Página inicial > Termos e noções > metáfora

metáfora

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. metaphorá

A metáfora é o transporte a uma coisa de um nome que designa uma outra, transporte ou de gênero à espécie, ou da espécie ao gênero, ou segundo a relação de analogia" (Aristóteles, Poética 1457 b6-9)

É por esta definição aristotélica que a metáfora entrou na especulação filosófica. Nota-se que o traço comum às quatro especies mencionadas por Aristóteles é a semelhança, e que as relações entre gêneros e espécies solicitam uma outra relação de inclusão, uma dupla oposição se esboça entre semelhança e não-semelhança, inclusão e exclusão (contiguidade), cujo cruzamento permite engendrar os tropos propriamente ditos: a) inclusão + semelhança = metáforas do gênero à espécie ou da espécie ao gênero; b) inclusão + não-semelhança = sinédoque; c) exclusão + semelhança = metáforas da espécie à espécie ou segundo a analogia; d) exclusão (contiguidade) + não-semelhança = metonímia. [NP  ]


Considerações parecidas podem ser feitas a respeito da metáfora que Ortega y Gasset  , em livro muito citado, porém pouco lido, considerava “el más radical instrumento de deshumanización” da arte moderna. Conforme observava Ortega, a metáfora substitui uma coisa por outra, não tanto para chegar a esta, quanto para fugir daquela, e se é verdade, como se sustentou, que ela é originalmente um nome substitutivo para um objeto que não deve ser nomeado, a analogia com o fetichismo é ainda mais evidente do que na metonímia.

A definição de Ortega (“es verdaderamente extrana la existencia en el hombre de esta actividad mental que consiste en suplantar una cosa por otra, no tanto por afán de llegar a esta, como por el empeno de rehuir aquélla”) podería referir-se perfeitamente à Verleugnung fetichista. A teoria da metáfora como “nome substitutivo” para um tabu está presente em WERNER. Ursprung der Metapher (1919). A analogia entre perversões sexuais e metáfora havia sido assinalada, com sua agudeza habitual, por Kraus: “Mesmo na linguagem erótica há metáforas. O analfabeto chama-as de perversões.” [AgambenE:61, 64]


LÉXICO: metáfora