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ponto

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

No momento, as perspectivas de que a presente crise da Ciência e da tecnologia modernas desenvolvam-se e solucionem-se de modo tão plenamente benéfico não parecem ser particularmente boas. Chegamos à nossa atual capacidade para “conquistar o espaço” mediante a nova aptidão de manejar a natureza de um ponto no universo exterior à terra, pois é isso o que efetivamente fazemos ao liberarmos processos energéticos que ordinariamente dão-se apenas no sol, ou ao tentarmos iniciar “em um tubo de ensaio os processos da evolução cósmica, ou construir máquinas para a produção e controle de energias desconhecidas no âmbito doméstico da natureza terrestre. Sem que, por enquanto, ocupemos efetivamente o ponto em que Arquimedes ambicionara se postar, descobrimos uma maneira de agir sobre a terra como se dispuséssemos da natureza terrestre a partir de seu exterior, do ponto do “observador suspenso livremente no espaço”, de Einstein. Se, desse ponto, olhamos para o que se passa na terra e para as diversas atividades dos homens, isto é, se aplicamos o ponto arquimediano a nós mesmos, essas atividades nos parecerão então, de fato, nada mais que “comportamento manifesto”, que podemos estudar com os mesmos métodos que utilizamos no estudo do comportamento de ratos. Vistos a suficiente distância, os carros em que viajamos e que, o sabemos, os construímos nós mesmos, parecerão como se fossem, como disse verta vez Heisenberg  , “uma parte tão irredutível de nós mesmos como a concha do caracol o é para seu ocupante”. Todo nosso orgulho pelo que podemos fazer desaparecerá em uma espécie de mutação da raça humana; a totalidade da tecnologia, vista desse ponto, de fato não mais parece ser “o resultado de um esforço humano consciente para estender os poderes materiais do homem, mas antes um processo biológico em larga escala” [The Physicist’s Conception of Nature, New York, 1958, p. 18-19]. Sob tais circunstâncias, a fala e a linguagem cotidiana de fato não mais seriam uma expressão plena de sentido que transcende o comportamento mesmo que apenas o expresse, e seria substituída, com mais vantagem, pelo formalismo extremo e em si mesmo destituído de sentido dos símbolos matemáticos. [ArendtPF:C8]


LÉXICO: ponto