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kinesis

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

kínesis (he) /kinesis: movimento, mudança. Latim: motus.

kinetón (tó) / kineton e kinoúmenon (tó) / kinoumenon: móvel, ser movido. Latim: mobile.

kinoûn (tó) / kinoun: motor, o ser que move. Latim: movens.

Esses quatro termos derivam do verbo kinô (= kineo): movo. Kinetón é o adjetivo verbal, kinoúmenon, o particípio passivo, e kinoûn, o particípio ativo (neutro). A palavra kinesis tem como primeiro sentido movimento; com Platão  , ganha o sentido metafísico de mudança; os dois sentidos depois passam a coexistir. Mas os tradutores, na esteira dos latinos, conservam o mesmo termo para os dois sentidos.

Diferentes espécies. Aristóteles   esforçou-se por distinguir as diferentes espécies de movimento, mas se contradiz em diversos textos. Nas Categorias (XIV), onde dedica uma nota ao movimento, que toma então no sentido de mudança, enumera seis:

  •  geração: génesis / genesis
  •  corrupção: phthorá / phthora
  •  aumento: aúxesis / auxesis
  •  diminuição: phthísis / phthisis
  •  alteração: alloíosis / alloiosis
  •  mudança de local: phorá / phora

    Em De anima (I, 3), são enumeradas apenas quatro espécies: o aumento e a diminuição foram eliminados. Por fim, em Física (V, 1-2), ele faz uma nova classificação em quatro categorias: substância, quantidade, qualidade e lugar; distingue então, por um lado, o movimento que afeta a substância (ousia), que é de ordem metafísica (geração e corrupção), que ele prefere chamar de mudança (metabole), e outras três, que são mais propriamente físicas:

  •  segundo a qualidade: alteração: alloiosis
  •  segundo a quantidade: aumento e diminuição
  •  segundo o lugar: translação: phora

    Na verdade, é preciso reduzir o movimento a duas grandes formas: movimento propriamente dito, físico; e mudança, modificação metafísica.

  •  Sentido físico. a. mecânico: a ordem do mundo. Filolau distingue duas espécies de ser: os eternamente imutáveis e os eternamente mutáveis; estes estão submetidos ao princípio do movimento, que se efetua eternamente segundo uma revolução circular. Os primeiros são motores dos outros (Estobeu, Écl, XX, 2). Platão constata que não há móvel sem motor, nem motor sem móvel (Timeu  , 57c), mas a terminologia que emprega é diferente da de Aristóteles e depois se tornará clássica; para ele, o móvel é kinesómenon e o motor é kinêson. Aristóteles, na Física, demora-se nos problemas do movimento. No livro III, apresenta uma definição: "O movimento é a passagem ao ato (entelekheia) daquilo que está em estado de potência (dynamis)" (III, 1, 201a); de outro modo, ele é "o ato do motor sobre um móvel" (ibid., III, 2-3). No livro VIII, ele se dedica à análise do movimento e neles identifica cinco elementos: o que move na origem, o primeiro motor (tò kinoûn prôton); o móvel (kinoúmenon), o tempo no qual se realiza o movimento; o termo inicial (o "a partir do quê": ex hoû) e o termo final ("aquilo em direção a quê": eis hó) (V, 1). Epicuro   emprega muito a palavra kínesis, especialmente para tentar explicar os movimentos da terra e dos outros astros (D.L., X, 106,111,113, 115...). Plotino   dedicou um tratado ao Movimento circular (II, II), que é ao mesmo tempo o movimento das realidades sensíveis e o movimento da alma que as anima.

    b. biológico. Em De anima (III, 9-10), Aristóteles analisa a faculdade motora, especialmente a ação da alma sensitiva sobre o movimento do corpo.

  •  Sentido metafísico. Parece que é esse o sentido que Pitágoras   dava a kínesis, quando a definia como "diferença ou dessemelhança na matéria enquanto matéria" (Aécio, I, XXIII, 1); aliás, ele arrolava o movimento na categoria do inacabado (apeiron), portanto da imperfeição, ao contrário do repouso, que pertence à do acabado ou perfeito (Aristóteles, Met., I, 5). Platão retoma esses dois princípios no Sofista   (254b-255b), para fazer deles dois dos cinco "gêneros supremos" que permitiam afirmar que há um não-ser (de alteridade) que se opõe ao Ser. Ele afirma a imortalidade da alma, mostrando que ela é automotora (autokíneton). Aristóteles, na Metafísica, volta à análise do movimento. Retoma a definição do movimento como atualização da potência (K, 9) e prefere, em seguida, para falar dos movimentos realizados nos corpos, empregar o termo metabolé (K, 11).
  •  Existência do movimento. Sexto Empírico resume as doutrinas em algumas palavras: o vulgo e alguns filósofos afirmam essa existência. Parmênides  , Melisso e alguns outros o negam. Os céticos afirmam que nenhuma dessas posições é mais verdadeira do que a outra (Hipot., III, X, 65). [Gobry  ]