoro de. Horizonte e Complementariedade. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2002; Mitologia - História e Mito . Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2004. [EudoroHC]
DE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004 [EudoroMito]
Matérias
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Parmênides – Poema - Fragmento 8
7 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro -
Eudoro de Sousa: Doxografia do Primeiro Princípio
24 de março de 2022Mas, com olhos desatentos a esse esquema (v. Pensadores Pré-Socráticos), bem poderia surgir uma dúvida fatal à interpretação doxográfica: bastaria perguntar, com afincado interesse em obter uma resposta satisfatória, se o problema mais importante para a escola de Mileto de algum modo se identifica com o de Aristóteles. Este, ao que mais provável parece, seria o do movimento, nas várias acepções que a palavra assume em toda a obra do Estagirita. A resposta certa a semelhante pergunta decide uma (...)
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Eudoro de Sousa (MHM:344-347) – Grécia
2 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroDE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004, p. 344-347
Da Grécia, que é o privilegiado «lugar» em que historicamente se defrontam, pela primeira vez, a presença do presente e a presença do passado, há uma história tão densa e extensa, que o acontecido, então, houve que reparti-lo pelas suas projeções num sistema de coordenadas, cujos planos funcionais são constituídos por todas as disciplinas em que se repartem as nossas ciências humanas e por algumas daquelas que (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:184-188) – mitologia grega e physiomythia
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 184-188]
A Física (que certamente começou além dela, numa metafísica com traços semelhantes aos de determinados mitos teocosmogónicos) é a primeira filosofia que a religião grega veio a ser. Por conseguinte, a mitologia grega é a mitologia emergente de uma religião, a cuja essência pertence o vir a ser, em primeiro lugar, uma física (ou melhor: uma physiomythia), i. é, certa imagem da natureza. (...) -
Eudoro de Sousa (MHM:27-28) – Homem - Recusa
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004, p. 27-28]
1. Se, de chofre e à queima-roupa, me desfechassem a mais preocupante, a mais inquietante de todas as questões: «Que é o homem?», creio que respondería com desassombro e sem hesitação: «O homem é o animal que se recusa a aceitar o que gratuitamente lhe deram e gratuitamente lhe dão.» Não me perguntem agora quem dá o que o homem recusa. Só importa a recusa da gratuidade. O homem se lhe recusa; o homem é a própria (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:160-165) – Diálogo com os pré-socráticos
16 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcertos de DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 160-165
2.a De acordo com Heidegger, a atividade mais futurosa do pensar de hoje consistiria no reatamento do diálogo com os primeiros filósofos; V. que se empenhou nesta árdua tarefa, a qual pode ser descrita, nos termos do seu livro, como o defrontar-se da filosofia com sua origem e seus confins, diga-nos o que, segundo lhe parece, torna justamente agora oportuno e possível (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:112-113) – Ideia do Bem
9 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 112-113]
RESUMO DE REPÚBLICA VI, apenas de 504d a 511e
65. «Então é que o mais importante não era aquilo de que falávamos, a justiça e o resto, e algo há que mais importa ainda [...]. — Que é, no entanto, esse estudo que é o mais importante e qual o seu objecto, ao que te parece? [...] — É uma coisa de que não poucas vezes me ouviste falar [...], que, efectivamente, não há mais importante objecto (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:161-163) – antipositivismo
11 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroEudoro de Sousa. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 161-163
1.a Segundo declara no «Prefácio», a intuição de que partiu para escrever sua última obra, Horizonte e Complementaridade, lhe adveio de um exame da bibliografia de Parmenides; sem dúvida, tem lugar no dito livro uma discussão em profundidade das mais importantes teses que a respeito deste filósofo recentemente se formularam, e aí V. várias vezes toma partido com firmeza em pró de umas e (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:51-55) – Teogonia, a gênese dos deuses
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 51-55]
20. A Teogonia, gênese dos deuses, põe o começo da linhagem de Zeus nas núpcias do Céu e da Terra; mas a preposição do acto genesíaco dos dois grandes componentes cósmicos nada apresenta de original. No poema de Hesíodo, o traço mais surpreendente e, que o saibamos, inédito e inaudito, consta dos vv. 126-127: [51] «Primeiro, a Terra gerou, igual a si mesma, / O Céu estrelado, para que a (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:79-84) – Xenófanes
9 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[Eudoro de Sousa. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 79-84]
42. Não nos move, nem de leve, o intuito de escrever uma história, ainda que parcelar, da filosofia grega. Mas, a fim de [79] restabelecer o paralelismo (ou, talvez, a convergência) da codificação mítica e da codificação lógica do mistério do horizonte, que, vê-lo-emos em breve, Parménides revelou o quanto pôde, há pelo menos dois nomes que não devem ser omitidos, se quisermos evitar o maior (...) -
Eudoro de Sousa (HC:93-95) – Parmênides - doxa e aletheia
7 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 93-94]
Opinião dos Mortais
51. A «Doxa» é a parte mais fragmentária do poema de Parmênides, o que parece dar razão aos intérpretes que formularam a hipótese de que essa última parte não passaria de um arranjo, mais ou menos hábil, das «opiniões físicas» dos antecessores do filósofo-poeta. Mas depois de Reinhardt (1916, 1959) e sob sua direta ou indireta influência, grande número de estudiosos bem (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:188-190) – Deus, Homem, Natureza: não-personagens da mitologia
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 188-190]
Se, na verdade alvorece uma época que se há-de caracterizar pela renúncia ao Mito do Homem criador, e não «receptor de cultura», que aceita sem constrangimento o mundo que lhe é dado, os que sempre lhe foram dados por Fulgurações Ofuscantes, temos de admitir a contragosto da nossa incondicionada e incondicionável «vontade de poder», que o transobjectivo, o eminentemente Real envolve (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:118-123) – interpretação da República VI e VII (504d-517c)
9 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 118-123]
REPÚBLICA VI e REPÚBLICA VII
68. Só para desentranhar todas as implicações destas poucas páginas da República, necessário seria escrever um livro inteiro. Supondo que não nos tenhamos omitido de ler com a devida atenção nenhum dos mais importantes comentários que constam da bibliografia especializada, digamos, para começar, que só nos ocorre uma excepção (Fergusson) ao quase unânime (...) -
Parmênides – Poema - Fragmento 12
17 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroForam as mais angustas (coroas) preenchidas de fogo puro, e as seguintes de Noite...
EUDORO DE SOUSA
12. «Foram as mais angustas (coroas) preenchidas de fogo puro, e as seguintes de Noite; por entre elas se precipitou a ígnea parte. No meio reside a Deusa que tudo governa. Pois a Divindade à nascida e ao parto doloroso chama, impelindo para o macho a fêmea, e para a fêmea o macho...»
CARNEIRO LEÃO
Pois os mais estreitos encheram-se de fogo sem mistura, e os seguintes, de noite, e entre (os (...) -
Parmênides – Poema - Fragmento 14
17 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroBrilhante à noite, errante em torno à terra, alheia luz.
EUDORO DE SOUSA
14. «(A Lua é) alheia luz que ilumina a noite, circunvagando a Terra.»
CARNEIRO LEÃO
Brilhante à noite, errante em torno à terra, alheia luz.
GREDOS XII
[La Luna] «brillando de noche con luz ajena, errante en torno a la tierra».
BARABARA CASSIN
Lumineuse de nuit, errante autour de la terre, lumière (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:104-110) – Empédocles
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 104-110]
60. Parmênides teria sido o primeiro pluralista, se o seu dualismo fosse o da realidade, e não o da aparência — da aparência, pura e simples, ou da aparência da realidade: o dualismo da Luz e da Noite é questão de nomos («convenção»), e não de physis («natureza»), Empédocles institui o pluralismo na realidade, na medida em que cada um dos seus quatro elementos se determina como idêntico a si (...) -
Beneval de Oliveira: A reinterpretação da filosofia grega segundo inspiração heideggeriana
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983 O presente trabalho tem como objetivo enfocar a temática do existencialismo brasileiro. Neste sentido, procuramos pesquisar as origens dessa temática, a partir de uma reinterpretação da filosofia grega, dando ênfase, sobretudo, à ontologia de Martin Heidegger, justamente por ter esse filósofo despertado maior atenção que os demais filósofos existencialistas entre os nossos estudiosos da matéria.
De outro lado, procuramos analisar a frio, (...) -
Parmênides – Poema - Fragmento 13
17 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPrimeiro de todos os deuses Amor ela concebeu.
EUDORO DE SOUSA
13. «Antes de todos os deuses, ela (a Deusa da geração e do amor) meditou o Eros.»
CARNEIRO LEÃO
Primeiro de todos os deuses Amor ela concebeu.
GREDOS XII
«Concibió al Amor, el primerísimo de todos los dioses».
BARBARA CASSIN
Eros fut le premier de tous les dieux qu’elle inventa. -
Parmênides – Poema - Fragmento 11
17 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTerra, sol, éter, etc. entraram a existir...
EUDORO DE SOUSA
11. (E agora vou dizer-te) como a Terra e o Sol e a Lua, o Éter a todos comum, a celeste Galáxia e o Olimpo extremo, e a ardente força das estrelas entraram de existir.
GREDOS XII «Cómo la tierra, el sol y la luna, también el éter común, la Vía Láctea y el Olimpo insuperable, así como la fuerza cálida de los astros, son impulsados a nacer.»
BARBARA CASSIN
... comment la terre, le soleil avec la lune, l’éther commun et le lait (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:31-33) – Horizonte
8 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 31-33]
1. Conhecimentos geográficos e astronômicos, acumulados e sedimentados durante mais de vinte séculos de reflexão filosófica e investigação científica, já não nos permitem a vivência primordial do horizonte: por de mais sabemos que a esfera é o estereograma da realidade que se ocultava sob a aparência dos distantes confins do céu e da terra. Mas teriam ficado definitivamente relegados para o (...)
Notas
- Eudoro de Sousa (HC:100-102) – Poema de Parmênides - Proêmio (2)
- Eudoro de Sousa (HC:102-103) – Poema de Parmênides - Caminho do Sol
- Eudoro de Sousa (HC:103-104) – Poema de Parmênides - Mundo da Aparência
- Eudoro de Sousa (HC:205-206) – Divindade
- Eudoro de Sousa (HC:35-36) – Céu e Terra e filhos, Oceano e Tetis (deusa mãe)
- Eudoro de Sousa (HC:98-99) – Poema de Parmênides - Proêmio (1)
- Eudoro de Sousa (HC:99-100) – Poema de Parmênides - Mitologia do Horizonte
- Eudoro de Sousa (MHM:133-134) – morte
- Eudoro de Sousa (MHM:136-137) – sujeito
- Eudoro de Sousa (MHM:144) – loucura mansa
- Eudoro de Sousa (MHM:144-145) – símbolos
- Eudoro de Sousa (MHM:148) – valores humanos
- Eudoro de Sousa (MHM:155-156) – disponibilidade, esvaziamento
- Eudoro de Sousa (MHM:159-160) – loucura
- Eudoro de Sousa (MHM:181-182) – horizontes da objetividade e da trans-objetividade
- Eudoro de Sousa (MHM:182-183) – símbolo
- Eudoro de Sousa: Religião, Mitologia e Filosofia