Pois quase todos os kantianos se enganaram quanto ao fato de que Kant estabelece o imperativo categórico como um fato de consciência: mas então ele estaria fundado antropologicamente, pela experiência, apesar de interna, e portanto empiricamente. Ora, isto contraria frontalmente o pensamento de Kant e é repetidamente por ele recusado. A propósito, ele diz: “não se pode descobrir empiricamente, se há, em geral, algum imperativo categórico como tal” (p. 48); e, também, “a possibilidade do (...)
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Kant
IMMANUEL KANT (1724-1804)
A filosofia de Kant traz, pela primeira vez, para a claridade e a transparência de um fundamentação, a totalidade do pensar e do estar-aí modernos. Desde então, tal fundamentação determina toda a postura do saber, as delimitações e os cálculos das ciências, do século XIX até ao presente. Com isto, Kant ergue-se de tal modo acima de tudo o que o precedeu e do que veio depois, que também aqueles que dele se afastam, ou dele divergem, permanecem ainda dele totalmente dependentes.
Além disso, Kant tem - apesar de todas as diferenças e da amplitude da distância histórica - qualquer coisa em comum com o grandioso começo grego que, ao mesmo tempo, o distingue de todos os pensadores alemães anteriores e posteriores, a saber, a íntegra clareza do seu pensar e do seu dizer, que não exclui, de modo nenhum, nem o ser-digno-de-questão, nem o desequilíbrio e que não simula claridade onde há escuridão. [Excerto de HEIDEGGER , Martin. O que é uma coisa?. Tr. Carlos Morujão. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 63-64]
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
CAYGILL, Howard. Dicionário Kant. Tr. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
Matérias
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Schopenhauer (SFM:46-48) – imperativo categórico sem fundamento
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Thonnard: Leibniz
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroCARÁTER GERAL.
358. — A obra de Leibniz, complexa como o seu autor, parece ao mesmo tempo travar e impelir o espírito moderno; aparece primeiro como uma forte reação, em nome da doutrina tradicional, contra o individualismo e a crítica destrutiva de Descartes. Leibniz respeita e utiliza os antigos : o seu desejo é reencontrar o que ele chama a “Philosophia perennis“, constituída pelos elementos verdadeiros de todos os sistemas. O espírito geral parece, pois, anticartesiano, e (...) -
Schopenhauer (MVR1:48-49) – mundo, representação do princípio de razão
25 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroQuem compreendeu distintamente, a partir do mencionado ensaio introdutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão, em meio à diversidade de suas figuras, também ficará convencido do quão importante é precisamente o conhecimento da mais simples de suas formas – que identificamos no TEMPO – para a intelecção de sua essência mais íntima. Assim como no tempo cada momento só existe na medida em que aniquila o momento precedente, seu pai, para por sua vez ser de novo (...)
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Cassirer: Excertos da «Tragédia da Cultura»
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroExcertos da « Tragédia da Cultura »
Dice Hegel que la historia universal no es precisamente el albergue de la dicha; que los períodos pacíficos y venturosos son hojas en blanco, en el libro de la historia. No creía, ni mucho menos, que esto estuviera en contradicción con aquella su fundamental convicción de que "todo, en la historia, carece de un modo racional, antes al contrario, veía precisamente en ello la confirmación y corroboración de esta tesis".
Ahora bien, ¿para qué sirve el (...) -
Schopenhaeur (MVR1:049-053) – espaço, tempo e matéria
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroQuem reconheceu a forma do princípio de razão que aparece no tempo puro como tal e na qual se baseia toda numeração e cálculo, também compreendeu toda a essência do tempo. Este nada mais é do que justamente aquela forma do princípio de razão, e não possui nenhuma outra propriedade. Sucessão é toda a sua essência. — Quem, ademais, conheceu o princípio de razão tal qual ele rege no mero espaço puramente intuído esgotou com isso toda a essência do espaço, visto que este é, por completo, (...)
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Cassirer: UMA CHAVE PARA A NATUREZA DO HOMEM: O SÍMBOLO
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroO biologista Johannes von Uexkull escreveu um livro em que procede a uma revisão crítica dos princípios da biologia. De acordo com Uexkull, a biologia é uma ciência natural, que precisa ser desenvolvida por meio dos métodos empíricos usuais — os da observação e experimentação. O pensamento biológico, por outro lado, não pertence ao mesmo tipo do pensamento físico ou do químico. Uexkull é um resoluto campeão do vitalismo, defendendo o princípio da autonomia da vida. A vida é uma realidade (...)
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Schopenhauer (MVR1:138-141) – Razão Prática
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Após as considerações sobre a razão enquanto faculdade especial e exclusiva do homem, e sobre aqueles fenômenos e realizações próprios da natureza humana, falta ainda falar da razão na medida em que conduz a ação das pessoas, portanto, podendo nesse aspecto ser denominada PRÁTICA. Porém, o que aqui será mencionado encontra em grande parte o seu lugar em outro contexto, a saber, no apêndice deste livro, em que se contesta a existência da chamada razão prática de Kant, que ele (...) -
Safranski (S:35-37) – corpo e vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroArthur herdou o brio, a sobriedade, o orgulho e a lucidez de seu pai. Sua altivez abrupta e fria arrogância também recebeu dele. A consciência de sua própria dignidade e seu amor-próprio tão fortemente desenvolvido não puderam ser abrandados pelo carinho materno, porque Johanna tinha de fazer um grande esforço para obrigar-se a sentir amor por ele. Seu filho é a encarnação de sua própria renúncia à vida. Johanna quer viver sua própria vida. Como ela mesma não consegue viver como deseja, (...)
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Schopenhauer (FM:25-28) – dever
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDo mesmo modo que Kant, por meio dessa petição de princípio, aceitou sem mais, no Prefácio, o conceito de lei moral como dado, indubitável e existente, ele o fez com um conceito proximamente aparentado, o de dever, ao qual foi dada entrada na ética como se este pertencesse a ela, sem prova posterior que o sustentasse. Mas sou obrigado aqui, de novo, a fazer um protesto. Este conceito une-se a seus afins, portanto aos de lei, mandamento, dever e outros que tais e, tomado neste sentido (...)
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André Chastel (Romantisme) – Schelling ou la métaphysique de l’imaginaire
15 de novembro de 2008, por Cardoso de CastroIl n’était pas possible de mettre à jour cet essai vieux de dix ans, sans le bouleverser entièrement. Son orientation reste peut-être valable, mais au prix d’une description trop courte : c’est la maquette d’un château dont on n’aurait représenté que l’escalier intérieur et la façade. N’ayant plus le loisir de placer les ailes ni les étages, je me suis contenté — et m’en excuse — d’alléger un exorde pesant, de substituer quelques citations plus explicites à des développements parasites et (...)
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Esprit et réalité - la réalité de l’esprit - esprit et être (II)
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroII L’histoire même du terme esprit (pneuma et nous) peut nous aider à éclaircir la nature de l’esprit. Cette histoire est complexe. La spiritualisation du concept « esprit » s’est faite très lentement. Esprit est un terme fondamental de l’Écriture Sainte. Primitivement, esprit (en grec pneuma, rouakh en hébreu) avait un sens physique et signifiait le vent, le souffle. Le pneuma est l’éthéré. Rouakh signifie également quelque chose de léger, d’impondérable, d’insaisissable. Il s’applique (...)
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Schelling (SMEP:61-63) – Não sou eu sabendo, mas a totalidade sabendo em mim
18 de novembro de 2008, por Cardoso de CastroSchelling’s first, thoroughly subversive, move beyond the subject is the following: ‘It is not I that know, but rather only the totality (All) knows in me, if the knowledge which I call mine is a real, a true knowledge’ (ibid. p. 140). Schelling makes a clear distinction between the empirical knowledge generated in synthetic judgements and ‘knowledge’ in terms of the Absolute. He later claims: ‘The I think, I am, is, since Descartes, the basic mistake of all knowledge (Erkenntnis); (...)
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Rosenzweig (ER:71-72) – Psicologia Negativa
16 de setembro de 2021, por Cardoso de Castronossa tradução
Sobre o homem - sobre ele, também, não devemos saber nada? O conhecimento do Eu sobre si mesmo, a consciência do eu, tem a reputação de ser o mais seguro de todos os conhecimentos. E o senso comum se eriça quase mais ferozmente do que a consciência científica quando se trata de tirar o verdadeiro fundamento de seus pés, e nem é preciso dizer, literalmente, o fundamento científico. E ainda assim aconteceu, embora apenas tardiamente. Um dos fatos mais surpreendentes de Kant (...) -
Schopenhauer (SFM:50-53) – desconstrução da fundamentação da moral kantiana
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA censura que se coloca, em primeiro lugar e diretamente, à fundamentação da moral dada por Kant é que esta origem da lei moral é impossível em nós porque pressupõe que o homem chegue, por si só, à ideia de procurar e de informar a respeito de uma lei para sua vontade, de ter de submeter-se a ela e conformar-se com ela. Isto, porém, não poderia ter vindo sozinho à sua cabeça, mas, quando muito, só depois que uma outra instigante motivação moral, positiva e real, anunciando-se por si mesma (...)
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Schopenhaeur (MVR1:043-045) – o mundo é representação
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[I 3] “O mundo é minha representação [Vorstellung].” Esta é uma verdade que vale em relação a cada ser [Wesen] que vive e conhece, embora apenas o homem possa trazê-la à consciência [Bewußtseyn] refletida e abstrata. E de fato o faz. Então nele aparece a clarividência filosófica. Torna-se-lhe claro e certo que não conhece sol algum e terra alguma, mas sempre apenas um olho que vê um sol, uma mão que toca uma terra. Que o mundo a cercá-lo existe apenas como representação, isto é, (...)
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Meillassoux (AF:3-5) – a negação do realismo
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTradução parcial
A tese que defendemos é, portanto, dupla: por um lado, reconhecemos que o sensível só existe como relação do sujeito com o mundo; mas, por outro lado, mantemos que as propriedades matematizáveis do objeto estão isentas da restrição de tal relação e que estão efetivamente no objeto da maneira como as concebo, se estou em relação a esse objeto ou não. Mas antes de prosseguirmos para justificar esta tese, é necessário entender em que sentido isso pode parecer absurdo para (...) -
Cassirer: Kant - as grandes idéias centrais
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroExcertos do capítulo referente à "Crítica da Razão Pura", do livro "Kant, Vida y Doctrina" de Ernst Cassirer. Trad. Wenceslao Roces. Fondo de Cultura Económica, 1948.
LAS GRANDES IDEAS CENTRALES
Las reflexiones de la crítica de la razón parten del concepto de la metafísica y de las vicisitudes por las que este concepto ha atravesado a lo largo de los tiempos y en el cambio de éstos. La contradicción interna por la que pasa toda la historia de la metafísica consiste en que esta (...) -
Esprit et réalité - la réalité de l’esprit - esprit et être
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroCHAPITRE PREMIER - LA REALITE DE L’ESPRIT. ESPRIT ET ETRE I Le monde tend à nier la réalité de l’esprit. Il ne doute pas des objets visibles qui forcent son adhésion. Mais l’esprit n’est pas un objet visible; du moins pas un objet parmi d’autres objets. Il n’est personne, il est vrai; s’agît-il du matérialiste le plus endurci, qui ne reconnaisse à l’esprit une certaine réalité, de nature moins consistante. Il ne saurait en être autrement, car l’esprit est présent en chacun de nous, même (...)
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Edith Stein: A Significação da fenomenologia como concepção do mundo - Introdução
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroI - A Significação da fenomenologia como concepção do mundo
Introdução: Weltanschauung e Filosofia
O tema que abordamos comporta um pressuposto e um pôr em questão: se a fenomenologia não é simplesmente uma concepção do mundo (Weltanschauung), ela não deixa de influenciar a concepção do mundo dos fenomenólogos e talvez de outros homens. Para estudar a relação entre fenomenologia e concepção do mundo, é precisos se esclarecer a significação de cada um destes termos. No que concerne a (...) -
Schopenhauer (MVR1:530-531) – coisa-em-si - vontade - moral
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[...] o mundo objetivo, como o conhecemos, não pertence à essência das coisas em si mesmas, mas é seu mero FENÔMENO, condicionado [530] exatamente por aquelas mesmas formas que se encontram a priori no intelecto humano (isto é, o cérebro), portanto nada contém senão fenômenos. Kant, decerto, não chegou ao conhecimento de que o fenômeno é o mundo como representação e a coisa-em-si é a Vontade. Todavia mostrou que o mundo fenomênico é condicionado tanto pelo sujeito quanto pelo objeto e, (...)