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experiência

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

FILOSOFIA
Martin Buber  : EU E TU

Afirma-se que o homem experiencia o seu mundo. O que isso significa? O homem explora a superfície das coisas e as experiencia. Ele adquire delas um saber sobre a sua natureza e sua constituição, isto é, uma experiência. Ele experiencia o que é próprio às coisas.

Porém, o homem não se aproxima do mundo somente através de experiências.

Estas lhe apresentam apenas um mundo constituído por Isso, Isso e Isso, de Ele, Ele e Ela, de Ela e Isso.

Eu experiencio alguma coisa.

Se acrescentarmos experiências internas às externas, nada será alterado, de acordo com uma fugaz distinção que provém do anseio do gênero humano em tornar menos agudo o mistério da morte. Coisas internas, coisas externas, coisas entre coisas!

Eu experiencio uma coisa.

E, por outro lado, se acrescentarmos experiências "secretas" às experiências "manifestas", nada será alterado de acordo com aquela sabedoria autoconfiante que apreende nas coisas um compartimento fechado, reservado aos iniciados cuja chave ela possui. Oh! Mistério sem segredo. Oh! Amontoado de informações! Isso, Isso, Isso!
O experimentador não participa do mundo: a experiência se realiza "nele" e não entre ele e o mundo.

O mundo não toma parte da experiência.

Ele se deixa experienciar, mas ele nada tem a ver com isso, pois, ele nada faz com isso e nada disso o atinge.
O mundo como experiência diz respeito à palavra-princípio Eu-Isso. A palavra-princípio Eu-Tu fundamenta o mundo da relação.

Sérgio Fernandes: Fernandes Ser Humano - SER HUMANO

Só lhe darei a versão da Experiência Humana que julgo correta: uma estrutura "Estática", que, aliás, afinal, é uma verdadeira "Extática". Nada de "devir", "historicidade", "finitude". O que se pensa que muda é o que se pensa que são "coisas", não só porque estariam contidas por inteiro em cada "agora" — pois o QUE não está?! —, mas também porque poderiam "vir a ser" [sic], "continuar a ser" [sic] ou "deixar de ser o que são" [sic] "ao longo do tempo ou do espaço" [sic]. O que há de ser corrigido drasticamente ao longo da leitura deste livro, é a metafísica quotidiana, implícita no senso comum, aquele "senso" hipnótico que se pensa ter da presença de "coisas" e da presença de "si mesmo" na rotina da vida diária.
Há um sentido vulgar de "experiência" (aqui, sempre com "e" minúsculo), que, apesar de confuso ao extremo, é moeda corrente e até mesmo tido em alta conta por epistemólogos, como se correspondesse a uma noção fundamental (para cientificistas, entenda-se "útil"). Trata-se de um sentido intimamente relacionado ao de "conhecer" (sobretudo no sentido de "apreensão cognitiva"), "explicar", etc. O próprio Kant   fez desse sentido de "experiência" a chave mestra de (quase) todos os seus argumentos. "Experiência de", assim como "consciência de", nas acepções que estou considerando vulgares, são expressões ambíguas. Envolvem o "de" em dois sentidos. Remetem, por um lado, ao objeto, como em "experiência (consciência, conhecimento) de x", "experiência (consciência, conhecimento) de y"; por outro lado, remetem ao sujeito, como em "minha experiência (consciência, meu conhecimento)", "sua experiência (consciência, seu conhecimento)". Vou chamar o primeiro sentido do "de" de sentido "objetivo"; o segundo, de sentido "subjetivo" ou "genitivo". Ora, tal "experiência de", "consciência de", "explicação de", ou... "conhecimento de", só poderiam ter, seja com seus objetos, seja com suas origens ("sujeitos"), relações metodológico-burocráticas e utilitaristas, em geral tratadas superficialmente, mesmo pela Filosofia, como as relações de "fonte", "origem" ou, inversamente, "comprovação" ou "teste". (Na verdade, nem mesmo aquilo que eu chamo de autêntica Experiencia Criadora tem tais relações com o conhecimento. Vide CREATIO EX NIHILO)


GURDJIEFF   Bennett: THE DRAMATIC UNIVERSE — Bennett Experientia - EXPERIÊNCIA