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autodeterminação

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

61. O Homem Faz-se a Si Próprio é o título de um fascinante compêndio de arqueologia pré-histórica e de história antiga, escrito por um moderno que não podia vestir a pele do homem antigo; por quem muito bem sabia de escavações na terra em que remotíssimos homens habitaram, mas não sabia escavar a própria personalidade até o mais recôndito de si; não sabia que uma escavação arqueológica se opera fora e dentro do escavador, ou não se opera de maneira nenhuma. Não sabia que a busca das arkhaí tem de chegar ao solo virgem, onde ainda não há ou já não há sujeito e objeto. Aí teria visto como o «homem antigo» estava longe de pensar que ele se fazia a si próprio. Só há pouco, bem pouco tempo, é que o homem se ilude, se inebria de «criação de si mesmo». Esse livro, como a maioria dos congêneres, mente por todas as suas páginas e por todas as proposições escritas em cada página. Dir-me-iam: «Mas esse autor vive de uma ideologia que se caracteriza por intencionalmente desentender que os Antigos só acreditavam na realidade do que a si próprio se não faz e, portanto, não podia senão crer que Outros ou Outro fizeram os homens tais como vieram a ser.» Está certo. Mas que importa essa certeza, confrontada com outra certeza não menos certa: que os autores de ideologias contrárias estão submetidos a preconceitos semelhantes, que os fazem descrer na veracidade da sua própria objeção. Basta que lhes passe pela cabeça a ideia de que os deuses do paganismo eram ídolos da má-fé, da descrença no único Deus, que entre eles passa por verdadeiro. [EurodoMito:149]


LÉXICO: autodeterminação