O uso do mito em Platão é ainda objeto de controvérsia. As explicações baseadas na suposição de Platão se situar no limiar de uma passagem do mito à razão (v. Do Mito à Razão) são muito comuns, como explica Geneviève Droz (Les mythes platoniciens), inclusive reforçando seu argumento pelas próprias críticas encontradas em Platão aos poetas, ilusionistas mentirosos, rejeitando a ficção poética enquanto opinião incerta e suspeita. No entanto, surpreende a todos os estudiosos da Obra de Platão (...)
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eros / ἔρως / éros / érôs / ἔρωτος / erotos / agape / ἀγάπη / afeição / philia / φιλία / amizade / apreço / amictia / phileo / φιλέω / amar / philos / φίλος / amado / philodoria / philantropia / philologia / εὐδοκία / eudokia / boa-vontade / φιλαυτία / philautia / amor próprio / ishq
gr. ἔρως, éros, érôs: desejo, amor. Força de união e de engendramento, érôs, "desejo apaixonado", desempenha nas cosmogonias o papel de um modelo de atração, de fecundidade e de ordem ., aquele de uma causa motora e ordenadora.
gr. φιλία, philía (he): amizade, amor. Latim: amicitia. Laço afetivo entre dois seres humanos. Toma-se essa palavra no sentido estrito de afeição recíproca, ao passo que philía tem sentido bem mais amplo. Segundo Sócrates, análoga à atração entre semelhantes, como já enunciada pelos physikoi.
gr. philodoria = liberalidade; uma maneira de ser relativa ao fato de se enriquecer como se deve; saber, na desejada medida, abandonar o que se possui ou aí ajuntar.
gr. philanthropia = filantropia. Estado que leva a ser agradável e amical em suas relações com os outros; esta que dispõe o ser a um benfeitor; estado daquele que é gracioso ; a lembrança que se marca por um bem-fazer. [Platão]
Matérias
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Mitos Platônicos
24 de março de 2022 -
Freire : Sócrates e o seu daimonion
24 de março de 2022Excertos de "Teísmo helênico e ateísmos actual", de António Freire.
Para os antigos como para os modernos, o daimónion de Sócrates tem sido um enigma, verdadeira crux philosophorum. O daímon começou por ser o destino. Para os Gregos primitivos era daimónion, «demoníaco», tudo o que tinha carácter fatal, sobre-humano, que não obedecia a leis compreensíveis, que envolvia uma desgraça, que era temeroso.
Já no tempo de Cristo e na linguagem evangélica da Koiné popular, «possessões do (...) -
Platão (Fedro 245c-252b) – Doutrina da Alma
13 de julho, por Cardoso de CastroAntes porém convém saber a verdade acerca da natureza da alma divina e humana, atendendo a suas atividades e a suas paixões. Começaremos da seguinte maneira:
Toda alma é imortal. Efetivamente, tudo o que se move eternamente é imortal, pois o que é veículo de movimento ou o que é movido de fora, uma vez cessado o movimento deixa de viver. Só aquilo que se move a si mesmo, como nunca está fora de si, nunca deixa de receber movimento e além disso é a origem e o princípio do movimento para (...) -
Plotino - Tratado 9,9 (VI, 9, 9) — A vida verdadeira é na união com o Uno
26 de março de 2022, por Cardoso de CastroCapítulo 9: A vida verdadeira é na união com o Uno 1-13. O Uno produz todas as coisas sem ser diminuído de modo algum. 13-24. Unida ao Uno, a alma engendra as virtudes e a beleza. 24-38. A alma ama o Uno de um amor puro que é diferente do amor "vulgar" daqui de baixo. 38-60. Deve-se fugir do mundo daqui de baixo e reencontrar o amor puro que nos permite alcançar até o Uno, para só ser um com ele.
Tradução desde MacKenna
9. Nesta dança, vê-se a fonte da vida, a fonte do intelecto, o (...) -
Plotino - Tratado 8,3 (IV, 9, 3) — Explicação da simpatia universal e unidade universal
16 de maio de 2022, por Cardoso de CastroCapítulos 2 e 3: Respostas às dificuldades e às objeções Cap. 2. A alma é una e indivisível enquanto alma, mas se divide na multiplicidade dos corpos. Cap. 3, 1-9. Explicação da simpatia universal como efeito da unidade da alma Cap. 3, 10-fim. A diversidade das faculdades da alma não contraria sua unidade universal.
Míguez
3. Ciertamente, otro razonamiento nos dice, por el contrario, que mantenemos unos con otros una simpatía reciproca, que ante algo que ven nuestros ojos compartimos (...) -
Betanzos (FBPL) – citações de Baader (amor)
5 de setembro de 2022BETANZOS, Ramon J.. Franz von Baader’s Philosophy of Love. Wien : Passagen-Verl., 1998
tradução
Eros é, portanto, a norma básica para todos os valores — dos valores da vida aos valores ideais mais elevados; não se pode restringi-lo, então, ao “amor à vida” (Vitalliebe) ou ao amor sexual ou ao amor “intelectual”; pois, em todos os casos, estaria excluído o conceito básico de participação do núcleo (des Kerns) de uma pessoa finita no Ser essencial. [J. Sauter, Baader] Assim como todos (...) -
Ferreira da Silva: O Andróptero
24 de março de 2022FERREIRA DA SILVA, Vicente. Dialética das Consciências. São Paulo: É Realizações, 2009, p. 25-30.
Qual seria nossa surpresa se encontrássemos, ao abrir uma obra de filosofia, um capítulo dedicado não às formas puras, mas às formas ctônicas da Geografia! É certo que não acharíamos, de golpe, senso algum nessa aproximação, pois que concordâncias estabelecer entre as descrições objetivas e isentas da Geografia e o vulcanismo da alma, entre os cenários milenares dos rios e montanhas e o (...) -
Torrano (Teogonia) – Quatro Fases - Quatro Zonas
24 de março de 2022, por Cardoso de CastroNa primeira fase contam-se quatro Divindades primordiais: Caos, Terra, Tártaro "no fundo da Terra" e Eros. Caos e Eros são princípios dinâmicos substanciais que presidem dois modos antí-téticos de procriação: por cissiparidade (Kháos significa "Cissor") e por acasalamento (Éros, "Amor"), e assim ambos são paredros da Terra por ser ela "de todos sede sempre irresvalável". No fundo mé-ôntico da sede sempre irresvalável, Tártaro espelha uma contra-imagem, porque Tártaro pertence à Deusa Terra (...)
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Plotino - Tratado 28,40 (IV, 4, 40) — A Magia
12 de maio de 2022, por Cardoso de CastroCapítulos 30-45: A influência dos astros é devida à simpatia.
Míguez
40. Pero, ¿cómo explicar las artes del encantamiento? Sin duda, por la simpatía, ya que hay un acuerdo natural entre las cosas semejantes, así como hostilidad entre las cosas diferentes, colaborando verdaderamente muchas y variadas potencias a la unidad del ser universal. Por otra parte, se siguen y se producen muchos encantamientos sin intervención de las artes de la magia; la verdadera magia ha de atribuirse a la (...) -
Os Pré-socráticos e as Tragédias
24 de março de 2022Não apenas os beócios é que não pensam. Os próprios atenienses renunciaram ao pensamento quando em Sócrates, Platão e Aristóteles a filosofia inaugurou sua avalanche histórica. Para Hegel, a filosofia é uma época concentrada em pensamentos. Para os primeiros pensadores, pensar é acordar o não pensado, acionar a inércia de pensamento de uma tradição histórica. É o que fizeram recuperando a tragédia da poesia e mitologia vigente na consciência de sua época, da religião, da política, da (...)
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Nygren (EA:64-73) – L’originalité de la communion chrétienne avec Dieu.
26 de setembro de 2007, por Cardoso de CastroErôs et Agapè. La notion chrétienne de l’amour et ses transformations. Aubier, 1944
Chapitre premier - L’Agapè.
I - L’ « Agapè » et la communion avec Dieu.
2. — L’originalité de la communion chrétienne avec Dieu.
On peut observer aux heures décisives de l’histoire religieuse, au moment où jaillit un élément nouveau, que bien que l’on ait conscience des réalités qui apparaissent, on reste attaché aux valeurs anciennes déjà données. Ce n’est pas aussi extraordinaire qu’il peut (...) -
Fernandes (FC:67-72) – a questão do método
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 67-72]
A noção de “metodologia é muito ambiciosa, pois a logia da palavra ‘metodologia’ sugere que se possa usar a lógica para [67] conhecer o método. Ora, “método”, por sua vez, é o caminho para uma meta. De que maneira a lógica nos poderia ajudar a conhecer esse caminho? A implicação material parece ser a única relação lógica não-trivial, neste (...) -
Platão (Fedro:257b-259d) — Crítica sobre a forma do discurso de Lysias
9 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroIntrodução (257b-259d) reprovou-se Lysias de ser um logógrafo o problema: falar bem ou mal, escreve bem ou mal necessidade de tratar o problema: o mito das cigarras
Nunes
FEDRO: - Junto minha prece à tua, caro Sócrates, para que isso se realize. Quanto a teu discurso, ele me causa admiração, e tanto mais quanto sua beleza ultrapassa a do primeiro. Receio que Lísias se mostre impotente, caso queira escrever outro discurso para rivalizar com esse. Foi bem por causa disso, meu amigo, (...) -
Platão (Banquete:180c-185e) – Duas Afrodites
6 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroNunes
De Fedro foi mais ou menos este o discurso que pronunciou, no dizer de Aristodemo; depois de Fedro houve alguns outros de que ele não se lembrava bem, os quais deixou de lado, passando a contar o de Pausânias. Disse este: “Não me parece bela, ó Fedro, a maneira como nos foi proposto o discurso, essa simples prescrição de um elogio ao Amor. Se, com efeito, um fosse o Amor, muito bem estaria; na realidade porém, não é ele um só; e não sendo um só, é mais acertado primeiro dizer qual (...) -
Plotino - Tratado 20,1 (I, 3, 1) — A dialética como método de escalada
17 de janeiro de 2022, por Cardoso de CastroCapítulo 1. A dialética como método de escalada: o músico, o amante e o filósofo. 1-2. A dialética é o método que faz subir onde é preciso ir. 2-5. A meta da escalada: o Bem. 5-10: O músico, o amante e o filósofo que evoca o Fédro são aqueles que se elevam. 11-15. A explicação da escalada e as duas etapas. 20-35. O músico emocionado pelo belo.
Tradução desde MacKenna
1. Que arte há, que método, que disciplina para nos aportar aí onde devemos ir?
O Termo que devemos alcançar podemos (...) -
Platão: eidos
24 de março de 20226. A origem da teoria deve ser procurada mais na fonte. Sócrates estivera interessado em definir qualidades éticas (ver Metafísica 987b), provavelmente como reação contra o relativismo sofistico (ver nomos), e há razão para acreditar que os eide platônicos eram versões hipostasiadas precisamente dessas definições (logoi; ver Fédon 99e, Metafísica 987b, e comparar a conexão com a predicação, infra). De fato, nos «Diálogos Socráticos» pode ver-se o próprio Sócrates movendo-se em tal direção (...)
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Ferreira da Silva (TM:101-105) — A nova compreensão do ser
11 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[FERREIRA DA SILVA, Vicente. Transcendência do Mundo. São Paulo: É Realizações, 2010, p. 101-105]
“Introdução à Filosofia da Mitologia”, Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, v. 5, fase. 20, out./dez. 1955, p. 554-566. A pedido do filósofo Ernesto Grassi, este trabalho foi publicado na revista italiana Aut-Aut, em 1956, sob o título: “La Mitologia e l’Esperienza Tropica dell’Essere”.
Como encontramos diversas vezes afirmado nos trabalhos de Heidegger, é necessário renunciar às (...) -
Daniélou: ORIGÈNE ET LE MILIEU PHILOSOPHIQUE
13 de novembro de 2008, por Cardoso de CastroExtrait d’Origène, par Jean Daniélou. La Table Ronde, 1948.
Les chapitres précédents nous ont montré que la vie et la pensée d’Origène plongeaient dans la communauté chrétienne, dans sa foi, dans ses sacrements, dans son idéal de sainteté. Mais, par ailleurs, la pensée d’Origine s’est aussi définie en fonction de la philosophie grecque de son temps. Nous avons vu dans quelles circonstances Origène a été amené à étudier la philosophie. Ce n’est pas, comme Justin ou Clément, un philosophe (...) -
Plotino - Tratado 50,3 (III, 5, 3) — O deus Eros nasceu da Afrodite celeste que representa a alma divina
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroCap 3: O deus Eros nasceu da Afrodite celeste que representa a alma divina. A segunda Afrodite, que representa a alma do mundo, engendra em seguida um Eros interior ao mundo linhas 1-6: Eros é uma realidade que provém da atividade da alma voltada para o Intelecto, como a alma divina provém da atividade do Intelecto voltada para o Uno. linhas 6-21: Nascido da alma divina que contempla intensamente, Eros deve sua existência à visão (horasis) e encontra ele também sua satisfação em contemplar (...)
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Platão (Banquete:174a-178a) — Prólogo
17 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroMartínez
APOL. —Pues bien, fueron más o menos los siguientes… Pero, mejor, intentaré contároslos desde el principio, como Aristodemo los [174a] contó.
»Me dijo, en efecto, Aristodemo que se había tropezado con Sócrates, lavado y con las sandalias puestas, lo cual éste hacía pocas veces, y que al preguntarle adónde iba tan elegante le respondió:
—A la comida en casa de Agatón. Pues ayer logré esquivarlo en la celebración de su victoria, horrorizado por la aglomeración. Pero convine en (...)