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tempo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Por outro lado, Aristóteles acentua: τὰ ἀεὶ ὄντα, ᾗ ἀεὶ ὄντα, οὐκ ἔστιν ἐν χρóνῳ (Física Δ, 12; 221b3ss.): “Aquilo que é sempre, na medida em que é sempre, não é no tempo.” οὐδὲ πάσχει οὐδὲν ὑπὸ τοῦ χρóνου (idem), “ele não sofre nenhum efeito do tempo”, ele é imutável. E, contudo, Aristóteles também afirma que precisamente o céu é o eterno, αἰών; e, em verdade, no sentido da sempiternitas, não da aeternitas. Aqui, Física Δ, 12, em contrapartida, ele diz que os ἀεί ὄντα (entes que são sempre) não estão no tempo. Todavia, Aristóteles oferece uma explicação exata daquilo que ele compreende por “ser-no-tempo”. “Ser-no-tempo” significa: τὸ μετρεῖσθαι τò εἶναι ὑπò τοῦ χρóνου (cf. b5), “ser medido por meio do tempo em relação ao ser”. Não se trata, portanto, em Aristóteles, de um conceito arbitrário e mediano de “no tempo”. Ao contrário, tudo aquilo que é medido por meio do tempo é no tempo. Algo é medido por meio do tempo, contudo, na medida em que seus “agoras” são determinados: agora e agora na sucessão. No entanto, para aquilo que é sempre, para aquilo que é constantemente no agora, seus “agoras” são inúmeros, ilimitados, ἀπειρον. Como os “agoras” finitos do ἀίδιον (eterno) não são mensuráveis, ο ἀίδιον, o eterno, não está no tempo. Com isso, porém, ele não se mostra como “supratemporal” em nosso sentido. O que não é “no tempo” ainda é, falando aristotelicamente, “temporal”, isto é, ele é [35] determinado a partir do tempo – assim como ο ἀίδιον, que não é no tempo, é determinado pelo ἀπειρον (ilimitado) dos “agoras”.

Precisamos reter o elemento peculiar de que o ente é interpretado em seu ser a partir do tempo. O ente da ἐπιστήμη (ciência) é ο ἀεί ὂν (ente eterno). Essa é a primeira determinação do ἐπιστητόν (do que pode ser conhecido). [Heidegger  , GA19:34]


LÉXICO: tempo e afins