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chrisma

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  
Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. (1Jo 2:20)

E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei. (1Jo 2:27)


Excertos de "Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento  ", de Coenen & Brown

No pensamento antigo vários tipos de óleo de unção (elaion) podem penetrar profundamente no corpo e dar-lhe forças, saúde, beleza e até alegria. Assim desde um período bem antigo a ideia de ungir já alcançara um sentido simbólico e religioso. Ungir no sentido literal, não figurativo, é expresso no NT por aleipho, enquanto chriô e chrisma se empregam exclusivamente no sentido religioso e simbólico.

Segundo João o chrisma é o SE - Espírito da Verdade que dá aos cristãos (ungidos pelo Ungido) o poder de compreensão, que os dispensa de qualquer mestre que não seja o próprio Cristo em cada um.


Perenialistas Roberto Pla  : breve 8868 Dizer “ungido”, é dizer o Cristo oculto - Cristo “oculto”, interior, que como “pedra”, como rocha - rocha antiga que já era antes da Criação, é o fundamento de tudo. Por isso esteve com escada de Jacó - Jacó, o qual conseguiu que sua alma “repousasse” nela; esteve em Isaías, pois este recebeu a unção ou presença que o permitiu abrir logo as portas à contemplação de sua Glória; esteve com Jesus para lhe revelar a hora fixada para proclamar o Evangelho; e chega a nós para que mediante a fé sejamos ungidos para a “presença” de Deus.

Em todos os casos, o Cristo de Deus é sempre o mesmo posto que é eterno, sem tempo. Cristo é a pedra ungida, Bethel - Bet-El, a porta do céu; mas a unção é nova em cada alma: quando chega o SE - Espírito do Senhor, em forma de pomba, embora invisível, como um odor, é unção que descobre a “presença” do Cristo oculto - Cristo “oculto” e opera como trânsito para a “vinda” (vide Vinda do Filho do Homem - VINDA DO FILHO DO HOMEM).

breve 8905
O salmista o explica (vide Pomba): “Como um unguento fino na cabeça”, e o aedo de Salomão o vê poeticamente como uma canção para o Ungido - ungido: “A pomba voou sobre a cabeça de nosso Senhor Messias, porque Ele era para ela a cabeça. Ela cantou sobre Ele e se ouviu sua voz”.

O SE - Espírito que “vem” cobre primeiro com sua sombra, com sua presença, para que o unguento de Vida empape a alma e deixe acabado, ultrapassado, dia a dia, os condicionamentos separativos que ainda ficam aderidos a ela.

Só quando a alma se faz pneuma - espírito, essência de si mesma — o qual foi cantado pela tradição como a bodas - boda mística —, é possível que a unção do pneuma - espírito com o SE - Espírito se consume. Enquanto isso chega, aí está a presença, como uma sombra preexistente, como a “nuvem”, que não é trevas senão luz atenuada que aponta o caminho do dia.

Convém saber que a sombra, ainda que fixa e fiel, “só conhece quando é conhecida”. Ainda que more em cada um, como semente que foi plantada o primeiro dia, exige, para manifestar sua presença, ser “conhecida” previamente, cada dia, cada hora, de instante em instante. Isto quer dizer que há que estar nepsis - vigilante, atento sempre, para recordar que está aí, para contemplá-la e receber dela a alegria inefável de comprovar “que o Ser é”, eternamente, desde antes que o mundo fosse.

E isto há de ser assim até que a “nuvem”, vazia, se desvaneça, se resolva em SE - Espírito. Então será possível dizer, como no velho texto testamentário que evocou Jesus: “O SE - Espírito do Senhor sobre mim porque me ungiu”.