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tragédia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. τραγωδία, τραγωδίας. A tragédia é a representação clara e vívida do sofrimento nos êxtases do coro, expressos por meio do canto e da dança, e que pela introdução de vários locutores se convertia na representação integral de um destino humano, encarnava do modo mais vivo o problema religioso há muito tempo candente, do mistério da dor enviada pelos deuses à vida dos homens.


«A atividade trágica» [Górgias, 502b1] procura apenas fazer regozijar todos aqueles que se encontram em ajuntamentos [103], não tendo, nunca, em vista o melhor de tudo [Gór., 502d4 e 502e2]. Tudo é, tão-somente, em vista do prazer [Gór., 502a8. Leis, 667d9. Cf. Leis, 688a].

A tragédia move-se, como temos estado a ver, de alguma forma numa compreensão da vida. Isto é, ela sabe o que não tem préstimo (πονηρόν [poneron]) e o que é vantajoso (ὠφέλιμον [ophelimon]), o que é agradável e dá prazer e o que é desagradável e traz sofrimento. Ou seja, o seu campo de ação é o horizonte em que acontecem as situações (πράξεις [praxeis]) humanas. Só que a eficácia da sua produção (ποίησις [poiesis]) constitui-se pelo esforço sistemático de perseguir só e apenas «agrado e prazer», calando tudo o que é desagradável (ἀηδές [andes]) de ouvir. [CaeiroArete:103-104]


A preocupação da τραγωδίας ποίησις [tragodias poiesis], o seu empreendimento e preocupação, é fazer que os espectadores sintam prazer (Górgias, 502b2). Ela não tem a preocupação de não dizer aquilo que, embora seja doce e agradável, é precário e mau (Gór., 502b5), nem tem a incumbência de dizer e cantar aquilo que, embora desagradável de ouvir, traz uma vantagem aos espectadores, quer os espectadores gostem quer não. Cálicles diz, obviamente, que ela se lança, mais para dar prazer e para fazer agradar os espectadores (Gór., 502b8). É uma mera forma de bajulação (Gór., 502c3). [CaeiroArete:105]
LÉXICO: tragédia