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Pérola Evangélica

  

Pérola Evangélica (1602)

OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS

Excertos da apresentação da excelente edição ricamente comentada de Daniel Vidal

A Pérola Evangélica é um texto do misticismo renano-flamengo, de uma beguina até aqui anônima, aparecido em 1535 por inciativa de um cartuxo de Colônia Thierry Loher. A tradução latina foi estabelecida por L. Surius, escritor ascético, e cartuxo, em 1545. Em 1602, os cartuxos de Paris oferecem a tradução francesa, aqui utilizada.

Esta obra é capital, duplamente. A Pérola é herdeira de todos os místicos que se decidiram, ao longo dos séculos, em países flamengos e alemãs. Herança literal, filiação conceitual. Mas ela descreve menos uma progressão de fé, do que se coloca de pronto no ponto de realização do percurso, onde a íntima fusão da criatura e de Deus torna indecidível a partilha das águas, o fiel inteiramente deiforme, e seu Deus imerso inteiramente em sua criação. A Pérola se dispõe assim rapidamente neste foro de toda demanda mística, em sua razão, seu ato essencial. Ela se entende desde então como exasperação espetacular dos místicos precedentes, sua súbita imposição como textos dispersos vindo a convergência, e moldagem de seu sentido em um enunciado emblemático.

Daí sua força de penetração no tecido cultural europeu. Sua tradução francesa, na aurora do século XVII, vai irrigar todas as redes e todas as escolas místicas do «século dos santos», da mística abstrata de Bento de Canfield, às realizações quietistas do puro amor. A Pérola tece um argumento de cumplicidade de extremo a outro do século, que permite ler Bérulle em já entendendo Francisco de Sales  , e de escutar as principais lições de Madame de Guyon em guardando lembrança de Jeanne de Chantal. Pois o dito da Pérola atravessa em uma única audácia de sentido e de indisciplina o conjunto dos lugares onde a criatura deve purgar suas paixões e se expandir na luz de seu deus.

  • PREFÁCIO
  • INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
  • LIVROS I-IV