Página inicial > Termos e noções > palavra

palavra

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

O que é uma palavra? A reprodução de um estímulo nervoso em sons. Mas deduzir do estímulo nervoso uma causa fora de nós já é o resultado de uma aplicação falsa e injustificada do principio de razão. Como poderíamos, caso tão-somente a verdade fosse decisiva na gênese da linguagem, caso apenas o ponto de vista da certeza fosse algo decisório nas designações, como poderíamos nós, não obstante, dizer: a pedra é dura: como se esse “dura” ainda nos fosse conhecido de alguma outra maneira e não só como um estímulo totalmente subjetivo! Seccionamos as coisas de acordo com gêneros, designamos a árvore como feminina e o vegetal como masculino: mas que transposições arbitrárias! Quão longe voamos para além do cânone da certeza! Falamos sobre uma serpente: a designação não tange senão ao ato de serpentear e, portanto, poderia servir também ao verme. Mas que demarcações arbitrárias, que preferências unilaterais, ora por esta, ora por aquela propriedade de uma dada coisa! Dispostas lado a lado, as diferentes línguas mostram que, nas palavras, o que conta nunca é a verdade, jamais uma expressão adequada: pois, do contrário, não haveria tantas línguas. A “coisa em si” (ela seria precisamente a pura verdade sem quaisquer consequências) também é, para o criador da linguagem, algo totalmente inapreensível e pelo qual nem de longe vale a pena esforçar-se. Ele designa apenas as relações das coisas com os homens e, para expressá-las, serve-se da ajuda das mais ousadas metáforas. De antemão, um estímulo nervoso transposto em uma imagem! Primeira metáfora. A imagem, por seu turno, remodelada num som! Segunda metáfora. E, a cada vez, um completo sobressalto de esferas em direção a uma outra totalmente diferente e nova. Pode-se conceber um homem que seja completamente surdo e que jamais tenha tido uma sensação do som e da música: da mesma forma que este, um tanto espantado com as figuras sonoras de Chladni sobre a areia, encontra suas causas na vibração das cordas e jurará que agora não pode mais ignorar aquilo que os homens- chamam de som, assim também sucede a todos nós com a linguagem. Acreditamos saber algo acerca das próprias coisas, quando falamos de árvores, cores, neve e flores, mas, com isso, nada possuímos senão metáforas das coisas, que não correspondem, em absoluto, às essencialidades originais. Tal como o som sob a forma de figura de areia, assim se destaca o enigmático “x” da coisa em si, uma vez como estímulo nervoso, em seguida como imagem» e, por fim, como som. De qualquer modo, o surgimento da linguagem não procede, pois, logicamente, sendo que o inteiro material no qual e com o qual o homem da verdade, o pesquisador, o filósofo, mais tarde trabalha e edifica, tem sua origem, se não em alguma nebulosa cucolândia, em todo caso não na essência das coisas. NIETZSCHE  , Friedrich. Sobre verdade e mentira. Tr. Fernando de Moraes Barros. São Paulo  : Hedra, 2007, p. 30-35


[...] to defend Aristotle   against Plotinus  ’ charge that the Categories omit Platonic Forms and other intelligible realities, Porphyry   claims it is only meant to be about words, in Cat. 91,8-27. But his full view is a compromise, and a compromise widely accepted by later Neoplatonists, on the question whether it is about words, concepts, or things. According to Porphyry, the Categories is about words, insofar as they signify things. [SorabjiPC3  :61]
LÉXICO: palavra
HEIDEGGER  : Wort / mot / palavra / palabra / word / Worte