Página inicial > Palavras-chave > Termos gregos e latinos > anatole / ἀνατολή / orior / oriens / occidens / oeste / leste / norte / sul (…)

anatole / ἀνατολή / orior / oriens / occidens / oeste / leste / norte / sul / pontos cardeais / rosa dos ventos

  

gr. ἀνατολή, anatole = alvor do dia, oriente


Eudoro de Sousa

O horizonte é o que se encontra sempre à vista dos nossos olhos, mas nunca ao alcance dos nossos passos. Contudo, verifica-se que o sol ultrapassa esses limites, tão visíveis quanto inacessíveis; ou, na transposição mítica, todos os dias o Sol emerge do Oceano, ao amanhecer, e nele imerge, ao anoitecer. Semelhante privilégio bastaria para que se lhe atribuísse a beata existência dos Imortais. Hélio — não o sol, como ente da natureza explicada pela ciência, mas como divindade de uma natureza implicada na mitologia — está intimamente comprometido na diacosmese do Oceano. O seu rasto de transcendência assinala, no círculo do horizonte, dois quadrantes, densos de significação mítica e existencial: o Oriente e o Ocidente. É verdade que a tradição mitológica dos gregos parece inclinar-se mais para o horizonte a oeste. Se nos propuséssemos descobrir os motivos da inclinação, talvez não andássemos longe de acerto, buscando-os, ainda e sempre, na ingênua interpretação da experiência natural: quem se interessa por achar caminho até aos «limites da terra», só poderá seguir o do sol. Daí, que no Ocidente, quotidiano término do único trajeto daquele que visivelmente transpõe as fronteiras de todo o visível, mais se adensem as maravilhas que orlam o horizonte, à beira do Oceano. [Horizonte e Complementaridade]

Pierre Stables

A Legenda Dourada nos fala do Oriente inúmeras vezes:

  • A cruz foi vista por Constantino, em sonho, do lado do Oriente, ela aí brilhava como fogo.
  • O Monte das Oliveiras está a Oriente de Jerusalém, e recebe a luz do dia antes desta cidade.
  • São Paulo   se voltou para o Oriente e, em sua língua maternal, orou antes de ser decapitado.
  • O Arcanjo Miguel ordena que se sube à igreja que construiu e dedico ele mesmo sobre o Monte, pelo caminho do Oriente.
  • Na cripta do Monte Saint-Michel havia três altares, dois ao meio-dia, e um a Oriente, coberto de um manto vermelho.
  • Santa Taís, reclusa, demanda como adorar Deus. Ela recebe do abade Pafúncio esta resposta: «Contentai-vos, estando sentada, de olhar do lado do Oriente, e de repetir frequentemente estas palavras: "Vós que me formastes, tende piedade de mim"»
  • São Arsênio, nos sábados à noite, punha-se de costas para o Ocidente e esperava o alvorecer, voltado para o Oriente.
  • O povo dos Winules recebeu a ordem de orar voltado para o Oriente.
  • O Oriente corresponde aos apóstolos.
  • «E porque os judeus oravam para o Ocidente, e os cristão para o Oriente...» (São Pelágio)
  • «Ora, nós oramos, nas igrejas, com a face voltada para o Oriente... para mostrar que buscamos nossa pátria, para olhar do lado de Jesus crucificado, para mostrar que esperamos a vinda do soberano Juiz.»
  • «Deus colocou o Paraíso no Éden, do lado do Oriente, de onde fez sair Adão, para que ele habite do lado do Ocidente... Adoramos Deus do lado do Oriente... Jesus Cristo olhava para o Ocidente, e nós adoramos (voltados para o Oriente) para o olhar. Quando ele subiu ao céu, foi levado no ar deste lado; porque ele virá da mesma maneira que eles o viram indo ao Céu. É portanto para mostrar que o atendemos, se o adoramos voltados para o Oriente» (João Damasceno).
  • Os Reis Magos no dia que receberam a ordem de ir a Judeia, «viram ao Oriente três sóis que, pouco a pouco, formaram apenas um» (Natividade).

No I Ching   as referências ao Oriente se encontram a respeito de temas como: a noção de origem, a de orientação ritual, de olhar, de Leste, de crescimento, de nascimento, de Ritos. Mas é pelas relações entre a noção de «sacrifício» e aquela de «primavera» que se entra no domínio de sintemas que alcançam na ordem do mental, uma «profundeza» e uma «altura» extraordinárias. [DUAS CHAVES INICIÁTICAS DA LEGENDA DOURADA: CABALA   E I-CHING]

Corbin (Oriente)

Uno de los leitmotiv de la literatura del sufismo iranio es la «búsqueda de Oriente»; pero se nos advierte, por si acaso no lo comprendemos desde el primer momento, que se trata de un Oriente que no se encuentra en nuestros mapas geográficos ni puede ser situado en ellos. Este Oriente no está incluido en ninguno de los siete climas (los keshvar); es, de hecho, el octavo clima. Y la dirección en la que este «octavo clima» debe ser buscado no está en la horizontal sino en la vertical. Ese Oriente místico suprasensible, lugar del Origen   y el Retorno, objeto de la búsqueda eterna, está en el polo celeste; es el polo, un extremo norte, tan extremo como el umbral de la dimensión del «más allá». Por eso se revela sólo en un determinado modo de presencia en el mundo, y no puede revelarse más que por ese modo de presencia. Hay algunos a los que no se revelará nunca. Ese modo de presencia es precisamente lo que caracteriza el modo de ser del sufí, tanto de su persona como de toda la familia espiritual a la que se vincula el sufismo, y especialmente el sufismo iranio. El Oriente que busca el místico, Oriente no situable en nuestros mapas, está en dirección norte, más allá del norte. Sólo una marcha ascendente puede acercar a ese norte cósmico, elegido como punto de orientación.

Una primera consecuencia que ya se intuye es la dislocación de los contrastes que regulan las clasificaciones de la geografía y la antropología exotéricas, es decir, que no van más allá de las apariencias. No se podrá hablar ya de orientales y occidentales, de nórdicos y hombres del sur, según los caracteres que les eran atribuidos; no serán ya situables en función de las coordenadas habituales. Queda por preguntarse en qué momento el hombre de Occidente pierde la dimensión individual irreductible a las clasificaciones basadas en el mero sentido geográfico exotérico. Puede entonces ocurrir que así como hemos aprendido a entender la alquimia   como algo muy distinto a un capítulo de la historia o la prehistoria de las ciencias, también la cosmología geocéntrica nos revele su verdadero, sentido, un sentido que tampoco corresponde a la historia de nuestras ciencias. Quizás, habida cuenta la percepción del mundo y la concepción del universo en que descansa, convendría meditar y valorar esencialmente el geocentrismo a la manera de un mandala.


Así pues, nos equivocaríamos por completo si cuando escribimos las palabras Ex Oriente lux creyéramos estar diciendo lo mismo que los espirituales de que aquí se va a tratar, y si, buscando esa «luz de Oriente», nos contentáramos con volvernos hacia el oriente geográfico. Pues cuando decimos que el sol se levanta por oriente, nos referimos a la luz del día que sucede a la noche. El día alterna con la noche, como alternan dos contrastes que, por esencia, no pueden coexistir. Luz que se levanta por oriente y luz que declina por occidente: dos premoniciones de una opción existencial entre el mundo del día y sus normas y el mundo de la noche con su pasión profunda e insaciable. Todo lo más, en su límite, un doble crepúsculo: crepusculum vespertinum, que no es ya el día y no es todavía la noche; crepusculum matutinum, que no es ya la noche y no es todavía el día. Por medio de esta imagen penetrante Lutero, como es sabido, definía el ser del hombre.

Pero, detengámonos a meditar lo que puede significar una luz que no es ni de oriente ni de occidente, la luz del norte: sol de medianoche, resplandor de la aurora boreal. No es el día que sucede a la noche, ni la noche que sucede al día. Es el día que estalla en plena noche y convierte en día esa noche que sin embargo está siempre ahí, pero que es noche de luz. Et nox illuminatio mea in delicus meis. Ya esto nos sugiere la eventualidad de una innovación en la antropología filosófica: la posibilidad de situar e interpretar de forma completamente nueva la oposición entre Oriente y Occidente, luz y tinieblas, para dar finalmente su significado pleno, imprevisto, a la luz del norte, y por tanto al hombre nórdico, el hombre que «está en el norte», o bien va hacia el norte porque ha venido del norte. [CorbinHLSI  ]

Corbin (Ocidente)

Esta região situa a «esquerda» do cosmos; sabemos agora que compreende o conjunto do ser e dos seres comportando uma matéria. Ela é percebida sob um triplo aspecto; o Extremo-Ocidente do não-ser, não do puro nada, mas da privação de ser, da virtualidade pura, percebida como o Mar quente coberto de Trevas até o qual alcançou a campanha de Alexandre o Magno; o Ocidente terrestre, onde as Formas emigradas e exiladas na Matéria se livram a amargos combates; o Ocidente celeste, que compreende todos os sistema das Esferas, e cuja matéria é de uma condição outra que aquela do Ocidente terrestre: sutil, diáfana, incorruptível, «gloriosa» em relação a nossa. Também nenhum combate aí se dá; no entanto as Animae coelestes aí são, elas também, «estrangeiras». Cabe lembrar que a matéria celeste das Esferas procede do pensamento do Anjo meditando seu virtual não-ser, o possível puro que guarda seu ser. Em termos de Sohrawardi   ela é a «tristeza» do Anjo, mas é ela também que oferece à Alma celeste o meio de satisfazer a sua nostalgia, de se aproximar da perfeição que ela ainda não tem.

Não cabe insistir que sobre um aspecto particular deste Ocidente celeste. O XVI do Relato de Hayy ibn Yaqzan esboça uma antropologia planetária, uma fisiognomonia e uma caracterologia que estão de acordo com as pressuposições da Astrologia e das ciências que aí se associam. [CorbinARV  ]

Corbin (Norte)

Pero el norte sólo puede ser llevado a su significado pleno por un modo de percepción que lo eleva en una dirección simbólica, es decir, a una «dimensión del más allá» que no puede ser mostrada sino por algo que «simboliza con» ella. Así pues, se trata de imágenes primordiales que preceden y regulan toda percepción sensible, no de imágenes construidas a posteriori sobre un dato empírico. Pues allí donde se da el fenómeno, su sentido depende de esta imagen primordial: polo celeste en la vertical de la existencia humana, norte cósmico. Y allí mismo donde la latitud geográfica apenas permite suponer el fenómeno dado, su imagen-arquetipo existe. El «sol de medianoche» aparece en numerosos rituales de religiones mistéricas, lo mismo que resplandece, en la obra de Sohravardi, en el centro de un éxtasis cuyo héroe es Hermes. Otros maestros del sufismo iranio hablarán de «noche de luz», «mediodía oscuro» o «luz negra». Y éstos son los resplandores de aurora boreal que visualiza la fe maniquea en la columna gloriae formada por todas las partículas de luz que ascienden del infernum a la Tierra de luz, la Terra lucida, situada, como el paraíso de Yima, al norte, es decir, en el norte cósmico. [CorbinHLSI]