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Dhamma

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Tradições da Índia
Lilian Silburn  : Le bouddhisme
Em contraste com os religiosos que pretendem ter alcançado o conhecimento sobrenatural por ouvir dizer graças ao ensinamento dos Veda  , ou pela fé, ou ainda pelo raciocínio e a investigação, o Buda proclama:

Pertenço a estes religiosos e brâmanes   que compreenderam plenamente, unicamente por si mesmos, experiências (dhamma) ainda desconhecidas e alcançaram aqui e agora a excelência quanto à conduta pura e ao Conhecimento sobrenatural.

Este dhamma, precisemos, «o tocou de todo seu ser (kaya) pelo coração, realizado na interioridade (paccatam), aparte de toda crença, inclinação, conhecimento por ouvir-dizer, opinião, reflexão».

Depois de tê-lo «tocado», o Buda ensinou o dhamma. Este dhamma não é um saber, mas uma experiência, a experiência da Realidade. Como o declara: «Ensinei o perfeito, o intemporal e o imediato (sanditthika)», quer dizer o muito visível, o atual.

Compreender a palavra dhamma (dharma em sânscrito) seria tudo compreender do budismo pois dele é a palavra-chave. Termo genérico que engloba toda experiência possui uma quádrupla significação da qual é essencial de apreender a unidade. Com efeito designa ao mesmo tempo a Realidade absoluta, a visão intuitiva que o Buda teve, o ensinamento da Doutrina, os dados da experiência, quer dizer as coisas «tais quais são», desprovidas de toda alteração conceitual, mas também estas mesmas coisas percebidas em seu agenciamento pelo ignorante que perturba o desejo.

Que a palavra seja a mesma para estes diversos níveis de experiência, é isso a «Doutrina».

Se esta identidade é difícil a apreender, é ela também que elimina todos os problemas trbalhando, ao nível da linguagem, a tendência separadora e objetivante do pensamento.

Dharma designa ao mesmo tempo o suporte o suportado, aí onde fundem realidade, conhecimento da realidade e prática, onde se unem o particular e o absoluto no momento mesmo do conhecimento que dele é tomado. Qualquer que seja o nível, é sempre uma única e mesma «coisa», inapreensível e evidente, fundamento e fenômeno, que se encontra desde que cess a ilusão da permanência e aquela do eu.

Os dhamma aparecem logo como dados, experiências ou fenômenos descontínuos no tempo e no espaço, a margem de todo dogma e noção forjados pelo pensamento. Com efeito, nada de agente mas atos, nada de igneidade mas de fogo, um fogo real e eficiente. Eis o que o Buda não cansa de repetir:

Proclamei, disse ele, como convém e tornei manifestas as experiências (dhamma) desprovidas de todo encobrimento.