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passividade

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

O que se procura na análise ética é precisamente uma possibilidade que transcenda uma tal afecção e seja mais do que um mero movimento reativo ao que de cada vez acontece. O que se pretende é poder constituir uma disposição, ἕξις, que, enquanto modo de ser adquirido permita ultrapassar a passividade patológica e orientar os movimentos de reação dando-lhes um sentido. É através da constituição permanente destas disposições que se forma o caráter. Uma tal constituição depende de se operar uma dissociação entre o plano passivo, em que as mais diversas afecções nos deixam de cada vez em estados diferentes, e um outro plano ativo a constituir-se como disposição permanente do caráter. Só a partir de um tal horizonte, ativamente constituído, é possível apurar do sentido dos movimentos de perseguição e fuga que de cada vez se predefinem. Isto é, se serão encaminhamentos com sentido, ou se, finalmente, percorridos esses lances, não acontecerá, precisamente, deixar-nos numa situação pior do que aquela de que partíramos. A constituição de uma disposição do caráter é uma possibilidade extrema do Humano. O esforço de apropriação desse modo de ser é a atividade específica do Humano enquanto Humano: a tentativa de transcender a condição que naturalmente tende a confiná-lo no âmbito da patologia e da mera passividade. [CaeiroEN  :12-13]


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