Criam-se novas espécies vegetais e animais, como havia sonhado Francis Bacon  , em sua utopia A Nova Atlântida  . Temos notícias de que uma série de zoólogos e biólogos trabalham ativamente na hibridização do homem e do macaco, para criar uma espécie intermediária que nos lembra os fantásticos Morlocks da Máquina do Tempo de Wells. A esfera da vida e o próprio homem tornam-se campo franqueado à magia mais rigorosa da ciência, com suas possibilidades industriais. Sabemos que Nietzsche   já havia sugerido, no tocante à criação do homem futuro, a aplicação de técnicas de criação à semelhança das aplicadas na produção dos animais de raça. Poderíamos assim transcender os produtos originários da natureza, orientando deliberadamente o curso da espécie. Tanto na utopia de Tomás Morus   – que mais adiante analisaremos – como na Heliopolis de Campanella, é dada uma grande atenção ao processo de procriação ótima do homem, fazendo parte esse processo da alta administração da cidade. O desideratum nesses dois casos é, evidentemente, o de criar um homem sintético, que reúna qualidades dispersas na natureza. Bernard Shaw, em uma de suas peças de teatro, Back to Mathusalem, aprofundando-se profeticamente, antevê o aspecto do ser terminal da História, uma Medusa encefálica, já destituída de todo complexo de membros. O predomínio das atividades meramente cerebrais e o aumento do sistema de instrumentos teria provocado uma hipertrofia do cérebro e uma atrofia do sistema preensor e locomotor do homem. [VFSTM  :200]