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eleemosune / eleemosyne / ἐλεημοσύνη / benefacio / benfazer / esmola

  

gr. ἐλεημοσύνη, eleemosyne = benfazer, esmola

Quanto à esmola, segundo Roberto Pla  , o sentido estritamente espiritual em que se inscreve o logion afasta a "esmola" de ser uma das três "práticas de justiça". A recomendação de Jesus: "Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói." (Lc   12,33), não vem para glorificar a prática da esmola mas para sublinhar o valor decisivo que guarda o "não-possuir", o "não-ser-nada" [kenosis], até alcançar o grau total de indigência por negação de si mesmo. A esmola nada mais é que índice do grau relativo de desprendimento, mas não há negação completa enquanto permanece alguma posse que entregar como esmola. O que pede Jesus aos que o seguem é que culminem essa difícil transferência da consciência por meio da qual é esta conduzido desde esta transitória envoltura de palha intelectiva e barro que cremos ser [v. adama], à desnudez pura do homem pneumático — o Filho do homem — que realmente somos.

É nesta "vacuidade", ou dissipação na consciência das vestimentas superpostas, onde Jesus vê a perfeição. Por isso, à limpeza à qual o fariseu submete sua fonte e seu cálice, opõe Jesus a purificação — essencialização do "conteúdo" com estas palavras: Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas. (Lc 11,41) Pois é neste "dar", neste deixar de ser "o-que-se-crer-ser" onde Jesus vê a purificação ou o caminho perfeito. Neste propósito chega Jesus a exigir a "vacuidade" (a humildade real) quando diz: "Quem achar a sua vida perde-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á." (Mt   10,29)

Em sua condição de rico (do espírito, da psyche, ou da matéria), o que dá esmola "danifica a seu espírito" enquanto esta é prova de que algo permanece nele que não cessou de ser. Em isto se diferencia da nudez pura daqueles "pobres de espírito" a quem o evangelho profetiza decididamente a bem-aventurança pelo mérito de haver prescindido de qualquer outra posse que não fosse do reino de Deus.

  • Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. (Lc 6,20)
  • Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mt 5,3)