Míguez
6. Volvamos a la consideración de antes: ¿el cielo contiene solamente fuego o hay algo, además, que fluya de él, por lo cual necesite de alimento? Para Timeo el cuerpo del universo está compuesto primordialmente de tierra y de fuego; de fuego para hacerse visible, y de tierra para aparecer sólido. Concluye de aquí que los astros están compuestos en gran parte de fuego, pero no enteramente, ya que semejan tener solidez. Esto quizá sea verdad, dado que Platón cuenta para ello con una (…)
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Timeu / Timaeus / Timée / Τίμαιος / Timaios
PLATÃO - TIMEU. A construção do mundo
Estrutura do diálogo
- TIM 17a-27b: Prólogo
- TIM 17b-19b: O Estado ideal
- TIM 19b-20c: O Estado ideal em ação
- TIM 20c-21d: A gesta dos atenienses
- TIM 21e-23c: A narração de Sólon; suas fontes
- TIM 23d-24d: Atenas, a antiga
- TIM 24e-25d: Luta de Atenas contra Atlântida
- TIM 25d-27b: Crítias desenvolve o relato histórico
- TIM 27c-92c: A Exposição de Timeu
- TIM 27d-29d: A gênese do Universo sensível: o Modelo e o Demiurgo
- TIM 29d-47e: O Universo
- TIM 30c-31b: Universo é único
- TIM 31b-33a: Universo composto de quatro elementos
- TIM 33b-33d: Figura esférica do Universo
- TIM 34a-34a: Movimento circular do Universo
- TIM 34a-34b: Divindade do Universo
- TIM 34b-37c: A Alma do Mundo
- TIM 37c-39e: O Tempo
- TIM 38b-39e: Os Planetas, instrumentos do Tempo
- TIM 39e-42e: As quatro espécies de viventes
- TIM 40a-40d: Os Astros
- TIM 40d-41a: As Divindades mitológicas
- TIM 41a-42e: Os viventes mortais: alocução do Demiurgo
- TIM 42e-47e: Os viventes mortais. Sua alma unida a um corpo.
- TIM 44d-47e: Explicação da estrutura do corpo
- TIM 46c-47e: Mecanismo e Finalidade
- TIM 47e-52c: Explicação mecanista. Necessidade no Universo.
- TIM 48e-51b : Um terceiro gênero de ser, o Receptáculo
- TIM 51b-51e: Realidade das Ideias
- TIM 51e-52c: O Ser, o Devir e o Lugar
- TIM 52d-61c: A constituição dos corpos primeiros. O caos inicial.
- TIM 53c-53c: Determinações geométricas elementares
- TIM 53c-54d: Triângulos primitivos
- TIM 54d-55d: Sólidos regulares
- TIM 55d-57e: Os quatro corpos fundamentais
- TIM 56c-58e: Características dos quatro corpos fundamentais
- TIM 58e-61c: Variedades e alterações físicas dos corpos primeiros
- TIM 60b-61c: As terras
- TIM 61c-69a: As qualidades sensíveis. Psico-fisiologia das sensações.
- TIM 64a-65b: Prazer e dor
- TIM 65b-69a: Os sentidos especializados
- TIM 69a-90d: O Ser humano.
- TIM 70a-70d: Alma irascível. Coração.
- TIM 70d-73a: Alma apetitiva
- TIM 73b-76e: Anatomia e histologia
- TIM 76e-81e: Fisiologia
- TIM 81e-87b: Patologia
- TIM 86b-87b: Doenças da alma
- TIM 87c-90d: Terapêutica
- TIM 89d-90d: Harmonia da alma
- TIM 90e-92c: Os outros viventes
- TIM 92c-92c: Conclusão
Jean Brun
Excertos de Jean Brun , "Platão"
É a este tema que é dedicado o Timeu, que Brunschvig chama um «romance físico». Neste diálogo surgem muitos temas pitagóricos, a ponto de, desde a Antiguidade, correr uma lenda, relatada por Diógenes Laércio, segundo a qual Platão teria aproveitado uma viagem ao Egito para comprar a preço de ouro escritos secretos de Pitágoras e do seu discípulo Filolau, que teria depois plagiado no Timeu.
O mundo foi feito a partir de um «modelo» pelo Demiurgo. Esse modelo é o vivo em si, o mundo das ideias que permanece eterno e não conhece o devir. A cópia, essa, é aquilo que devêm sempre e nunca existe plenamente. O Demiurgo quis que todas as coisas fossem boas e fez o mundo de maneira a realizar uma obra que fosse, por natureza, a mais bela e a melhor. O mundo nasceu, portanto, da Providência do Deus.
Esse mundo é um vivo que possui uma Alma. Para a obter, já o vimos, o Demiurgo misturou o Mesmo e o Outro e obteve assim uma terceira substância; depois de ter misturado essas três substâncias dividiu a Alma do mundo segundo uma série geométrica pitagórica. Essa Alma do mundo está colocada no centro do mundo e estende-se através de todo o corpo e mesmo para lá dele (34 b).
O Deus criou então as quatro espécies de vivos: a espécie celeste dos deuses; moldados no fogo, têm uma face arredondada e avançam segundo a regra do Mesmo; ao lado desses deuses verdadeiros estão os deuses das lendas de Homero e Hesíodo ; os pássaros constituem a espécie alada que circula nos ares; os peixes a que vive na água; e na terra está a espécie que anda.
Nesta última inclui-se o homem. A sua alma é uma parte da Alma do Todo. As almas foram semeadas nos instrumentos do tempo, cada uma no que lhe convinha. O corpo no qual se encontra é uma mistura dos quatro elementos: a água, o ar, a terra e o fogo.
Mas ao lado do paradigma eterno e da sua cópia, Platão dá lugar a um «terceiro gênero» que ele chama de «receptáculo», «ama», «mãe», «vaso», «em que» (48 e e seg.), ou seja, a chora. Esta noção de receptáculo e de chora permanece ainda bastante obscura e foi interpretada de modos muito diferentes pelos comentadores [1]. No entanto, a maioria concorda em ver nela a «extensão», e parece de fato ser isso o «em que» de que nos fala Platão. Importa, no entanto, para compreender essa chora platônica, afastarmos tudo aquilo que essa noção de extensão pode significar, desde Descartes , para nós em geometria. A extensão de que nos fala Platão é no fundo aquilo «em que» as coisas estão separadas uma das outras; se repararmos que chora e choris pertencem à mesma família, talvez conviesse traduzir chora por deslocação, termo que contém ao mesmo tempo uma ideia de localização e a de uma cisão ou quebra que, em Platão, se inscrevem na construção do mundo, profundamente separado do seu modelo musical eterno visto que é rejeitado no tempo.
O tempo é para Platão a imagem móbil da eternidade, não é uma realidade que se basta a si própria. A verdadeira realidade em si é a eternidade que pertence apenas a esse paradigma a partir do qual se fez o mundo. A eternidade é o modo de ser das ideias que não nascem nem perecem, por isso «a expressão é» só se aplica à substância eterna. Ao contrário, era, será, são termos que convém guardar para aquilo que nasce e progride no Tempo. São de fato apenas mudanças; mas aquilo que é imutável e imutado não se torna mais velho nem mais novo com o Tempo, e, mesmo que assim fosse, não o é agora nem o será no futuro. Ao contrário, uma tal realidade não traz consigo nenhum dos acidentes que o devir implica para os termos que se movem na ordem sensível, mas esses acidentes são variedades do Tempo, que imita a eternidade e se desenvolve em círculos segundo o Número» (38 a). O Tempo e o devir são o domínio da geração e da corrupção, são eles que imprimem às coisas da terra esse carácter, que lhes retira a permanência e a estabilidade que pertencem apenas ao ser.
LÉXICO: Timeu
[1] Limitemo-nos a citar quatro obras essenciais para a compreensão do Timeu: PROCLUS, COMMENTAIRES SUR LE TIMÉE, trad. A.-J. Festugière (4 vols., Paris, 1966-1963). A. E. Taylor, A COMMENTARY ON PLATO’S TIMAEUS. J. Moreau, L’ÂME DU MONDE DE PLATON AUX STOÏCIENS. Th.-H. Martin, ETUDES SUR LE TIMÉE DE PLATON, 2 vol., Paris, 1841; rééd., Nova Iorque, 1976.