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mitologia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

A mitologia é a abertura de um regime de fascinação. Ela não pode ser compreendida, como querem muitos, a modo de qualquer criação imaginativa ex homo, ou como qualquer projeção psicológica da mente inconsciente da humanidade. Todo o complexo humano, consciente ou inconsciente, é descerrado simultaneamente com o descerrar-se da totalidade do ente, a partir das potências míticas originais. Os conteúdos do relato mítico e a cosmografia revelada nesse saber remetem-nos às coisas mesmas, instalando-nos num mundo de presenças reais e imperiosas. A configuração das coisas presentes nesse cosmos é esboçada e estilizada pelo projeto-fascinante, que faz com que ela se alteie em sua identidade intramundana própria. Todas as coisas são coisas míticas. [VFSTM  ]


Essa é a tese que já encontramos plenamente determinada na obra de Schelling   – Filosofia da Arte – sob o título de “A Universalidade e a Infinitude constituem a caráter da verdadeira mitologia”: “Segundo o exposto no parágrafo 34, [a verdadeira mitologia] só é possível na medida em que está desenvolvida em sua totalidade, e enquanto representa o universo prototípico. Nesse, não só todas as coisas, senão todas as relações das coisas existem ao mesmo tempo como possibilidades absolutas; o mesmo deve ocorrer na mitologia enquanto universalidade. Mas como no universo em si, no mundo prototípico, do qual a mitologia é representação imediata, passado e futuro se identificam, o mesmo deve ocorrer na mitologia. Não só deve representar o presente e o passado, como também deve abarcar o futuro; tem que estar adaptada ou adequar-se de antemão, como por uma antecipação profética, a situações futuras e aos infinitos processos do tempo, isto é, deve ser infinita. Essa infinitude expressa-se diante do intelecto, afirmando que nenhuma inteligência é capaz [169] de desenvolvê-la totalmente, que nela existe uma possibilidade infinita de estabelecer sempre novas relações”. [F. W. J. Schelling, Filosofia del Arte. Trad. E. Taberning. Buenos Aires, Nova, 1949, p. 61] [VFSTM:169-170]
LÉXICO: mitologia