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Cármides

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

No Cármides  , ou da Sabedoria, Sócrates   pergunta a Cármides, um belo aristocrata que se gaba de possuir a sabedoria (sophrosyne), o que é que entende por «sabedoria». Ele responde primeiro que é uma ausência de precipitação (esykiotes tis) feita de moderação e de calma; mas Sócrates mostra imediatamente que a rapidez e a prestreza valem mais, na maioria dos casos, do que a lentidão. Cármides define então a sabedoria como uma espécie de pudor (aidos), e Sócrates responde a isso, citando Homero  , que o pudor não convém a quem está na miséria. Assim, nem a lentidão nem o pudor são bons em si, são por vezes sinal de sabedoria, por vezes também de não sabedoria. Cármides dá então uma terceira definição (161 b) e diz que a sabedoria é, para cada um, fazer aquilo que lhe diz respeito. Eis aqui um enigma, diz Sócrates; será necessário que cada um corte as roupas, fabrique os sapatos, sem nunca pôr o pé nos assuntos do vizinho? Crítias intervém então lembrando que se deve distinguir entre «fabricar», que tem um sentido técnico e utilitário, e «agir», e que a sabedoria deve ser definida como a atividade que se exerce no bem (163 e). Mas então, faz notar Sócrates, fizemos uma grande caminhada para chegar a uma banalidade; por outro lado, quando se diz que os artesãos podem ser sábios, mesmo envolvendo-se nos assuntos dos outros como afirmou Crítias, quer-se dizer que podem ser sábios mas sem o saber; não sabem de fato se aquilo que fazem para o outro lhe irá ser útil ou não. O que seria uma sabedoria que não se conhecesse a si própria? Crítias decide então partir de novo do zero e diz que a sabedoria consiste em conhecermo-nos a nós próprios (164 d) como recomenda a inscrição do templo de Delfos. Sócrates vai criticar esta concepção da sabedoria; historiadores da filosofia admiraram-se com esse fato e pensaram que Platão   fazia no Cármides o processo do socratismo (Cf. E. Homeffer, Platon gegen Sokrates (Leipzig, 1904); na verdade, como muito bem mostra J. Moreau, a quem vamos buscar toda esta interpretação do Cármides (Cf. J. Moreau, La constrution de l’idéalisme platonicien, pp. 119 e segs), é uma espécie de ciência humana capaz de reconhecer as competências de cada indivíduo de modo a lhe atribuir um lugar na Cidade que lhe permita concorrer à felicidade desta que Crítias espera do «conhece-te a ti próprio». Aquilo que Sócrates recusa no «conhece-te a ti próprio» é uma pretensão ao individualismo e ao comando. Para Sócrates, o «conhece-te a ti próprio» é um convite à reflexão, não acerca do indivíduo, mas acerca da pessoa, é uma meditação acerca do conhecimento da alma e do bem. Uma ciência ou uma técnica só nos podem dar um poder utilizável (kresimon) em certos casos, mas não absolutamente útil (ophelimon) . O Cármides não conclui, mas preparou o terreno para reflexões futuras. [JBRUN]


Cármides (o de la sophrosyne, la sabiduría moral)

Sócrates cuenta que viene de la batalla de Potidea y que se alegra de volver a las distracciones que solía: callejear, discutir, dialogar, filosofar. Cuando se encuentra de nuevo con sus amigos y discípulos en la palestra, se ponen a discutir sobre el significado de la palabra sophrosyne. Los dialogantes son Critias  , el bello Cármides y Sócrates.

Se ofrecen seis definiciones, que Sócrates va refutando; la primera es contención, sosiego, porte en el actuar; la segunda aidós, algo como el honor; la tercera, dedicarse cada uno a lo suyo; la cuarta, hacer cosas buenas; la quinta, conocerse a sí mismo; la sexta, el conocimiento del bien y del mal. El pegajoso Sócrates (tábano se autodenomina en Apología, que aguijonea, como el insecto lo hace a los caballos, a la ciudad de Atenas para que espabile y mejore) logra que ninguna definición sea satisfactoria; con lo cual se trata de un diálogo aporético. En todo caso, parece que la virtud de la sophrosyne es un saber sobre uno mismo, sobre su conducta, y el dominio y control racional de sus actos. La creencia socrática es que la virtud es saber, un raciocinio que genera el dominio de sí. El círculo socrático y platónico era aristocrático, y las definiciones de la sophrosyne que se barajan en este diálogo representan un mundo, cuyo exponente es el control personal, que es el contenido estético de los actos, aunque esos actos sean tan execrables como los que cometieron Critias y Cármides. [GREDOS]