É na confrontação efetiva com a possibilidade extrema da impossibilidade, isto é, na confrontação com a perversão (κακία) em geral e com uma das suas concretizações possíveis, o medo destruidor, que não nos permite autenticamente tornarmo-nos excelentes porque nos deixa impotentes quanto a uma apropriação do que possamos ser, o que pode levar-nos a levantar a questão sobre um outro modo de considerar tudo por quanto passamos, todas as situações que criamos, bem como tudo aquilo que vem ao nosso encontro. A possibilidade de se constituir uma abertura à perseverança (ἀνδρεία) é dada em contraposição à concretização da sua impossibilitação (κακία) específica, experimentada como sofrimento (λύπη) ou como prazer (ἡδονή), isto é, respectivamente como a insegurança instável da covardia (δειλία) que nos leva a fugir de tudo, ou como o excesso absoluto de confiança (θάρσος) que nos leva a atirarmo-nos em todas as direcções. A perversão impossibilitante (κακία) concretizada em covardia (δειλία) é provocada por um fechamento na situação em que não se vislumbra nenhuma abertura para a possibilidade de um futuro, experimenta-se como solução (ἀμαθία), isto é, como «privação da possibilidade de ter em vista qualquer possibilidade» de resolver a situação em que nos encontramos e de nela ficarmos fechados. [CaeiroArete:125-126]