Vivemos sempre em relação a certos pontos cardeais ordenados em função de certas orientações que enquadram os nossos movimentos. Essa estrutura orientada da nossa vida não é um fato meramente físico ou material, mas abrange a totalidade de nossas disposições espirituais.

No fenômeno do tempo, deparamos com as grandes orientações do passado e do futuro, a partir da presença instantânea do presente. No espaço, encontramos as orientações que nos situam num complexo de movimentos ordenáveis e suscetíveis de uma seriação inteligível. No campo da inteligência e dos valores também não podemos prescindir da ideia central de orientação, de uma escala ordenadora que permite o desdobrar-se de um mais e de um menos, de uma atividade e de uma repulsividade.

A importância dessa ideia afirma-se também no que respeita à nossa relação de seres finitos e contingentes, com os grandes termos de começo e de fim. É inútil realçar o significado que esses conceitos, de origem e fim das coisas, sempre exerceram na imaginação religiosa e filosófica dos povos. [VFSTM  :219-220]