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quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

MARTIN HEIDEGGER  : SER E TEMPO

Segundo Jean Greisch  , é preciso precisar o estatuto mesmo da questão, a maneira pela qual ela se coloca realmente. Só uma análise fenomenológica do questionamento pode aqui nos fazer avançar. Desde 1919, Heidegger pôs o acento sobre a estrutura intencional específica do «vivido do questionamento» (Frageerlebnis). Mesmo se entretempo sua terminologia tenha mudado — da análise de um vivido passou-se à análise de um comportamento (Verhalten) — a exigência de uma análise fenomenológica, quer dizer intencional, permanece. Aos olhos do fenomenólogo, o comportamento questionante no domínio da investigação teórica demonstra possuir uma tripla dimensão intencional.

Enquanto comportamento intencional de um sujeito, toda questão está em busca de algo, ela inquire de (Fragen nach) algo. As questões não caem do céu, elas são motivadas ou disparadas por um questionado (Gefragtes). Por outro lado, a questão se coloca sobre algo, um domínio que se interroga, (Befragtes: o interrogado) junto ao qual se inquire (Anfragen bei). Assim por exemplo, uma questão de biologia se inquire junto ao ente vivo, a fim de aí encontrar um resposta. Enfim, não é senão pela efetuação concreta do questionamento, pela experiência viva da questão, que esta se transforma para alcançar sua meta, aí onde ela queria vir realmente, seu intentado (Erfragtes: o demandado).

A esta estrutura, já complexa, é preciso adicionar uma outra distinção, ela também fenomenológica, entre dois estilos de questionamento. Por um lado um questionamento «irrefletido», quer dizer sem consciência verdadeira do problema. É o Nur-so-hinfragen que Martineau traduz muito fracamente por «simples informação» e François_Vezin - Vezin mais justamente por «simples questão para ver». A este questionar, que não sabe onde quer vir, é preciso opôr uma «posição de questão explícita», quer dizer uma interrogação ligada a uma problemática.