Definição de autarquia: composição de autos — si mesmo — e arkos/arkios — defesa/seguro; segundo o significado, é um termo aparentado com hikanos, hikanotês, enkratês, autokratôr, autonomos. Faz-se uma distinção entre as duas tendências de significados: “repelir”/“fechar-se” e “ajudar”/“ser suficiente”. Autarquia refere-se originalmente a coisas (por exemplo, à terra [autokrator], Pol. 274a), assim como a pessoas (Krückeberg 1971, p. 685). Para a polis, a autarquia consiste na liberdade (eleuteriá) em contraposição ao despotismo no interior ou à dependência de governantes estrangeiros. Em Demócrito, a natureza (physis) tem autarquia em relação ao destino (tychê) (DK 68 B 176). Para a ética, a temperança (sôphrosinê) garante o modo de vida da autarquia e da imperturbabilidade diante de paixões e afetos (DK 68 B 210; 68 B 246). Demócrito entende a autarquia como falta de necessidade e frugalidade, como moderação nos prazeres físicos e nas paixões. Imagina-se de modo semelhante o conceito também em Sócrates (Widmann 1967, p. 30 s.}. Em Xenofonte  , a autarquia é a liberdade de poder optar pelo conhecimento, pela VIRTUDE e, como um todo, pelo bem no sentido do que há de melhor (kalokagathia). Sócrates é, portanto, o mais livre e o mais autossuficiente (autarkestatos) e, nesse sentido, é também divino (Xenofonte, Memorabilia 1, 2,14; 1, 6,10; 4, 7,1; 4, 8,9/10/11). Pohlenz salienta esse traço básico da autarquia também para Platão — a independência em relação às necessidades sensíveis (Pohlenz 1955, p. 87-109). [SHÄFER]