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objetivo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

47. Repetidas vezes escrevemos que o símbolo se pode designar por «coisa» elevada ao nível da trans-objetividade, e, sendo assim, tinha de ser o que isto mesmo quer dizer: se «coisa», propriamente, é objeto do sujeito que eu sou, aquém do horizonte da objetividade; o que já o não é, só pode ter por sujeito o que eu não sou, enquanto condicionado à definição de tudo o que existe naquele horizonte. Mas quando se fala de «trans-objetivo» e de «trans-objetividade», esses compostos poderiam ser correlatos de um «trans-sujeito», ou algo muito diverso: que, ultrapassando o horizonte da objetividade, não haja mais razão para falar de sujeito e objeto. Escolhamos uma ou outra das significações — ou que deixe de ser possível referirmo-nos à dualidade sujeito-objeto, ou que, na trans-objetividade, ainda se possa falar de objetos, na condição de o sujeito deles não ser mais o sujeito dos objetos que existem no horizonte da objetividade; ou ainda, se virmos que não há motivo cogente para escolher só um dos dois membros da alternativa, averiguemos como os dois se podem harmonizar. Quando «dois» estão em causa, sempre me repugnou tomar o partido de um contra o outro (daí que tão fortemente aderisse à ideia de complementaridade). Mas o uso da palavra «trans-objetivo» ou «trans-objetividade» parece trazer consigo a decisão que não ousaria tomar: para além do objetivo não há mais razão para que se mencione «objeto» e, por conseguinte, «sujeito». No entanto, que necessidade haveria de atribuir àquelas palavras um valor absoluto? Nenhuma. «Trans-objetivo» e «trans-objetividade» podem ser relativas ao patamar inferior (é isso mesmo que a feição de tais palavras dá a entender) ou ao horizonte mais restrito, isto é, ao «objetivo» e à «objetividade». Daí que a alternativa se possa manter, sem excluir qualquer um de seus dois membros: do «trans-objetivo» exclui-se apenas o [135] sentido de «objecto-coisa», e aderimos ao sentido do segundo membro da alternativa, negando ao «sujeito-coisa», sendo, embora, «coisa privilegiada por ser sujeito de todas as coisas», a possibilidade de se transferir para o trans-objetivo. Neste caso, símbolos ainda seriam objetos, só que não objetos do «homem humano». [EudoroMito:135-136]


LÉXICO: objetivo