A minha experiência é a da liturgia da Igreja Católica Romana. Sempre a preferi, pelo menos que via nela de desprezo pelo corpo, pela importância que atribui ao culto praticado pelo homem inteiro — pelo culto, bem entendido!, e não pela repetição rotineira de gestos que se fazem por ver que outros os fazem; pela importância que assume o drama ritual que tanto compromete a alma com o corpo, o corpo com a alma; por ver que o Catolicismo muito bem entende que não há homem de qualquer mundo em que o conhecimento se ache desenraizado da carne, da carne que só é fraca quando dela se exclui o espírito. Ninguém passa para o sobrenatural, sem mais ou menos demorada estação no natural. E talvez se dê o caso de tantos «sobrenaturais» haver quantas as atitudes «naturais» que o homem assumir por sua vida em fora. O homem não é um ser «composto» de espírito e matéria; é o que se «decompõe» ou decompõem em matéria e espírito. E este compor-se e decompor-se não são assim tão simplesmente contrários, para que se possa dizer, sem ambiguidade, que ele é espírito mais matéria, ou matéria mais espírito. [EudoroMito:133]