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hautos

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

αὐτός / autos: si mesmo, em si, próprio. Reflexivo: hautós / hautos.

SEGUNDO tradições recolhidas pela doxografia, um famoso sofista   retornara certa feita para Atenas, após longa viagem de cursos e conferências em várias cidades da Asia Menor. Em plena agora, encontrou Sócrates   perguntando ao sapateiro Simon: ti to hypodema; "o que é isso, um sapato?", e lhe falou com a superioridade de uma pretensa sabedoria: "ainda estás aí, Sócrates, no mesmo lugar dizendo a mesma coisa sobre a mesma coisa?" — Com toda a simplicidade de uma ironia maiêutica, Sócrates respondeu: "é o que sempre faz o filósofo. O sofista, porém, sendo sábio, em todos os lugares, por onde passa, nunca diz a mesma coisa sobre a mesma coisa". Todo pensamento procede de um núcleo de identidade ou, com Parmênides  , todo pensamento vive de um atremes hetor, "de um coração intrépido", a partir do qual e para o qual pensa o pensador. Mas nesta identidade não está em jogo uma verdade imutável, a ser dita e possuída de uma vez para sempre. Está em jogo uma verdade a ser sempre de novo conquistada e dita. [Excerto de Carneiro Leão  , "Aprendendo a pensar"]


Gramaticalmente, autos significa ao mesmo tempo eu mesmo, si mesmo, a própria coisa, próprio (latim: ipse); o mesmo, a mesma coisa: tò autó / to auto (neutro) (latim: idem). Platão   o emprega em sentido de substância: o em-si; Aristóteles  , no sentido de idêntico: o mesmo que si.

Dos pontos de vista lógico e metafísico, autos tem parentesco com hómoios / homoios: semelhante.

Opõe-se a:

  •  o outro: héteros / heteros
  •  um outro: állos / allos
  •  diferente: diáphoros / diaphoros
  •  oposto: antikeímenos / antikeimenos
  •  contrário: enantíos / enantios
  •  dissemelhante: anómoios / anomoios

    Expressão: kath’hautó / kath’hauto: por si; que se dá a si mesmo existência (o a se latino, e não o per se ou in se = substância, aquilo que existe de si mesmo, e não por seus acidentes).

    Platão emprega autos para qualificar a Essência (eidos); mesmo significa aí o absoluto, tal como se diz: "ele é a bondade mesma". É assim que ele menciona as Essências matemáticas: o Igual em si: auto tò íson / auto to ison (Fédon  , 74a), a Grandeza em si: auto tò mégethos / auto to megethos (ibid., 102d), os Números em si: autoí oi arithmoí (Rep.  , VI, 525d); mas também o Justo em si: díkaion auto (Fédon, 65d), o Bem em si (ibid., 76d), a Verdade em si: autè he alétheia (Rep., VII, 526b), e sobretudo a Beleza em si: auto tò kalón (Rep.,V, 476b: Crátilo  , 439c; Banquete  , 21 le; etc). Em Sofista (254d-258c), ele expõe a teoria do não-ser como alteridade, opondo o Mesmo (tautón, contração de tò autón) e o Outro (tháteron, contração de tò heteron).

    Aristóteles empenha-se em confrontar o Mesmo a todos os seus opostos, mas também em distinguir o Mesmo segundo a essência (kath’hautó); e o Mesmo segundo o acidente (katà symbebekós) (Met., A, 9-10). No tratado Das categorias (X-XI), ele trata sucessivamente dos opostos e dos contrários. [Gobry  ]


    Designando um ser como o mesmo a linguagem corrente significa que ele é idêntico a isto que designava uma outra expressão. A filosofia tradicional herdou dos gregos a ideia que a mesmidade ou a identidade de si a si (A = A) é um princípio constitutivo da realidade ontológica. Este princípio funciona em relação a um princípio de alteridade e de diferença (A ­diferente de B). Se opõem todos os dois na expressão "o mesmo e o outro". [Notions philosophiques  ]
    On rend ainsi par « soi » hautós, qui est employé par Plotin   de façon substantivée, comme l’avait fait Platon dans l’Alcibiade alors qu’il se demandait ce qu’était au juste le « soi-même » lorsqu’on cherchait à obéir à l’injonction delphique à se « connaître soi-même ». Le soi en l’homme, c’est l’âme. Plotin énumère ici deux possibles définitions du rapport de l’âme et du corps. La seconde est donc celle de l’Alcibiade (le corps est l’instrument de cet usager qu’est l’âme) ; la première est celle d’Aristote (qui soutient, notamment dans le traité De l’âme, II, 1, 412a6-22, que le corps est à l’âme ce que la mati  ère est à la forme). Les deux définitions conduisent bien à la même conclusion, de sorte qu’il n’est pas nécessaire de les confronter pour l’instant. Voir aussi Alexandre d’Aphrodise  , De anima, Suppl. Aristot., II, 1, p. 2.1-2 et Aristote, Métaphysique, Z, 10, 1035b14-16 ; H, 3, 1043b3-4. Plotino - Tratado 2,1 (IV,7,1) - somos inteira ou parcialmente imortais?
    Le soi n’étant pas un moi, toute caractérisation de son fond comme certitude de soi étant exclue, le fond du soi n’étant pas un sujet, il apparaît donc que ce soi, une fois fondé en son être propre, risque fortement de ne plus être littéralement un soi, de voir son nom s’effacer au gré du dégagement de sa possibilité, d’être repris par ce dont il est la problématique manifestation, c’est-à-dire de perdre son nom au fur et à mesure que se gagnera la pensée de son être. En tant que fonction ontologique omnipersonnelle, le soi devra nécessairement voir évoluer sa propre dénomination que le langage courant utilise sans penser à ce qu’il implique. La fonction « soi » semble bien destinée déjà, sur la base de ce que nous connaissons de son comportement essentiel, à voir le problème qu’elle incarne faire évoluer la notion elle-même à mesure que ce problème avancera sur la voie de sa résolution. Le soi dissimule trop d’implicites, dont nous avons à présent déjà idée, pour ne pas se dilater en ceux-ci afin, précisément, de mieux gagner son essence : par le dégagement de la pensée de son origine, le soi n’est pas voué à se dissoudre mais à se reconquérir en vérité et à voir ainsi évoluer sa propre conscience et, partant, son propre nom. Le soi est une activité, un agir, un sensible non sensible, un étant non ontique, une présence non donnée comme un déjà-là-sous-la-main ; quand on dit « le soi », il ne faut pas pensera une chose disponible qu’on pourrait [72] saisir comme telle et prendre en main au sens propre, il faut au contraire penser à un acte en propre. Nous sommes de toute façon confrontés d’emblée à la difficile et toujours insatisfaisante nominalisation d’un processus multiforme. Quand on entend le mot « soi », il faut d’ores et déjà avoir en tête la vibration de ce procès – de même que lorsqu’on parle du boire, du manger, du devenir, etc. (sous-entendu l’acte de boire, l’acte de manger, l’acte de devenir). [Caron  ; PEOS:71-72]
    LÉXICO: hautos