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ergon / ἔργον / ἐργάζομαι / ergazomai / obrar / poneo / πονέω / trabalhar / esforçar-se / ocupar-se / penar / fatigar-se / afligir-se / πόνος / ponos / πόνου / ponou / trabalho / pena / fadiga / ἄπονος / ἀπονία / aponía / indolor / ausência de dor / misthon / μισθός / salário / recompensa

  

gr. ἔργον, érgon: obra, fazimento, produto, função. Aristóteles distingue as atividades que têm um produto exterior delas mesmas como seu fim, daquelas que não têm.


gr. πονέω, poneo, πόνος, πόνου, ponos, ponou, trabalhar, esforçar-se, ocupar-se, sofrer, fatigar-se, afligir-se, trabalho, pena, fadiga
gr. ἀπονία, aponía: ausência de dor. Epicuro   detecta um outro tipo de prazer mais puro além do corretivo «preenchimento» de uma necessidade física que está, afinal, sutilmente misturada com a dor (ver o comentário perceptivo de Sócrates no Fédon   60b). Este prazer mais puro não é então o prazer cinético da anaplerosis, mas o prazer estático (katastematike) do equilíbrio, a ausência de dor (algos) do corpo (aponia) e a ausência de perturbação da alma (ataraxia).

Notions philosophiques

De etimologia controversa este termo grego está na origem de uma terminologia considerável nas línguas indo-europeias. Ele designa na origem a obra, o produto, mas também o trabalho e a função. Ergon pode com efeito exprimir também o resultado de um atividade ou de um trabalho assim como a característica própria desta atividade ou sua função (Aristóteles Ética a Nicômaco I 1, 1094a). Este traço permite a Aristóteles de distinguir as atividades que têm um produto no exterior delas mesmas como seu fim, daquela que disto não têm (vide praxis, poiesis). Em Metafísica 108, 1050a21, Aristóteles identifica a função, o fim (telos e o ato (energeia): são os conceitos que exprimem a realização do ser, sem conclusão, sua entelechia. Todo ser que tem a um ergon existe para este ergon (De Caelo, II 3, 286 a8-9).

Platão deu uma significação ética ao conceito de função própria: aquilo que um ser ou uma parte da alma cumpre melhor (República   I, 353a), abrindo assim a via à determinação da excelência correspondente (arete). Platão e Aristóteles estabeleceram, no quadro da ética, a questão do ergon próprio do homem: Platão o identificava à reflexão e à deliberação, cuja virtude particular é a justiça, enquanto Aristóteles falou de uma energeia da alma conforme ao logos (Ética a Nicômaco 16, 1098a). [Notions philosophiques  ]

Coenen & Brown

NT ergazomai, "labutar", "ser ativo", "levar a efeito", "obrar", ocorre no NT 41 vezes (18 em Paulo), ergon, "obra", 169 vezes (Paulo 68 vezes, inclusive as Epístolas Pastorais 20; João, 27; Apocalipse, 29; Tiago, 15; Mateus  , 6; Marcos e Lucas  , duas vezes cada; Hebreus, 9; Atos, 10; 1 e 2 Pedro, duas vezes cada; as Epístolas Joaninas, 5; e Judas, uma vez), ergasia, "negócio", 6 vezes (4 em Atos e uma vez cada em Lucas e Efésios), e ergatés, "operário", 16 vezes (Sinóticos, 10 vezes; 4 vezes em Atos; e uma vez cada em João e Paulo). Os significados básicos do grupo de palavras no NT correspondem àqueles que foram mencionados supra em CL 1. Ap 18:7 é digno de nota: "obrar o mar" significa "navegar", ergon fica lado a lado com logos (palavra; e.g. em Lc 24:19; At 7:22; 2 Ts 2:17; 2 Co 10:11), bem como boule ("plano", "intenção"; At 5:38). Como designação das ações do crente, ergon pode ser usado como sinônimo de karpos, fruto. As expressões ergon ou ergazesthai, "operar uma obra" (e.g. Mt 26:10 par. Mc   14:6; Jo 3:21; 6:28; 9:4; At 13:41; 1 Co 16:10), são comuns. Como sinônimos, há ergon e o plur. erga poiein, "fazer uma obra" (Mt 23:3, 5; Jo 5:36; 7:21; 8:31; 10:38; 14:10, 12; 15:24; 2 Tm 4:5; 3 Jo 10; Ap 2:5; cf. Tg   1:25, poiêtès), e em um lugar erga prassein (At 26:20).

1. (a) Nos Evangelhos   Sinóticos o uso teológico do grupo de palavras pode ser detectado, ergazesthai denota a atividade em um sentido bastante geral (cf. Lc 13:14; Mt 21:28, na vinha), a realização de alguma obra (e.g. Mt 26:10 par. Mc 14:6, a unção em Betânia). Há um matiz distinto no significado de ergasia em Lc 12:58, onde é melhor traduzida "esforçar-se", ergates, cujo uso é relativamente comum, denota (de acordo com seu sentido natural) alguém que obra por um salário (Mt 20:1,2, 8), e depois, uma "testemunha" que está a serviço de Cristo e que é enviado ao mundo (Mt 9:37-38 par. Lc 10:2), mas também um "malfeitor", ergates adikias, que não ficará firme no julgamento (Lc 13:27; cf. Mt 7:23). Ao passo que os fariseus são censurados por Jesus porque fazem suas obras "com o fim de serem vistos dos homens" (Mt 23:5), o ato da mulher que O ungiu é chamado ergon kalon, "uma bela ação", Mt 26:10 par. Mc 14:6; e os discípulos são exortados assim: "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt 5:16; cf. 1 Pe 2:12). Os Sinóticos certamente ressaltam que o homem não tem reivindicações legais diante de Deus a qualquer remuneração específica pelos seus atos (cf. Lc 17:10; Mt 20:1-16); mas colocam bem claramente a pergunta desafiadora quanto aos frutos da fé. W. Joest chega ao ponto de dizer: "A parênese sinótica livra a obra do discípulo da securitas baseada na soberba do mérito, mas não do temor de ganhar ou perder a salvação" (Gesetz und Freiheit, 19613, 160).

ergon é relacionado com a obra de Cristo em Mt 11:2 e Lc 24:19, onde abrange Sua operação eficaz em ações e palavras.

(b) No Evangelho segundo João, o grupo de palavras é usado especificamente para ilustrar a atividade sem igual de Jesus, que está inextricavelmente vinculada com a operação de Deus Pai, como (e.g.) Jo 5:17 dá testemunho: "Meu Pai obra até agora, e eu obro também" (cf. Jo 4:34; 17:4). Jesus entende Sua atuação como o cumprimento da Sua missão divinamente estabelecida (cf. Jo 9:4; 5:36; 10:25), que procura despertar fé nAquele que foi enviado como o Revelador de Deus (cf. Jo 6:29). Os milagres de Jesus também servem a este fim (Milagres de Jesus, art. semeion, Jo 14:11- cf 10:25). Na obra revelatória de Jesus, que também é "a obra do Juiz" (R. Bultmann The Gospel of John, 1971, 246), os espíritos se dividem (cf. Jo 3:19-21; 15:24); o descrente já não tem qualquer desculpa pelo seu pecado (Jo 15:22 e segs.). O crente do outro lado, recebe a promessa de que fará obras ainda maiores do que as de Jesus (Jo 14:12). As obras feitas "em Deus" (en theo Jo 3:21) contrastam-se com erga ponera, "obras más" (Jo 3:19; 7:7; cf. 1 Jo 3:12), que são praticadas em comunhão com o diabo (Jo 8:41, 44; cf. 1 Jo 3:8). Em João, portanto, o conceito de operar obtém sua estrutura teológica da sua base cristológica, do seu ponto de partida na obra de Jesus como Revelador. ("Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento", de Coenen & Brown)

Antonio Orbe

El anónimo autor del sermón (DE CENTESIMA, SEXAGÉSIMA, TRICESIMA) editado por R. Reitzenstein representa una ideología arcaica bastante compleja. Yo me contento con señalar su alusión a nuestra parábola (Trabalhadores da Vinha).

El día de obra dura, al parecer, lo que este mundo. Labrar la viña es «permanecer en los preceptos del Altísimo». El anónimo le confiere un aspecto de probación. Todo hombre es luchador («agonista»), tanto o más que labrador. Y por doble título: en cuerpo — con castidad y pureza carnal — , y en espíritu, con incorrupción de mente.

Sólo así, bien probado, redondea el operario su galardón («mercedem perficiamus»), sacando partido del cuerpo y del espíritu. [Parábolas Evangélicas em São Irineu  ]

Pierre Gordon

Até quanto se pode julgar por certos textos antigos, parece que o primeiro homem, na facilidade de conhecimento e de ação que lhe valia sua tecedura ao ser, esqueceu que seu pensamento tinha, como reverso, matéria terrestre. Com efeito, com a privação da Árvore de Vida (Gen 3,22), quer dizer a impossibilidade de apreender diretamente a matéria sob sua forma radiante, a ideia sobre a qual o Gênesis insiste mais, é que o homem foi formado do «pó» de nosso globo. Uma vez rebatido sobre este pó pela ocultação, o super-homem foi forçado a obrar este solo, onde ele recolhia anteriormente sem esforço aquilo que tinha necessidade. O que visa não somente a substituição do trabalho físico à vida contemplativa inicial, mas, de uma maneira indireta, o afundamento no conhecimento sensível, condição de exploração da terra. O pensamento, em mudando de nível, e em se privando desta alta ciência que, o integrando no ser, lhe permitia alimentar seu corpo sem esforço pelo fato mesmo que ele se alimentava ele mesmo de Deus, se tornou constrangido a passar pelo intermediário da terra ao mesmo tempo para se alimentar de ideias e para alimentar o corpo, — as duas coisas que outrora não faziam senão uma só de alguma forma, sendo doravante separadas. [A REVELAÇÃO PRIMITIVA]