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ação

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

poiein, praxis, ergon, energeia


Plotino  

Nos Tratados 42, 43 e 44 Plotino trata dos gêneros do ser, abordando as categorias aristotélicas e estoicas, e apresentando sua proposição de categorias. Entre as categorias tratadas encontra-se a "ação" ou o "agir" (to poiein) e o padecer (to paskhein). Plotino consagra oito capítulos do Tratado 42, capítulos 15-22. Criticando certa imprecisão em Aristóteles  , Plotino acha mais conveniente quando se aborda a categoria do agir, falar de "atividade", a atividade segundo a qual um ser age.

Da atividade, Plotino avança naturalmente para o movimento (kinesis) que se encontra definido segundo Aristóteles na Física (III, 2, 201b31-32) como uma atividade incompleta, portanto ainda uma análise de uma espécie de atividade.


Para Brisson   & Pradeau   (2002 p.136), segundo Aristóteles, a atividade, que é uma espécie de movimento, pode ser de dois tipos: transitiva, quando ela visa um fim e uma realização exteriores, ela é uma produção (poiesis); em revanche, a atividade imanente, que é a ação propriamente dita (a praxis ou bem a energeia), tem seu fim nela mesma (Ética a Nicômaco VI,4).
Aristóteles

Talvez não seja mau definir, então, quais são as circunstâncias que têm de ocorrer para a realização de uma ação e que não podem ser ignoradas. Defina-se, então, qual a sua forma e o seu número. [Não pode assim ignorar-se:] 1) quem age e 2) o que faz, 3) a respeito do quê ou de quem é a ação e qual a situação peculiar em que se encontra o agente; por vezes também 4) aquilo com 5 o qual se age, por exemplo, o instrumento com que se executa a ação, e o 5) fim em vista do qual se age, por exemplo, em vista da salvação, e 6) de que maneira se age, por exemplo, calma ou veementemente.

Ora que ninguém poderá ignorar todas estes requisitos ao mesmo tempo, a não ser que esteja demente, parece evidente. Pelo menos, é evidente que não pode ignorar quem é o agente. Na verdade, como é que alguém se pode ignorar a si próprio? De fato, alguém pode agir sem saber o que faz, como os que dizem, «deixar escapar [algo] enquanto conversavam», ou como quando dizem «que 10 não sabiam que eram segredos», como refere Ésquilo a respeito dos mistérios, ou, como quando querem mostrar como algo funciona e acionam, sem querer, o seu mecanismo, como no caso da catapulta. Alguém pode confundir o seu próprio filho com um inimigo, como Mérope; ou confundir uma lança pontiaguda com uma romba, ou uma pedra com uma pedra-pomes; ou ainda quando, fazendo alguém beber um fármaco para o salvar, o mata; ou querendo agarrar as mãos a alguém (como os lutadores de luta livre), 15 e desferem um golpe. Ora pode haver desconhecimento de todas estas circunstâncias da ação, e quem ignora alguma delas parece agir involuntariamente, e por maioria de razão, age involuntariamente, quando ignora as circunstâncias mais decisivas. O que parece ser mais importante nas circunstâncias da ação é o fim em vista do qual ela é levada a cabo. Dizendo-se, então, que uma ação 20 praticada nestas circunstâncias é involuntária e depende de uma ignorância deste gênero, deve acrescentar-se ainda que essa ação é dolorosa e provoca arrependimento. [Aristóteles, Ética a Nicômaco, III,1 1111a1-a20]


René Guénon

A este propósito, es menester decir, que hay en las lenguas occidentales algo que es bastante molesto, y que puede contribuir en parte a algunas confusiones: es el empleo de las palabras «acción» y «actividad», que tienen evidentemente un origen   común, pero que, sin embargo, no tienen ni el mismo sentido ni la misma extensión. La acción se entiende siempre como una actividad de orden exterior, que no depende propiamente más que del dominio corporal, y es precisamente en eso en lo que se distingue de la contemplación y en lo que parece inclusive oponerse a ella de una cierta manera, aunque, aquí como por todas partes, el punto de vista de la oposición tenga forzosamente un carácter ilusorio, así como lo hemos explicado en otra parte, y aunque sea más bien de un complementarismo de lo que se trata en realidad. Por el contrario, la actividad tiene un sentido más general y se aplica igualmente en todos los dominios y a todos los niveles de la existencia: así, para tomar el ejemplo más simple, se habla en efecto de actividad mental, pero, incluso con toda la imprecisión del lenguaje corriente, apenas se podría hablar de acción mental; y, en un orden más elevado, se puede hablar también de actividad espiritual, lo que es efectivamente la contemplación (distinguida, bien entendido, de la simple meditación que no es más que un medio puesto en obra para llegar a ella, y que pertenece todavía al dominio de la mentalidad individual). Hay incluso algo más: si se considera el complementarismo ativo-passivo — de lo «activo» y de lo «pasivo», en correspondencia con ato-potência — el «acto» y la «potencia» tomados en el sentido aristotélico, se ve sin esfuerzo que lo que es más activo es también, y por eso mismo, lo que está más próximo del orden puramente espiritual, mientras que el orden corporal es aquel donde predomina la pasividad; de ahí deriva esta consecuencia, que no es paradójica más que en apariencia, de que la actividad es tanto mayor y más real cuanto más alejado del dominio de la acción está el dominio donde se ejerce. ¡Desafortunadamente, la mayor parte de los modernos no parecen comprender apenas este punto de vista, y de ello resultan singulares equivocaciones, como la de algunos orientalistas que no vacilan en calificar de pasivo al Purusha, si se trata de la tradición hindú, o al Tien, si se trata de la tradición extremo-oriental, es decir, en todos los casos, lo que es precisamente, al contrario, el principio activo de la manifestación universal! [CONTRA O «QUIETISMO»]


Notions philosophiques  

Aristóteles distinguia três modos de vida que os homens podiam escolher na liberdade, quer dizer em toda independência das necessidades da existência (o que exclui destes três modo o trabalho escravo assim como a vida laboriosa do artesão ou aquela, mercantil, do comerciante): a vida de prazer, na consumação da beleza, a vida consagrada aos afazeres da polis, onde se podem produzir belas ações, e sobretudo a vida do filósofo dedicada à investigação e à contemplação (theoria) das coisas eternas, cuja beleza inextinguível é exterior a qualquer intervenção agenciadora do homem. Este primado da contemplação sobre a atividade se fundamenta aqui (como em Platão  ) sobre a convenção que nenhuma obra humana pode se igualar em beleza e em verdade ao Kosmos eterno. A arte, a técnica são sempre ao mesmo tempo inferiores e posteriores à Natureza. [Les Notions philosophiques. PUF, 1990]



LÉXICO: AÇÃO; AGIR; AÇÕES; ATO; ACTU