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Zoroastro / Zaratustra / Zoroaster / Ζωροάστρης / Zōroastrēs / Zarathustra / Zarathushtra Spitama / Ashu Zarathushtra / Zartosht / Zoroastre / Zarathushtra / Zarathoustra / Zerdest

  

Plínio afirma, com a lenda masdaica, que Zoroastro veio ao mundo rindo e que ele ria em cada um de seus aniversários, mas acrescenta que as vibrações do cérebro da criança eram tão fortes que dificilmente se podia pousar a mão em sua cabeça. Desde sua tenra idade Zoroastro foi atacado por mágicos que, enciumados de sua santidade, o arrebataram de seu pai. Depois, tendo acendido tuna enorme chama no deserto, eles ali jogaram o menino, que não sofrerá nenhum mal. Este foi seu terceiro milagre, depois do riso no seu nascimento e depois de ter escapado do gládio do cavi Durasrab. Antes do sétimo e último milagre no qual ele sairá vencedor do veneno, ele foi precipitado, sem danos, nos cascos dos touros e abandonado entre os lobos. Desde a idade dos 7 anos seu pai o confiara a um mestre eminente, Burzin-Curus, com o qual ele fez progressos admiráveis. Aos 15 anos ele já fazia muito de bom e mergulhava em longas meditações. Sua reputação se espalhou tanto entre os humildes como entre os grandes, embora ele denunciasse as crueldades dos carapans e dos cavis, uns por sua magia e suas imolações de bois, outros por sua injustiça e pela proteção que davam aos primeiros. Zoroastro já tinha o hábito de se isolar nas montanhas e ali viver de frutas e de um queijo incorruptível, abstendo-se de toda alimentação animal. Quando completou 20 anos, deixou seus pais e se retirou para meditar numa gruta. Seu pai quis oferecer-lhe bens, mas o Sábio só conservou, em memória dele, o seu custi, o cordão sagrado indo-iraniano.

Impossibilitado de difundir sua doutrina, com a idade de 30 anos Zoroastro deixou sua terra e sua família: "Para que terras devo ir? Para onde levar minha pregação? Parentes e amigos me abandonam; nem meus vizinhos me querem, nem os tiranos malvados do país. Como conseguirei te satisfazer, ó Masda Ahura? Vejo-me impotente, pobre de rebanho e pobre de homens (sem discípulos). Para ti eu rogo; lança os olhos sobre mim, ó Ahura! (Y. 46)

É aqui, com a Gâthâ da fuga, que a lenda dos magos se insere na história, restituindo o Sábio ao Irã oriental através de uma viagem imaginária desde a Meda, onde eles o haviam feito nascer, até Seistão e Bactriana. O verdadeiro itinerário o leva verdadeiramente de Sogdiana a Bactriana, onde Zoroastro se refugia numa montanha vizinha, elevado sítio da Ariana Vaeja, onde, enfim, tradições e teses concordam em situar seu sucesso na Bactriana, junto a Vishtaspa. Não é significativo que na mesma Gata (Y. 46.1) Zoroastro já reclame o apoio do soberano ao qual ele chama (Y. 46.14): "Ó Zaratustra, quem é teu verdadeiro aliado para o grande dom?... Sim, esse Cavi Vishtaspa que eis que está prestes a fazer suas devoções". E o tradutor H. Humbach comenta: "Lançando um olhar para o passado, Zaratustra percebeu o descendente de Friana, o Cavi Vishtaspa. Ele pretende reconhecer que Vishtaspa há muito tempo está disposto a acolhê-lo e a fazer dele seu sacerdote, depois de ter regressado do vasto mundo inospitaleiro para a sua tribo" (14). Zoroastro convida seus pais (Y. 46.15), que ele precedentemente havia deixado, a seguir de novo sua doutrina antes rejeitada, como também convida Frashaoshtra (16) e Jamaspa (17), conselheiro do rei Vishtaspa. Isso indica perfeitamente que sua fuga se dá para uma distância relativamente curta, sem que tenha rompido totalmente os laços familiares. Além disso, seu primo Maidiomaha se tornará o seu primeiro discípulo (Y. 51. 19). A famosa viagem mítica interpolada pelos magos se desenrolou quando muito para um retiro próximo de um local onde viviam os Spitama. O fato será confirmado pela tradução de Humbach deste Yasna 46 das Gâthâs: "Como ele (Zaratustra) se ergueu com veracidade entre os louváveis sobrinhos e netos do turaniano Friana..." E a glosa que segue: "Homens bons há na tribo à qual pertence Zaratustra e cujo ancestral será o turaniano Friana. Já com Friana em vida as pessoas se empenhavam, ali, em utilizar a vaca no sentido de Ahura Masda, o que permitia adquirir méritos aos olhos deste último e garantir sua ajuda na desgraça" (12). Esta demonstração coincide com as conclusões da magistral tradução comentada das Gatas de autoria do sábio parse Bahramgore T. Anklesaria, que expôs também que após dez anos de solidão e incompreensão, o Sábio roga de novo a seus pais, sempre reunidos no pátio de Vishtaspa; coisa que ele não poderia fazer se sua terra natal fosse afastada de muitas centenas, na verdade de milhares de quilômetros da Bactriana.

A propósito dessa fuga de sua região natal é preciso atentar para a sua oposição crescente aos carapans e cavis, que se mostravam incapazes de assimilar sua reforma. "Pela sua pregação (Zoroastro) aparece como um adversário apaixonado da religião ariana tradicional".

Durante muitos anos Zaratustra e seu primo Maidiomaha viajaram de aldeia em aldeia para converter chefes de tribos em favor de sua causa, mas os cavis e os carapans dos Bendvas, dos Grehmas e dos Vsicushes nada queriam aprender deles. [Paul du Breuil  , ZOROASTRO]