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Enéada III, 9
Enéada III, 9 (13)

  

PLOTINO   - TRATADO 13 (III, 9) - CONSIDERAÇÕES DIVERSAS

Como o título que lhe deu Porfírio   quase o sugere, é uma colagem, uma espécie de coleta de parágrafos dos quais não se sabe muito se são excertos escolhidos, peças reportadas ou fragmentos conservados de outros tratados plotinianos. Sua unidade temática nada tem de manifesta, e algumas particularidades sintáxicas indicam que alguns destes textos faziam parte de desenvolvimento maiores. Se Porfírio reuniu estes nove parágrafos ao fim da terceira Enéade, é que certamente porque vários dentre eles portam pouco ou nada sobre o mundo e o papel que aí se encontra designado à alma. Ora, aí está o objeto comum dos tratados que Porfírio escolheu reunir nesta terceira Enéada, consagrada ao mundo e à providência natural. Mas os capítulos do tratado 13 se pronunciam ainda sobre outros objetos, que parecem por sua parte bem afastados da reflexão sobre o mundo ou sobre a alma. Assim é questão do Intelecto (cap. 1-2), do Uno (cap. 4 e 9), mas também notas breves sobre categorias ou termos escolásticos (por exemplo, sobre o ato e a potência). Plotino parece então responder a questões, ou propor colocações conceituais. Estas considerações, se elas nada têm em comum com os tratados sobre o mundo, têm em revanche um parentesco forte com os doze primeiros tratados redigidos por Plotino, e mais particularmente com aqueles dentre eles que se pronunciam sobre a natureza do Intelecto e sobre as relações que este último entretém com seu produto, a alma, ou bem com seu princípio, o Uno. [Brisson  ]


É notável que a maior parte dos capítulos desta miscelânea que forma este tratado, retomam dificuldades já encontradas, resumem ou perseguem definições ou reflexões que tinham encontrado um primeiro desenvolvimento em um tratado anterior; como se Plotino escolhesse enfrentar nestas notas dificuldades persistentes, e se propusesse então a precisar seu argumento, até resumi-lo. A este respeito, o exemplo oferecido pelo exame do caráter «indeterminado» (aoristos) da Alma como do Intelecto, que aqui evocam conjuntamente os capítulos 3 e 5, é particularmente sugestivo. Plotino tinha sustentado, especialmente no Tratado 10, que o produto do Uno que é o Intelecto é indeterminado, no «momento» que se volta para o Uno de onde saiu. A favor desta conversão, deste retorno, o Intelecto recebe uma determinação que não tem de pronto. Da mesma maneira, no início do Tratado 12, Plotino igualmente designa a Alma como uma certa indeterminação que recebe do Intelecto a determinação que faz dela precisamente, uma Alma. Esta hipótese de uma indeterminação no seio mesmo do inteligível é desfiadora, e ela ocupará vários dos desenvolvimentos plotinianos ulteriores; mas é uma questão que arrisca ser mal colocada se não se dissipa o equívoco associado à significação do termo indeterminado (aoristos). Compreende-se mal com efeito que a característica do Intelecto como da alma possa ser esta indeterminação que o Tratado 10 tinha no entanto dito que não convém ao isto que é, e sobretudo, no Tratado 12 afirmava por sua parte que era antes de tudo o próprio da matéria (Enéada II, 4  , 10). Assim é necessário precisar em que a alma é indeterminada ou indefinida. E é precisamente a que se propõe aqui os Enéada II, 9  , 3 e 1-10. Deve-se separar as Formas do Intelecto? 10-15. As formas não existem independentemente do Intelecto, pois o "vivente" é o Intelecto ele mesmo, mas examinado enquanto é inteligível. 15-20. O Intelecto é definido com a ajuda de dois "gêneros" do Sofista   de Platão  : o movimento e o repouso. O vivente, ou o inteligível que se encontra no Intelecto, é o Intelecto em repouso e permanece imanente ao inteligível que é seu conteúdo, sem ter atividade propriamente demiúrgica.

Capítulo 2: A alma humana, que é uma multiplicidade, deve se unificar em se identificando a seu intelecto, do mesmo modo como a ciência permanece una enquanto é uma multiplicidade de teoremas.

Capítulo 3: A Alma total permanece no inteligível quando as almas particulares, que dela provieram, são suscetíveis seja de descer na matéria, seja de permanecer no inteligível, seja de ocupar uma situação intermediária.

Capítulo 4: A relação do Uno ao múltiplo pode ser pensada em termos espaciais: o Uno é ao mesmo tempo em todo lugar e nenhum lugar.

Capítulo 5: A alma é análoga à vista e à matéria: indeterminada antes de ver o Intelecto, ela se determina o vendo.

Capítulo 6: O pensamento de si permite de descobrir a realidade de um pensamento superior.

Capítulo 7: O primeiro princípio está além do movimento e do repouso que dele provêm.

Capítulo 8: Sobre o ato e a potência

Capítulo 9: O primeiro princípio não pensa, do mesmo modo que não tem consciência dele mesmo ou que não vive: aí estão as características do Intelecto.