Dizer que o Dasein é na verdade e na não-verdade significa que não há desvelamento total do real, como o quis a tradição. O real dá-se sempre numa tensão entre velamento e descobrimento. Como diz o fragmento 53 de Heráclito  : “De todas as coisas a guerra é pai, de todas é senhor; a uns mostrou deuses, a outros, homens; de uns fez escravos, de outros, livres” (Wrublewski, 1991, p. 73). Guerra, em Heráclito, é pólemos, isto é, disputa ou tensão. Como na citação heraclitiana, o conceito de verdade em Heidegger   comporta a disputa ou tensão inerente à oscilação entre verdade e não-verdade, descobrimento e [92] velamento. Neste sentido, a descoberta pressupõe conquista; somente no jogo de conquista e reconquista, o real aparece em sua verdade. Estar em guerra, na tensão de perda e recuperação ou de conquista e perda do conquistado é estar na verdade da existência, na verdade mais própria da existência (ver Heidegger, 1999c, p. 291). [AMCEticaH  :92-93]