Não é apenas o sofrimento o que não admite a permanência do humano numa boa disposição [Prot., 344c1]. «O ser derrotado pelo prazer ou pelo sofrimento ou por qualquer outro destes fenômenos que nos dominam é o que leva a fazer aquilo que se faz» [Prot., 352d-e]. A disposição que se constitui quando nos tornamos aptos por um instante pode a todo o momento ser dissipada até pelo prazer (ἡδονή) que se faz sentir [Prot., 352b7]. Embora tendencialmente identifiquemos o afeto (πάθος) com a depressão (λύπη), a lucidez (ψυχή) humana pode ser afetada pelo prazer (ἡδονή) [1]. O domínio patológico verifica-se tanto quando somos dominados pela depressão (λύπη) como quando se é diminuído pelo prazer (ἡδονή) [Prot., 353a5], isto é, quando «somos dominados por aquelas coisas que são agradáveis», o prazer da comida, da bebida e dos prazeres sensuais. Quando sucede «sermos dominados pelos prazeres» [Prot., 353c2], «acabamos por agir de acordo com o efeito que surtem sobre nós, mesmo reconhecendo que são perniciosos» [Prot., 353c]. [CaeiroArete:144]