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FaivreCH-Sophia / Sophia e a Alma do Mundo

  

Segundo os organizadores dos Cadernos, no prefácio deste número, afirmar a existência de uma Alma do Mundo, vem geralmente a dizer não somente que o universo é vivo, mas que há entre Deus e Sua criação um mediador, um relé fundamental pelo qual passa Sua manifestação temporal. Deus teria assim posto entre Ele e o mundo, que Ele criou, uma relação concreta, viva. No lugar paradoxal, duplo, desta relação, o universo espiritual teceria com o material uma ligação unificando o Cosmos. Mundo intermediário entre o Intelecto (nous) e a natureza sensível, a Alma do Mundo, seria ao mesmo tempo o lugar das Revelações, pois é a seu nível que podem, como a imagem no espelho, tomar corpo os Nomes divinos, os Anjos, as realidades espirituais de qualquer ordem.

A Sabedoria Divina, denominada também Sophia, será então a Alma do Mundo, mais "personalizada", quer dizer enfocada nas suas relações pessoais com Deus e com a Criação, particularmente com o homem, com a história e a metahistória do homem, sem que esta Sophia apareça como tal como uma quarta Pessoa da Trindade cristã. De pronto, se faz necessário lembrar que é Sophia que fala dela mesma, na Bíblia  :

"O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos. Desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes de existir a terra. Antes de haver abismos, fui gerada, e antes ainda de haver fontes cheias d`água. Antes que os montes fossem firmados, antes dos outeiros eu nasci, quando ele ainda não tinha feito a terra com seus campos, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava um círculo sobre a face do abismo, quando estabelecia o firmamento em cima, quando se firmavam as fontes do abismo, quando ele fixava ao mar o seu termo, para que as águas não traspassassem o seu mando, quando traçava os fundamentos da terra, então eu estava ao seu lado como arquiteto; e era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo; folgando no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens." (Pro 8:22-31)

E ainda dela, é dito na Bíblia:

"Ela é um reflexo da luz eterna, um espelho sem mácula da atividade de Deus e uma imagem de Sua bondade. Como ela é única, ela pode tudo; permanecendo ela mesma, ela renova o universo." (Sabedoria de Salomão, VII, 26-27)


Índice
  • Armand Abécassis - Sabedoria e Revelação
  • Jean Brun   - Platão e a Alma do Mundo
  • Christian Jambet   - Da Alma cósmica à Alma transfigurada
  • Jean-François Marquet - A Arte divina da Alma do Mundo em Athanasius Kirshner
  • Extrato do "Romance de Perceforest" (século XIV)
  • Geneviève Javary - A Alma do Mundo nos cabalistas cristãos da Renascença: da Chekhina à Igreja
  • Pierre Deghaye   - A Sabedoria na obra de Jacob Boehme  
  • Bernard Gorceix   - O culto da Sabedoria na Alemanha barroca e pietista.
  • Gottfried Arnold - "Prólogo" do "Mistério da divina Sophia ou Sabedoria" (1700)
  • Nicole Jacques-Chaquin - Sophia, espelho das formas e terra das gerações espirituais
  • Louis-Claude de Saint-Martin   - Saint-Martin Sophia - Textos sobre a Sabedoria divina
  • Antoine Faivre   - Alma do Mundo e Divina Sophia em Franz von Baader  
  • Constantino Androkinof - Sobre a problemática da Sabedoria
  • Sergio Bulgakov - Serge Boulgakov - Bulgakov Sabedoria de Deus - A Sabedoria de Deus