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O Absoluto / A Divindade / O Divino / Deidade / Godhead / Parabrahman / Para-Brahma

      

AKC (nenhum ser)

Milinda Panho 72, na koci satto, «no algún ser». Obsérvese que esta expresión no es necesariamente exclusiva del Atman   como se define en las Upaniṣhads, a saber por negación; pues tenemos el ouk on theos   de Basilides, el Dios que «no es ningún qué» de Eriugena, la Divinidad «no existente» del Maestro Eckhart  , y el Dios que «no es una cosa» de Boehme  . [AKCcivi  :Nota]

Isabelle Robinet

Ao longo de sua história os chineses refletiram sobre as relações entre o absoluto e o relativo, o transcendente e contingente, sem dissociar o absoluto do relativo; constantemente tiveram a preocupação de dispor do absoluto como não exclusivo e de aí introduzir sinteticamente o relativo, tanto os budistas como os taoistas.

Para os chineses, o absoluto não é deste universo  , que comporta um Céu e uma Terra   destinados à ruína, que serão substituídos por um outro Céu e uma outra Terra; quer dizer que este universo não é a totalidade, mas dela é feito, pois é formado do Sopro do qual toda coisa é somente forma concentrada ou diluída. Todo ente  , toda existência, está ligada intrinsecamente à totalidade por sua substância, o sopro, e por sua estrutura  , pois todo ente é um microcosmo cujas diferentes partes se ordenam em ressonância com o conjunto  , o conjunto do universo sendo concebido como um sistema de relações e de interações, a vida e o mundo são apenas relações infinitas entre tudo o que existe, nenhum indivíduo   e nenhuma entidade podem existir isoladamente e por si mesmo  . Assim cada ente nada mais é que o cruzamento de forças e de situações diversas, um filtro que dá uma aspecto de realidade, um signo   de relações múltiplas, multidimensionais, com os outros. No entanto o mundo em sua totalidade não é supervisionado por nenhum absoluto; ele não é criado mas se auto-cria.

Para os taoistas, a coincidência entre o absoluto e o relativo se exprime por aquela que deve juntar o mundo "anterior   ao céu" ou numenal  , e o mundo «posterior ao céu» (Tian); é sobre o que trabalham os alquimistas que "extraem" os agentes «anteriores ao céu», pré-existenciais e eternos, figurados de múltiplas maneiras   (seja pelo traço yang   tomado no trigrama   (kan) (vide Trigramas) do I Ching  , e incluso nos dois   traços yin, seja pelo "sopro interior", por contraste com o "sopro exterior" que respira o homem   ordinário, seja por uma "centelha   yang" que está depositada no homem desde antes de sua concepção e desde antes do tempo para purificar e sublimar os agentes grosseiros "posteriores ao céu". [Excertos de "Les Notions philosophiques  ", PUF, 1990]

Mestre Eckhart

Segundo o estudo que John Caputo   fez sobre Eckhart, enquanto fonte mística do pensamento   de Martin Heidegger  , entendemos que um discurso sobre o Divino, Deus  , pode se dar por uma simples mas pungente afirmação “esse est deus”, ou seja, “ser é Deus”. É no Prólogo do Opus Tripartitum que Eckhart estabelece esta como sua “primeira proposição” da qual, cuidadosamente, praticamente tudo que pode ser conhecido de Deus pode ser deduzido. A proposição “esse est deus”, não é formulada como em Tomás de Aquino  , de modo invertido e mais comum, deus est suum esse, mas de modo mais extremo, “ser é Deus”. Tomás de Aquino, realista e aristotélico, enfatizava que as criaturas possuíam sua parte própria e proporcional em ser, enquanto Deus possuía a plenitude   ilimitada de ser ele mesmo. Mas o místico Eckhart, ao contrário, enfatiza ao máximo a dependência   radical das criaturas de Deus. Por si mesma, Eckhart diz, a criatura é “absolutamente nada” (nihil   penitus), uma “puro nada” (ein reines Nichts  ) nem mesmo algo módico. A criatura não tem ser “em si mesma” absolutamente, mas somente “em Deus”. As coisas criadas têm ser, Eckhart sustenta, assim como o ar tem luz. O ar não “possui” a luz  ; simplesmente a recebe enquanto o sol   o ilumina. A luz não é “enraizada” no ar, mas em sua fonte, o sol. Da mesma maneira, a criatura não “possui” ser, não tem “apreensão” dele, mas ao contrário continuamente recebe ser de sua fonte, ser ele mesmo. Ser é Deus, quer dizer, ser pertence propriamente somente a Deus, unicamente no qual é originalmente “enraizado”.

Frithjof Schuon

A prerrogativa do estado   humano constitui a objetividade cujo conteúdo essencial é o Absoluto. Não há conhecimento sem objetividade da inteligência, não há liberdade sem objetividade da vontade e não há nobreza sem objetividade da alma  . Em cada um dos três casos, a objetividade é ao mesmo tempo horizontal e vertical. O sujeito, seja intelectivo, volitivo ou afetivo, visa necessariamente tanto ao contingente quanto ao Absoluto: ao contingente, em virtude de   o próprio sujeito ser contingente e na medida em que ele é; e ao Absoluto, porque o sujeito se assemelha ao Absoluto por sua capacidade de objetividade.

Shankara   não cogita em negar a validade relativa dos exoterismos, que, por definição, se interessam pela consideração   de um Deus pessoal. Este é o Absoluto refletido no espelho   limitativo e diversificador de Maya  ; é Ishwara, o Príncipe criador, destruidor, salvador   e punidor, e o protótipo "relativamente absoluto" de todas as perfeições. Esse Deus pessoal e todo-poderoso é perfeitamente real em si e, principalmente, em relação ao mundo e ao homem; mas não está menos ligado a Maya que ao Absoluto propriamente dito.

Para Ramanuja  , a Divindade pessoal, o Deus criador e salvador, identifica-se com o Absoluto sem nenhuma restrição; segundo esse modo de ver, não há possibilidade de se considerar uma Atmâ ou uma Essência que transcenda uma Maya e, consequentemente, nem uma Maya que provoque ou determine a limitação   hipostática de uma Essência.

Há no homem uma subjetividade ou uma consciência feita para olhar o exterior e para perceber o mundo, seja este terrestre ou celeste. Além disso, há no homem uma consciência feita para olhar o interior, em direção ao Absoluto ou ao Si mesmo, seja esta visão relativamente separativa ou unitiva.

Em todo caso, a subjetividade humana é um prodígio tão inaudito que basta para provar tanto Deus como a imortalidade   da alma: Deus, porque essa subjetividade extraordinariamente ampla e profunda só se explica por um Absoluto que a prefigura substancialmente e que a projeta na acidência; e a imortalidade da alma, porque a qualidade   incomparável dessa subjetividade não encontra nenhuma razão suficiente ou nenhum motivo adequado à sua excelência, no âmbito estreito e efêmero da vida terrestre.

Está salvo o homem que compreende a razão de ser da subjetividade humana; ser, na relatividade, simultaneamente um espelho do Absoluto e um prolongamento da Subjetividade divina. Manifestar o Absoluto na contingência, o Infinito   na finitude, a Perfeição na imperfeição.

O véu é um mistério porque a Relatividade é um mistério. O Absoluto, ou o Incondicionado, é misterioso à força de evidência; mas o Relativo, ou o Condicionado, o é à força de ininteligibilidade. Se não podemos compreender o Absoluto, é porque sua luminosidade cega; em compensação, se não podemos compreender o Relativo, é porque sua obscuridade não oferece nenhum ponto de referência. Pelo menos é assim quando consideramos a Relatividade na sua aparência arbitrária, pois ela se torna inteligível na medida em que é veículo do Absoluto. A razão de ser do Relativo é ser veículo do Absoluto, velando-o. [O ESOTERISMO   COMO PRINCÍPIO E COMO VIA]

MacKenna

The First Hypostasis   of the Supreme Divine Triad is variously named: often it is simply ’THE FIRST’. Envisaged logically, or dialectically, it is THE ONE. Morally seen, it is THE GOOD; in various other uses or aspects it is THE SIMPLE, THE ABSOLUTE, THE TRANSCENDENCE, THE INFINITE, THE UNCONDITIONED; it is sometimes THE FATHER  . (Stephen MacKenna  )


A Primeira Hipóstase da Suprema Tríade Divina é chamada de modo variado: frequentemente é simplesmente "O Primeiro". Segundo um ponto de vista lógico, ou dialético, é o Uno  . Moralmente vista, é o Bem; em vários outros usos e aspectos é O Simples, O Absoluto, O Transcendente, O Infinito, O Incondicionado; algumas vezes o Pai. [John Dillon, Plotinus  , The Enneads]

Plotino

And how do we possess the Divinity? In that the Divinity is contained in the Intellectual-Principle and Authentic-Existence; and We come third in order after these two, for the We is constituted by a union of the supreme, the undivided   Soul - we read - and that Soul which is divided among [living] bodies. For, note, we inevitably think of the Soul, though one undivided in the All, as being present to bodies in division: in so far as any bodies are Animates, the Soul has given itself to each of the separate material masses; or rather it appears to be present in the bodies by the fact that it shines into them: it makes them living beings not by merging into body but by giving forth, without any change in itself, images or likenesses of itself like one face caught by many mirrors. Enneads: I. I. 8

Aristóteles

Tal vida seria, porém, superior à condição humana; com efeito, não viver  á assim enquanto homem mas enquanto nele reside algo divino; e quanto difere isto do composto, outro tanto excede essa atividade   da que se realiza segundo as demais virtudes. Ora, se o entendimento é algo divino em relação com o homem, também a vida conforme a ele é divina em relação com a vida humana. Não há que ter, como alguns aconselham, sentimentos humanos, visto que se é homem, nem mortais, já que se é mortal, mas imortalizar-se quanto é possível e fazer tudo para viver de acordo com o mais excelente que há em si; pois ainda que pequeno por sua massa  , por sua potência e dignidade   excede em muito todas as coisas. E pareceria que cada um de nós consiste nisto, se o principal é também o melhor. Seria, portanto, absurdo não escolher a própria vida mas a de algum outro. E isto está de acordo com o que dissemos anteriormente, pois o próprio de cada coisa, por natureza, é o mais excelente e agradável para cada coisa; e para o homem, por conseguinte, a vida segundo a inteligência, se o homem é isto primariamente. E esta vida é, ademais, a mais feliz. (Ética a Nicômaco, X, 1177 b 26-1178 a 8.)