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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Cristologia
Evangelhos   Canônicos: AQUELES DIAS


Perenialistas Roberto Pla  : breve 67503

A tribulação (gr. thlipsis), da qual aqui se fala (AQUELES DIAS) é esta sofrimento voluntário - morte voluntária a qual o eklektos - eleito deverá entregar-se com gozo antes de “ver” ao Filho do homem. Este é um mistério que alguns místicos experimentaram e que os evangelhos mencionam em vários pontos.

A doutrina da “tribulação” foi esboçada de forma incompleta, em linguagem de Oráculo, pelos profetas de Israel, com a única diferença com respeito à revelação cristã, que designa a tribulação como precedente do Dia de YHWH e não do Dias do Filho do Homem - Dia do Filho do Homem: “Próximo está o grande dia de YHWH, próximo, a toda pressa vem” (Sofonias 1,14ss). Claro que o Oráculo do profeta Sofonias, no qual Deus aparece como guerreiro é uma manifestação terrível, motivo pelo qual a teologia eclesiástica não admite a identificação deste Dia com o do Filho do Homem descrito por Marcos em sua parábola (AQUELES DIAS), mas na verdade, o único que varia é a cenografia simbólica do relato, cuja identidade real se revela quando o profeta diz: “Dia de ira o dia aquele, dia de angústia e de aperto” (Sofonias 1,15).

Em termos parecidos se expressa o profeta Joel quando diz que o “Dia de YHWH está próximo” (Jl 2,1). Muitas das “tribulações” ali mencionadas foram adotadas muito literalmente para a parábola de Marcos.

De qualquer maneira, a mais bela e direta “volta ao oculto” da parábola de Marcos a proporciona o quarto evangelho na passagem na qual Jesus, o Cristo manifesto e Cristo oculto - oculto ao mesmo tempo, explica a seus discípulo, que com seus olhos corporais, o veem, a proximidade temporal de seu Dia, de sua Vinda neles, quer dizer, que pronto vão vê-lo “em espírito”. “Dentro em pouco — diz — já não me vereis (não verão ao Cristo manifesto em Jesus), e pouco depois me voltareis a ver (ao Cristo oculto, revelado neles como Filho do homem em seu dia)” (Jo 16,16).

O quarto evangelista explica os motivos de lype - tristeza, quer dizer, de tribulação, e não deixa de comparar “esses dias”, tal como o faz Marcos no capítulo 13, com a mulher com dores de parto, a qual já não se dá conta logo do aperto, aflição (thlipsis) que passou, “pelo gozo de que nasceu um homem no mundo” (Jo 16,21).

O homem que “nasce no mundo” (embora venha de acima) após a tribulação, é o Filho do homem, quer dizer, esse é seu Dia, e desde então, os discípulos, ou melhor todos os que passarem pela tribulação, não necessitarão que se lhes “traduza” o verdadeiro sentido “daquele Dia” em uma linguagem compreensível para a mente - mente humana, quer dizer, “em parábola”. Quem os falará então diretamente, com toda claridade, será o Filho do homem, seu Dia, com o qual se fizeram idênticos e cuja mensagem interior possuem.

A formosa passagem joanica termina com estas palavras: “No mundo tereis tribulação; mas ânimo! eu venci ao mundo”.