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época

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  
Eudoro

Elegi esta fórmula breve [‘presença do presente’] no intento de expressar a ideia de que o presente, qualquer presente que se fixe ao longo do eixo cronológico, para trás ou para diante deste em que nos encontramos, não deve ser considerado como um ponto. Um ponto não tem dimensões; mas a presença do presente — se persistimos na imagem da reta axial do tempo histórico — é um segmento mais ou menos extenso e, por isso, dimensionável. Só que não queremos deixar no indefinido e no indeterminado a sua dimensão linear: a presença do presente estende-se da «antiguidade» à «atualidade» (ou o inverso). Substituímos, portanto, a oposição mais abstrata, que se dá em presente e passado, por outra, mais concreta: a de atual e antigo, dentro de cada época, e entendendo «época» como «presença de um presente». Dentro de uma época, a atualidade que a individualiza e caracteriza atrai a si, por força retroativa, a sua própria antiguidade. Para cada atualidade epocal há uma certa antiguidade, que é atualidade mais ou menos distante; como, para cada antiguidade epocal há uma certa atualidade, que é antiguidade mais ou menos instante. De modo que também posso dizer que, em cada época histórica (presença do presente que lhe é próprio), a sua mais remota antiguidade é feita de atualidade posta à distância maior do que todas as distâncias. A História está condicionada a percorrer o espaço (ou o tempo) que medeia entre uma antiguidade e uma atualidade conexas, porque situadas, ambas, nos extremos do segmento representativo de uma forma específica da presença do presente. Portanto, digamos que não há atualidade que se refira a uma [340] antiguidade absoluta, isto é, dela separada ou separável. Qualquer atualidade tem sua própria antiguidade; diríamos até que só tem a antiguidade que merece. [EudoroMito:340-341]


Mattéi

O mito das raças segue o mito de Pandora no início de Dos Trabalhos de dos Dias (v. 109-201) encadeando cinco episódios aparentemente articulados de maneira clara e coerente. No tempo de Kronos, os Imortais do Olímpio criaram uma primeira raça de homens mortais em ouro que viviam como deuses, desnudados de toda preocupação, pois não conheciam a velhice; a morte os levava docemente em seu sono. A terra produzia então colheitas generosas, sem esforço, e cada um vivia na paz entre numerosos bens. Zeus transformou os homens desta raça em sua disparição em "demônios epictonianos" que guardam sobre a terra os mortais. Em seguida os habitantes do Olímpio criaram uma raça de prata que nada tinha de comum com a precedente, votada à medida (dike), nem pelo crescimento nem pelo pensamento. Os filhos cresciam durante cem anos ao lado de suas mães, depois, caindo na desmesura (hybris), acabavam morrendo após a adolescência. Eles não rendiam culto aos Imortais nem não faziam sacrifícios aos Bem-aventurados segundo a "lei" (themis) que governa todos os homens. A sua morte, Zeus o Kronida deles fez demônios inferiores, "hipoctonianos", que têm sua morada sob a terra. A separação das idades de Kronos e de Zeus se efetua, como se vê, ao final da idade de ouro posto que os primeiros homens viviam no reino de Kronos e que as duas raças são transformadas por Zeus cuja realeza começou.

O Pai dos deuses criou então, só, uma terceira raça, aquela de bronze, que se livra como a raça de prata a uma louca desmesura (hybris) no curso de seus perpétuos combates. Os guerreiros não conhecem o trigo e vivem em um mundo de violência onde tudo, das armas às casas, é feito de bronze. Eles acabarão por cair sob seus próprios golpes e descerão ao Hades sem deixar qualquer nome. A quarta raça, de novo devida ao filho de Kronos, é mais justa e mais brava que a precedente. Trata-se da raça dos heróis, ou dos semideuses, que precedeu a idade atual onde viveu Hesíodo sobre a "terra sem limites". Eles morrerão corajosamente em Tebas, em Cadmos ou em Troia, e Zeus recompensará os melhores dentre eles nos estabelecendo nas ilhas dos Bem-aventurados "nos confins da terra". Enfim a quinta raça de homens, entre os quais o poeta se desola de viver, é a dura raça de ferro. Eles sofrem fatigas de dia e angústias de noite, e se afundam pouco a pouco em um mundo de injustiça e de excesso (hybris) onde os pais, os amigos e os hóspedes não são mais respeitados. Diante esta miséria universal, Aidos e Nemesis, "Honra" e "Pudor", deixarão para sempre a terra para subir para os Imortais, deixando a última raça ao abandono. Os ciclos são cumpridos: não haverá mais qualquer recurso contra o mal que envadiu todo o campo da existência humana.



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